Capítulo 8 – Evelyn Investiga
Evelyn não dormiu.
Depois do beijo, depois da confissão, depois de tudo que ouviu e sentiu, voltou para casa em silêncio. O corpo ainda vibrava com o toque de Damian, mas a mente estava em alerta. Algo nela despertara — não apenas desejo, mas desconfiança.
Ela não podia se entregar à escuridão sem entender de que era feita.
Quando o sol começou a nascer, ela já estava com o notebook no colo, mergulhada em um mar de abas abertas, fóruns da deep web, arquivos digitais esquecidos por qualquer jornalista comum. Precisava saber. Precisava ver além do que ele permitia mostrar.
Damian Costa.
Nenhum registro criminal. Nenhuma acusação. Nenhuma ficha policial.
Mas Evelyn era teimosa. Insistiu. E foi fundo.
Encontrou um nome antigo: Damian dos Santos Costa, registrado no interior do Rio, em um hospital que havia sido fechado há mais de uma década. Depois, sumiu. O sobrenome passou a constar apenas em registros financeiros, contratos frios, imóveis comprados por empresas de fachada.
— Então você se escondeu de si mesmo... — murmurou.
Em uma pasta online esquecida, ligada a um antigo jornalista investigativo morto em um "acidente doméstico", Evelyn achou o que procurava.
Um dossiê.
Com o nome de Damian envolvido em uma série de mortes sem solução entre 2010 e 2017. Empresários, políticos, figuras discretas da elite brasileira. Todas as vítimas tinham passados sujos — envolvimento com tráfico de influência, abuso, corrupção.
Damian não era só um assassino.
Ele era uma arma.
Uma ferramenta de limpeza para quem podia pagar caro por silêncio.
Ela fechou os olhos. A cabeça girava. As mãos suavam.
Não sabia se ficava aliviada... ou horrorizada.
Ele matava, sim. Mas havia método. Critério.
Justiça?
Ou só um jogo bem jogado?
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Horas depois, Evelyn saiu com a câmera em mãos e um destino em mente: a casa de uma das vítimas do suposto dossiê. Um político chamado Arnaldo Viegas, morto em circunstâncias estranhas. O caso havia sido abafado, mas Evelyn descobriu o endereço antigo da família — uma mansão agora abandonada nos arredores da cidade.
Ela precisava ver com os próprios olhos.
Quando chegou lá, o portão estava entreaberto. O jardim tomado pelo mato, a fachada descascada, janelas quebradas. Um lugar esquecido por todos, menos por ela.
Entrou.
O cheiro era de abandono e ferrugem. Os degraus rangiam sob seus pés. O silêncio do lugar era espesso, quase sólido. Evelyn subiu até o segundo andar, onde as paredes ainda tinham marcas de tiros — e uma porta trancada, forçada.
Ela fotografou tudo. Cada detalhe. Mas, antes que pudesse explorar mais, ouviu passos no andar de baixo.
Congelou.
Segurou a câmera contra o peito e desceu lentamente, sem fazer barulho.
Na sala, um homem alto mexia em papéis espalhados no chão. Tinha barba grisalha e uma cicatriz que ia do queixo à orelha. Quando a viu, não se assustou. Apenas a encarou como se já soubesse quem ela era.
— Evelyn Ferreira. Eu me perguntava quando você ia aparecer.
— Quem é você? — perguntou ela, com a voz firme.
— Me chamam de César. Eu trabalhei com Hélio Navarro. A mesma organização que treinou Damian.
O nome caiu como um soco.
— Por que está aqui?
— Porque você está cavando coisas que deveriam ficar enterradas. E porque, diferente de Damian, eu não acho que você seja forte o suficiente pra carregar o peso dessas verdades.
— Ele era um assassino da organização, não é?
— Ele era o melhor.
— E agora?
César deu de ombros.
— Agora... é um problema.
Evelyn estreitou os olhos.
— Você veio me matar?
Ele sorriu.
— Ainda não. Mas vou te dar um conselho: fuja. Enquanto ainda pode. O amor dele vem com preço. E não tem devolução.
Antes que ela pudesse responder, César saiu pela porta dos fundos e desapareceu na mata.
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Horas depois, Evelyn estava em casa, revendo as fotos que tirou.
Na última imagem, capturada segundos antes de César notar sua presença, havia uma figura de costas, parada ao fundo da sala. Sombria. Imóvel.
Damian.
Ele estava lá o tempo todo.
Observando.
Testando.
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No alto da cobertura, Damian assistia às gravações de uma microcâmera instalada no casaco de Evelyn. Um dispositivo discreto que ela não havia notado — não ainda.
Viu o momento em que ela entrou na casa. Viu César. Ouviu cada palavra.
— Então eles ainda estão por perto... — disse a si mesmo.
Mas o que mais o incomodava não era César. Era o brilho nos olhos de Evelyn quando ela fazia perguntas. A fome pela verdade. O perigo de saber demais.
Ela estava cruzando uma linha.
E ele teria que decidir:
Contar tudo... ou protegê-la com mais uma mentira.
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À meia-noite, o celular de Evelyn vibrou.
Mensagem de número desconhecido:
|> "Você foi longe demais.
|Isso não é sobre amor.
|É sobre sobrevivência.
|Você está na lista agora."
Evelyn sentiu o corpo gelar.
Damian não enviaria isso.
Não daquele jeito.
A organização estava de volta.
E agora, ela era o novo alvo.
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Atualizado até capítulo 30
Comments
baixinha
sua história linda mais gosto de ver fotos
2025-04-11
1
Gloria Katia Baffa
História cheio de mistérios e amor 💘 💘
2025-04-16
0