Capítulo 11 – A Revelação dos Ciclos

Na aurora de uma nova era, a alcateia caminhava lado a lado com seu líder, Auron, que agora carregava o equilíbrio entre luz e escuridão. Contudo, apesar da harmonia temporária, algo mais profundo começava a se desenrolar. A aceitação da sombra havia sido apenas o início de um ciclo maior, que Auron ainda não compreendia completamente.

Nas noites que se seguiram, a lua começou a mudar, cada vez mais distante, como se estivesse perdendo seu brilho usual. Os lobos uivavam, buscando reconectar-se com sua luz, mas o chamado parecia mais fraco a cada noite.

Auron, inquieto, subiu a montanha novamente, em busca de respostas. Ele sabia que a lua tinha algo a revelar, algo além do que já havia descoberto. Quando chegou ao topo, o céu estava nublado, e a luz da lua lutava para penetrar a escuridão das nuvens pesadas.

Ele sentou-se, observando o céu carregado, e aguardou pacientemente, até que uma voz familiar o chamou.

— Auron… você acha que nossa jornada termina aqui?

Era a voz da lua, mas havia algo diferente. Uma nota de tristeza, uma melancolia que ele não havia sentido antes.

— Lua, o que está acontecendo? Sinto sua presença mais distante a cada noite, como se estivesse se afastando de nós. — Auron falou em um tom de preocupação.

A lua suspirou, e um vento suave começou a soprar pela montanha, como se tentasse confortá-lo.

— O ciclo que você iniciou não é apenas o seu, Auron. É um ciclo que afeta todas as criaturas, todas as forças que regem este mundo. A escuridão que você aceitou é parte de algo muito maior do que imaginava. E agora, a luz deve recuar para dar espaço ao próximo ciclo.

Auron sentiu um aperto no peito. O que isso significava? A lua, que sempre esteve com eles, agora estava prestes a desaparecer?

— E o que acontecerá conosco? — ele perguntou, sua voz firme, mas seu coração cheio de dúvidas.

— O equilíbrio, Auron, não pode ser mantido indefinidamente. O ciclo precisa ser completo, e isso significa que a luz e a sombra devem alternar-se, tal como a noite e o dia.

— Vocês viverão momentos de escuridão total, onde apenas a sombra reinará. Será uma prova para a alcateia, para você e para todos os que compartilham esse mundo. Mas lembre-se: a luz sempre retorna, mesmo após a mais profunda escuridão.

A revelação trouxe uma nova camada de compreensão para Auron. O equilíbrio não era uma vitória permanente; era algo frágil, que necessitava de renovação contínua. E agora, o próximo ciclo traria uma escuridão como ele jamais havia enfrentado.

— Quanto tempo teremos até que a escuridão venha? — ele perguntou, sabendo que o tempo não estava ao seu favor.

— O tempo da luz está acabando. Vocês devem se preparar, não com armas ou força bruta, mas com resiliência e união. Só assim sobreviverão à longa noite que está por vir.

O céu escureceu completamente, e a lua sumiu atrás das nuvens, como se estivesse dando sua despedida silenciosa. Auron permaneceu em silêncio, assimilando o peso da verdade. Ele sabia que a alcateia precisaria ser mais forte do que nunca para resistir à escuridão que se aproximava, não apenas fisicamente, mas emocionalmente, espiritualmente.

Ele desceu a montanha na manhã seguinte com um novo fardo. O tempo da luz estava se esgotando, e a alcateia precisaria se unir de maneiras que nunca imaginou possíveis. Enquanto caminhava de volta à floresta, sentia a sombra dentro de si mais presente, mais poderosa, como se estivesse esperando o momento certo para tomar controle.

Quando Auron chegou à clareira, convocou a alcateia mais uma vez. Os lobos reuniram-se ao redor de seu líder, e ele compartilhou o que a lua havia revelado.

— A escuridão está vindo, ele começou, sua voz firme, mas carregada de uma gravidade que todos sentiram.

— Mas nós não devemos temê-la. Ela faz parte do ciclo que rege este mundo, assim como a luz. O que precisamos agora é nos preparar para sobreviver a essa longa noite.

Os lobos trocaram olhares, inseguros. Muitos nunca tinham imaginado um mundo sem a luz da lua. Mas eles confiavam em Auron, e sabiam que, se ele os guiava, haveria esperança.

— Durante a escuridão, não haverá lua para guiar nossos caminhos, — continuou ele.

— Mas o vínculo que temos uns com os outros será nossa força. Não será fácil. Muitos de nós serão testados de maneiras que não imaginamos, mas enquanto estivermos unidos, podemos superar qualquer coisa.

O uivo da alcateia ecoou na noite crescente. Era um som de determinação, não de medo. Eles estavam prontos para enfrentar o que viria, pois sabiam que, mesmo na escuridão, havia sempre uma promessa de luz à frente.

Auron olhou para o céu, agora vazio, sem o brilho da lua, e sentiu a escuridão crescer ao redor deles. Ele sabia que essa noite marcava o início de algo muito maior do que ele jamais havia imaginado. A longa noite estava para começar, e eles estariam prontos para enfrentá-la.

Mas algo, lá no fundo, lhe dizia que a escuridão não seria a única prova que enfrentariam. Um novo mistério se desenhava, algo além da escuridão e da luz, algo que esperava por ele, oculto, nas profundezas do ciclo eterno.

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