capítulo 2

Capítulo 2 – Ele Observa

A noite caiu como um véu pesado sobre a cidade, mas para Damian, era apenas o início. Ele não dormia como as pessoas comuns — não precisava. O mundo era mais claro para ele nas sombras, onde os segredos respiravam e os olhos distraídos não enxergavam nada além da superfície.

Evelyn dormia.

Ele a via pela lente da câmera instalada do lado de fora da janela do quarto. A respiração lenta. O corpo encolhido sob o cobertor. Mesmo inconsciente, ela parecia inquieta, como se algo dentro dela soubesse que estava sendo observada. Era a beleza da intuição feminina — selvagem, sensível... e inútil contra alguém como ele.

Damian não era apenas um observador. Era um predador.

Pegou o copo de uísque e girou o líquido âmbar devagar. Na outra tela, analisava os arquivos do telefone de Evelyn, clonado há três dias quando esbarrou nela no café da esquina. Havia mensagens com a mãe, com uma amiga chamada Clara, alguns contatos de trabalho — nada demais. Nenhum namorado. Nenhum amante. Só uma Evelyn solitária, mesmo cercada de gente.

— Isso facilita as coisas... — murmurou.

Ela não tinha ideia do que havia começado naquele beco. Quando levantou a câmera e tirou aquela foto do corpo, Evelyn se tornou um risco. Um risco... e uma obsessão. Ele devia tê-la afastado. Ameaçado. Talvez até eliminado. Mas algo o impediu.

Ela era diferente. E ele queria descobrir o porquê.

---

Na manhã seguinte, Evelyn acordou com a sensação de estar sendo vigiada. Um aperto no estômago, como se alguém tivesse invadido seu espaço enquanto dormia. Ignorou o impulso de verificar trancas e câmeras — paranoia era comum depois de presenciar cenas de crime, dizia a si mesma. Levantou, tomou café e decidiu esquecer Damian Costa.

Ele era bonito. Inquietante. Provavelmente um mentiroso perigoso. Mas também... magnético. Evelyn odiava admitir isso, mas o rosto dele voltava à mente mais vezes do que gostaria.

Pegou a câmera e saiu. Precisava respirar, se perder nas ruas da cidade e esquecer o olhar sombrio que a seguiu a noite toda em seus sonhos.

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Damian a observava de longe, dentro de um carro preto com vidros escuros. Viu quando ela saiu do prédio. Sabia para onde ia — mapeou os trajetos preferidos, os cafés que frequentava, as ruas que amava fotografar.

Ela se sentia livre.

E isso o incomodava.

Ele digitou algo em seu celular. Um comando. Um aviso.

Do outro lado da cidade, um homem recebeu a mensagem. Pegou a mochila, abriu o zíper e conferiu a lâmina prateada.

— Sombra ativa. Alvo: aproximação controlada. Nada de contato direto — dizia o texto.

Damian não podia estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Mas tinha olhos por toda parte.

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Evelyn caminhava perto de um prédio abandonado, onde a fachada grafitada criava um contraste perfeito com o céu cinzento. Era o tipo de lugar que ela adorava fotografar. Margens da cidade, beleza esquecida.

Ela tirou algumas fotos, depois parou para revisar as imagens no visor. Estava tão concentrada que não percebeu o vulto atrás dela.

— Bonito, né? — disse uma voz grave, repentina.

Ela se virou bruscamente, o coração acelerado. Um homem baixo, de capuz e olhos fundos a encarava.

— É um prédio, só isso — respondeu seca, tentando manter a calma.

— Mas você viu algo a mais, né? Como na outra noite... no beco.

Ela congelou.

— O que você sabe sobre aquilo?

— O suficiente pra dizer que você devia ficar de boca fechada.

Antes que ela pudesse responder, o homem virou-se e desapareceu na sombra do beco.

Evelyn ficou parada ali por um tempo, o sangue pulsando nas têmporas. Aquilo não era paranoia. Alguém a estava vigiando. E sabia.

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Damian assistiu tudo. Quando o homem se afastou, ele apertou outro botão. No ponto cego da câmera, longe de Evelyn, um segundo homem surgiu. Seguiu o primeiro pela rua lateral.

Seria o último dia dele.

Ninguém assustava Evelyn. Não sem consequência.

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De volta ao estúdio improvisado, Damian imprimiu uma foto recente dela: Evelyn em frente ao prédio grafitado, cabelos soltos ao vento, olhar atento para a cidade como se fosse dona dela.

Ele colou a foto na parede. Era a número 31.

— Você ainda não entende, Evelyn... mas já é minha.

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Comments

Guiomar Morais

Guiomar Morais

Nossa que horror. Começando hoje dia 14/04 as 20:46 mais estou com medo 😱. De continuar kkkkk

2025-04-15

1

Gloria Katia Baffa

Gloria Katia Baffa

Gente homem fez ameaças pra ela.

2025-04-16

0

Sineia Soares

Sineia Soares

Credo fiquei com medo dele

2025-04-15

0

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