Capítulo 20 – A Eternidade nas Estrelas

Auron atravessava o horizonte, o ser de luz ao seu lado, conduzindo-o por uma estrada que parecia existir além do tempo e espaço. A vastidão ao redor não era apenas o mundo físico, mas um reflexo de algo muito maior — um ciclo cósmico que se desdobrava em camadas invisíveis. O chão sob suas patas não era terra; era feito de estrelas, de constelações que formavam uma estrada brilhante em direção ao desconhecido.

Enquanto caminhavam, as estrelas começaram a se mover, girando lentamente ao redor de Auron, como se fossem espíritos antigos, observando e saudando sua chegada. O vento soprava suave e sereno, como o sussurro de um segredo esquecido há eras. Ele sabia que estava prestes a compreender algo que ultrapassava tudo o que conhecia.

O ser de luz, sempre presente, virou-se para Auron, sua voz ecoando através do vazio.

— A jornada que você trilha, Guardião das Estrelas, não tem fim. O ciclo nunca para, e sua essência agora faz parte de algo eterno. O que você viu até agora é apenas o começo.

Auron ouviu em silêncio, sentindo cada palavra ressoar profundamente em seu ser. Ele já não era apenas um lobo, não era mais o solitário que vagava pela floresta, buscando respostas. Agora ele era um com as estrelas, com o próprio ciclo que regia a vida e a morte, o nascer e o pôr do sol.

Enquanto eles continuavam a caminhar, uma visão se formou diante dele. No vasto horizonte de estrelas, Auron viu a terra abaixo, sua floresta, as montanhas, os rios, e as gerações de lobos que continuavam a uivar para a lua. Cada som de uivo ecoava pelas estrelas, como uma melodia antiga que nunca perderia sua força.

Ele percebeu que, mesmo longe, ele nunca havia deixado realmente a terra. Ele era parte de tudo aquilo. A ligação entre o céu e a terra. O guardião que transcenderia o tempo e o espaço, sempre presente em cada uivo, em cada folha que caía, em cada ciclo que se renovava.

O ser de luz estendeu a mão e, com um movimento sutil, revelou algo ainda mais profundo: a lua, tão distante e solitária, refletia no céu estelar. Ela o observava. Ele podia sentir a conexão entre eles, uma linha invisível que unia seus destinos, não mais como amantes separados, mas como partes do mesmo ciclo eterno.

— Você e a lua estão ligados pelo mesmo fio da existência, — disse o ser de luz.

— Ela também faz parte desse ciclo, assim como você. Mas não se engane, Auron. O ciclo não é de dependência, mas de harmonia. Vocês são dois lados da mesma moeda, ambos necessários para que o equilíbrio continue.

Auron olhou para a lua, seus olhos brilhando como nunca antes. Não havia mais dor, não havia mais saudade ou desejo insaciável. Ele compreendia, finalmente, que o amor entre ele e a lua era eterno, mas não era um amor que exigia presença física. Era um amor que existia no pulsar de cada estrela, no movimento de cada ciclo que mantinha o universo em equilíbrio.

— Eu entendo, — Auron disse suavemente, suas palavras carregadas de aceitação.

— Eu sou parte de tudo isso. A lua e eu, juntos, mas separados, sempre conectados pelo ciclo.

O ser de luz assentiu, sua figura começando a brilhar mais intensamente, como se estivesse se preparando para partir.

— Agora você vê, — disse ele.

— O ciclo é eterno, e você, Guardião, será sua testemunha e seu guia. Mas lembre-se, a eternidade não é um fardo, mas uma bênção. Você verá muitos nasceres e pores do sol, muitos inícios e fins. E em cada um, verá a beleza do ciclo que continua.

Com essas palavras, o ser de luz começou a se dissolver, suas partículas se misturando às estrelas ao redor. Auron permaneceu parado, observando o horizonte. Ele estava sozinho agora, mas sentia-se mais completo do que jamais se sentira.

Ele ergueu a cabeça, e pela última vez, uivou para a lua. Não era um uivo de tristeza ou saudade, mas um uivo de compreensão, de amor eterno, de aceitação do ciclo que ele agora guardava.

A lua brilhava intensamente, e por um breve momento, Auron sentiu que ela respondia ao seu chamado. A luz dela parecia mais quente, mais próxima, como se o saudasse, como se reconhecesse que ele finalmente compreendia o verdadeiro significado de sua conexão.

E assim, com o uivo ainda ecoando nas estrelas, Auron deu o último passo em sua jornada. Ele se uniu às estrelas, à luz, ao ciclo eterno. Seu espírito se tornou um com o cosmos, e mesmo que seu corpo não estivesse mais na terra, ele estaria presente em cada nascer e pôr da lua, em cada uivo que ecoasse pelas montanhas e vales.

A eternidade havia o acolhido, e Auron, o Guardião das Estrelas, era agora uma parte do ciclo que nunca termina, mas sempre se renova.

E assim, o lobo branco encontrou seu lugar no céu, onde ele e a lua sempre estariam conectados, não pela proximidade, mas pela infinidade do ciclo que ambos guardavam. O amor que eles compartilhavam não era mais uma busca, mas uma verdade eterna que brilhava em cada estrela.

E, para sempre, os lobos da terra continuariam a uivar, seus sons ecoando pela vastidão, lembrando-se daquele que transcendeu o tempo para proteger o ciclo das estrelas e da lua.

O ciclo continuava.

E Auron, o Guardião, estava finalmente em paz.

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Fim

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