Capítulo 19 – O Chamado do Horizonte

A floresta estava desperta, reverberando com o eco dos uivos que ainda pairavam no ar. A presença de Auron como o emissário celestial havia sido aceita, e agora ele carregava não apenas o fardo do conhecimento, mas o poder das estrelas dentro de si. Os lobos que o seguiram sentiam essa energia, como se estivessem conectados a algo muito maior, a um propósito que transcendia suas existências terrenas.

Enquanto a noite se aprofundava, Auron sentiu um novo chamado. Não era apenas o eco das estrelas, mas algo diferente, algo vindo de muito além do que ele havia conhecido até então. O horizonte – a linha onde o céu e a terra se encontravam – parecia pulsar, chamando-o com uma urgência silenciosa.

A loba lunar, sempre ao seu lado, percebeu a mudança nele. O olhar de Auron estava fixo no horizonte, e seus olhos brilhavam com uma intensidade nova, como se algo invisível estivesse puxando-o para um destino ainda desconhecido.

— Você sente isso, não sente? — ela perguntou, sua voz baixa e reverente.

— O ciclo ainda tem mais para lhe mostrar. O horizonte guarda segredos que até as estrelas ainda não revelaram.

Auron assentiu lentamente, seu corpo inteiro alerta para o que estava por vir. Ele havia sido tocado pelas estrelas, mas agora sentia que havia algo mais, algo que precisava ser descoberto além dos limites da floresta, além do mundo que ele conhecia.

— Eu preciso ir, — disse Auron finalmente, sentindo o peso da decisão.

— Há algo lá fora, algo que me chama. E eu não posso ignorar.

A loba lunar olhou para ele com um misto de compreensão e tristeza. Ela sabia que o destino de Auron sempre o levaria para longe, para além do que os olhos podiam ver.

— Eu sei, — ela respondeu suavemente.

— O horizonte sempre chama aqueles que estão destinados a buscar além do conhecido. Mas lembre-se: o ciclo não termina. Ele se expande. Você será guiado, mesmo nas sombras.

Auron olhou para a lua, que estava alta no céu, iluminando o caminho que ele deveria seguir. Era hora de partir, de cruzar os limites da floresta e descobrir o que havia do outro lado. Os lobos que o seguiram observaram em silêncio, percebendo que algo estava mudando novamente. Eles não o seguiriam desta vez. Esta era uma jornada que Auron precisava fazer sozinho.

Sem hesitar, ele começou a caminhar, seus passos firmes e decididos, guiados por aquela força invisível que o chamava. A floresta parecia se curvar à sua passagem, como se o próprio ambiente soubesse que seu protetor estava partindo para algo maior.

Conforme ele se aproximava do limite da floresta, onde as árvores densas davam lugar às planícies abertas, o ar mudava. O vento carregava um sussurro distante, uma promessa de algo grandioso, mas também incerto. Auron parou brevemente, olhando para trás pela última vez, observando a floresta que fora seu lar e seu mundo por tanto tempo. Mas ele sabia que aquele não era mais o seu lugar. Seu coração estava agora além do horizonte.

A primeira luz da aurora começou a tingir o céu, e Auron, com os olhos fixos no horizonte, deu o último passo para fora da floresta. O chão sob suas patas mudou, sentia-se diferente, como se estivesse pisando em um terreno sagrado, carregado com a energia de tudo o que o aguardava.

A imensidão das planícies se estendia à sua frente, uma vastidão que parecia infinita. O horizonte parecia se mover à medida que ele avançava, sempre um passo à frente, sempre o chamando para continuar.

Enquanto ele caminhava, uma figura se formou à distância. Era indistinta à primeira vista, mas à medida que ele se aproximava, percebeu que não estava sozinho. Uma presença antiga e imponente o aguardava. Era um ser feito de pura luz, um reflexo do tribunal estelar, mas ainda mais poderoso, mais enigmático.

— Você finalmente chegou, — disse a voz, ecoando dentro da mente de Auron como se falasse através do próprio tempo.

— O ciclo que você protege não é apenas da terra, não é apenas da floresta. Ele é muito mais vasto, e você foi escolhido para atravessá-lo.

Auron não sentiu medo, mas uma profunda curiosidade e um senso de dever. Ele sabia que sua jornada não acabava ali. O horizonte que ele tanto ansiava cruzar era apenas o próximo passo, o próximo ciclo em uma jornada eterna. As estrelas o haviam guiado até aquele ponto, e agora, ele estava prestes a descobrir o que existia além dos céus que conhecia.

— Eu estou pronto, — Auron disse, sua voz firme, mas carregada com o peso da responsabilidade.

— O ciclo me trouxe até aqui, e eu aceitarei o que quer que venha a seguir.

O ser de luz sorriu, ou pelo menos Auron assim interpretou, e estendeu uma mão de pura energia para ele.

— Então venha, Guardião das Estrelas. O próximo ciclo o aguarda. O horizonte é apenas o começo.

Com um último olhar para a lua que ainda pairava no céu distante, Auron deu o primeiro passo para o desconhecido, com o coração aberto e as estrelas brilhando dentro dele. O ciclo nunca termina; ele apenas se transforma.

E com isso, o horizonte, tão distante e misterioso, se revelou diante de Auron como uma nova estrada, onde luz e escuridão se encontrariam mais uma vez.

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