Capítulo 17 – O Tribunal das Estrelas

Auron e a loba lunar caminharam lado a lado, deixando para trás a floresta agora iluminada pela lua cheia e pelas estrelas vibrantes. A jornada parecia transcender o espaço, pois, à medida que avançavam, o ambiente ao redor se tornava menos terrestre, e o céu se alargava acima de suas cabeças, como um manto vivo. As estrelas, antes distantes, agora pareciam estar ao alcance de suas patas.

Cada passo os levava para mais perto de um reino celestial, uma dimensão onde o tempo não seguia as mesmas regras. Auron sentia o peso de uma nova responsabilidade sobre seus ombros, como se o destino o estivesse preparando para algo grandioso, mas ainda misterioso. A conexão com as estrelas pulsava mais forte dentro dele, guiando seus movimentos.

— Estamos próximos, Auron, — a loba lunar falou, sua voz carregada de uma serenidade quase ancestral.

— O Tribunal das Estrelas está além da compreensão terrena, mas você foi escolhido para ouvi-las, para entender os mistérios que até os deuses guardam em segredo.

Auron olhou para cima, sentindo o chamamento das estrelas em cada fibra de seu ser. O firmamento parecia se abrir, revelando um portal que levava a um plano superior. Luzes brilhantes dançavam ao redor, formando constelações que contavam histórias antigas. Ele sentia a presença do passado e do futuro se entrelaçando naquele instante, como se todas as coisas convergissem para aquele momento.

Assim que cruzaram o limiar entre o mundo terreno e o tribunal celestial, Auron percebeu que estava em um lugar completamente diferente de tudo o que já havia visto. O chão era feito de um material que parecia vidro, mas refletia o brilho das estrelas; acima, não havia céu, apenas um vazio profundo e ao mesmo tempo cheio de energia, como se todas as estrelas estivessem reunidas em um único espaço.

No centro desse vasto vazio, uma imponente estrutura de luz tomava forma. Era o Tribunal das Estrelas, onde as constelações se reuniam para decidir o destino de mundos e seres. Figuras luminescentes flutuavam ao redor da estrutura, seus corpos feitos de pura luz estelar. Cada uma delas representava uma constelação, um arquétipo celestial que guiava os ciclos do universo.

— Bem-vindo ao Tribunal, Auron, — disse uma voz profunda e ressonante, emanando de uma das figuras de luz.

— Nós observamos sua jornada desde os primórdios, e sua chegada aqui era esperada.

— Você se tornou mais do que um lobo da terra. Agora, é um emissário entre os mundos.

Auron respirou fundo, sentindo a magnitude daquela declaração. Ele sempre soube que havia algo além da vida comum, mas nunca imaginou que seu destino o levaria a um tribunal celestial, onde o destino dos mundos era decidido.

— Eu sou apenas um lobo, — Auron disse humildemente, sua voz ecoando na vastidão do lugar.

— Por que eu? Por que me escolheram?

A figura de luz que havia falado deu um passo à frente, suas mãos feitas de pura energia irradiando calor e sabedoria.

— Não há seres comuns no ciclo universal, Auron, — respondeu o ser estelar.

— Cada alma é uma peça importante na teia cósmica. Sua busca pela lua, sua compreensão de que a vida é mais do que sobrevivência, e sua transformação pela união de luz e sombra o tornaram apto para algo maior. Você agora é parte de um equilíbrio que transcende o que você conhecia.

A loba lunar, ao lado de Auron, observava em silêncio, sua presença confortante e sólida. Ela sabia que esse era o momento em que Auron encontraria seu verdadeiro propósito, algo que não podia ser explicado por palavras, mas apenas sentido nas profundezas do ser.

— O que esperam de mim? — Auron perguntou, ainda sentindo o peso da responsabilidade crescer dentro dele.

As estrelas ao redor do tribunal brilharam mais intensamente, como se respondessem em uníssono. O ser de luz estendeu a mão, e uma constelação específica começou a brilhar no céu acima. Era uma constelação de um lobo, com seus olhos voltados para a lua.

— Sua alma está entrelaçada com esta constelação, — disse o ser estelar.

— Ela é um reflexo de quem você é e de quem você está destinado a se tornar. O Tribunal das Estrelas não apenas observa, ele guia os ciclos dos mundos. E agora, você será nosso emissário. A conexão entre os céus e a terra, entre as estrelas e os mortais.

Auron observou a constelação com olhos novos, entendendo o poder que ela simbolizava. Ele agora era parte de algo maior, um representante da luz estelar na terra. Sua missão seria mais profunda do que simplesmente uivar para a lua ou proteger a floresta. Ele seria o elo entre mundos, guiando outros para a verdade que ele havia descoberto.

— Você será o guardião do ciclo, — continuou o ser de luz.

— Quando o equilíbrio entre os mundos for ameaçado, você deverá agir. O ciclo da vida e da morte, da luz e da escuridão, deve ser mantido. Quando houver desarmonia, o chamado das estrelas o guiará, e você saberá o que fazer.

Auron sentiu o poder das palavras, e, ao mesmo tempo, uma sensação de aceitação tomou conta de seu coração. Ele não era mais apenas um lobo perdido em busca de respostas. Agora, ele tinha um propósito claro, uma missão que ultrapassava as fronteiras do seu entendimento anterior.

— E quando chegar a hora, saberei como agir? — ele perguntou, já sentindo a conexão com as estrelas pulsando dentro dele.

A loba lunar finalmente falou, sua voz tão suave quanto o vento noturno.

— Você já sabe, Auron, — ela disse, sua expressão repleta de confiança.

— A luz das estrelas está dentro de você agora. Quando o momento chegar, o ciclo o guiará, assim como guiou sua jornada até aqui. Confie em si mesmo e no chamado que ouvirá.

Auron ergueu a cabeça, olhando para o vasto firmamento, cheio de novas possibilidades e destinos. Ele sabia que o futuro traria desafios, mas também sabia que agora tinha a força das estrelas ao seu lado.

O Tribunal das Estrelas começou a se dissipar em luz, as figuras etéreas voltando às suas constelações, enquanto Auron sentia seu espírito se expandir. Ele estava pronto para sua nova missão, para proteger o equilíbrio entre os mundos e manter o ciclo universal em harmonia.

A jornada estava longe de acabar. Na verdade, ela estava apenas começando.

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