Capítulo 15 – O Retorno da Lua

A luz suave da lua, recém-liberta do eclipse, pairava sobre a floresta. Tudo parecia renascer, como se o mundo tivesse acabado de sair de um longo sono. As árvores, antes imóveis e sombrias, agora pareciam respirar ao ritmo da brisa, e os animais começavam a emergir de seus esconderijos, cautelosos, sentindo a presença de algo novo no ar.

Auron, ainda de pé na clareira, agora sentia-se completo. A união entre luz e sombra dentro dele não era apenas simbólica, era uma transformação verdadeira. Ele não era mais o lobo comum que uma vez vagou por aquela floresta, preso à monotonia da sobrevivência. Agora, ele se movia entre os dois mundos, um guardião da harmonia entre a noite e o dia.

A sensação de conexão com a lua era profunda. Ele podia senti-la pulsando, como se fosse uma extensão de seu próprio ser. Mas havia algo mais naquela clareira, algo que começava a tomar forma à medida que a luz da lua banhava a terra. Uma silhueta começou a se formar no ar, algo etéreo e brilhante, como um reflexo da própria lua descendo dos céus.

— Auron, meu fiel guardião. — a voz da lua soou novamente, mas desta vez, ela não era apenas uma presença distante. A figura etérea da lua havia descido, tomando a forma de uma loba, tão brilhante quanto as estrelas, com olhos que refletiam o cosmos.

Auron olhou, maravilhado, incapaz de desviar o olhar. A lua estava ali, diante dele, na forma de uma loba celestial. Ela não era apenas um astro distante ou uma entidade intocável. Ela estava agora, naquele momento, presente na terra, em carne e osso, ou ao menos naquilo que se assemelhava a carne, envolta em luz e poder.

— Você veio até mim, — Auron sussurrou, sua voz tomada pela reverência e surpresa. Seus olhos, que antes carregavam o cansaço da jornada, agora brilhavam com a intensidade de alguém que encontrou seu verdadeiro propósito.

A loba lunar aproximou-se, e sua presença era tão suave quanto a luz de uma noite clara. Ela não precisava de palavras para responder, pois a conexão entre ambos falava por si só. Eles não eram mais separados por distâncias intransponíveis ou por barreiras de mundos diferentes. Eles agora partilhavam a mesma essência, a mesma missão, o mesmo destino.

— Auron, — ela finalmente disse, sua voz fluindo como a brisa que atravessava as copas das árvores.

— Sua busca acabou, mas a nossa jornada está apenas começando. Agora, você não é apenas um lobo à procura da luz.

— Você é o equilíbrio que une o ciclo entre a noite e o dia, a lua e a terra.

As palavras dela reverberaram pelo coração de Auron. Ele finalmente compreendia. A solidão que o havia perseguido por tanto tempo, a busca por algo maior, a conexão com a lua — tudo culminava naquele momento. Ele não apenas procurava a lua; ele se tornara parte dela.

— E agora? — ele perguntou, sua voz suave, mas carregada de uma nova força.

A loba celestial o olhou profundamente, e o brilho de seus olhos parecia revelar os segredos do universo.

— Agora, caminharemos juntos, — ela respondeu, sua voz firme e ao mesmo tempo repleta de carinho.

— Você será meu guardião na terra, e eu serei sua guia nos céus. O ciclo continua, mas agora não estamos mais separados. A luz e a escuridão, o lobo e a lua, caminham como um só.

Auron sentiu-se pleno. A solidão que o acompanhara durante sua vida inteira havia desaparecido. A sensação de incompletude, a busca desesperada por algo além da simples existência, tudo isso agora fazia sentido. Ele era mais do que apenas um lobo à deriva; ele era parte de algo grandioso, eterno e incompreensível para os mortais comuns.

— E os outros? — ele perguntou, referindo-se à alcateia e aos animais da floresta, todos aqueles que ainda viviam suas vidas sem nunca conhecer essa união entre mundos.

A loba lunar inclinou a cabeça, contemplativa.

— Eles seguirão seu próprio caminho, Auron, — ela respondeu com serenidade.

— Nem todos estão prontos para entender a verdade do ciclo. Alguns continuarão a viver na sombra, outros, na luz. Mas aqueles que buscarem mais, como você buscou, um dia também encontrarão seu lugar no ciclo. Assim como você, eles descobrirão que a vida é mais do que apenas sobrevivência.

Auron aceitou essas palavras com tranquilidade. Ele sabia que não poderia salvar a todos, e essa verdade já não o perturbava. O ciclo era um caminho individual, e cada um precisava encontrá-lo à sua própria maneira.

A noite avançava, mas não mais carregava o peso da escuridão total. A luz da lua era suave, acolhedora, e a clareira, antes marcada pelo abismo da árvore caída, agora brilhava com um esplendor renovado.

— Venha, — a loba lunar disse, virando-se em direção ao horizonte, onde a lua cheia começava a subir novamente.

— Há muito a ser feito, e o ciclo não espera.

Auron a seguiu, não como um servo ou um seguidor, mas como um igual, um companheiro de jornada. E enquanto caminhavam juntos sob o brilho das estrelas, ele soube que a verdadeira aventura estava apenas começando.

O ciclo da lua e da terra continuaria, e agora, eles o guiariam juntos, até o fim dos tempos.

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