Capítulo 18

Estávamos de pé, ainda recebendo olhares desde que entramos, quando Lorenzo se virou levemente para mim, com aquele olhar tranquilo demais para alguém que estava prestes a fazer algo sério.

— Quem foi? — perguntou ele, baixo, sem rodeios. — Quem derrubou o vinho em você?

Eu hesitei por um segundo, mas então disfarçadamente direcionei meu olhar à mesa onde estavam Hugo e toda sua amável família.

— Ali — sussurrei. — Margareth foi quem fez isso. Fingiu que escorregou, mas foi tudo proposital.

Lorenzo acompanhou meu olhar e soltou um leve riso, quase sem humor.

— Que coincidência, Helena... Então você namorou Hugo Xavier? Filho de Ivan Xavier?

Assenti, cruzando os braços.

— Por pouco tempo. Tempo suficiente pra perceber que aquela família não vale absolutamente nada.

Ele me encarou por um instante, sério.

— Se eu te contar que a pessoa que estamos investigando… que talvez tenha sido o mandante do assassinato do seu pai… é justamente Ivan Xavier?

Senti o sangue sumir do meu rosto. Por um segundo, fiquei sem ar.

— Lorenzo, isso não é possível… meu Deus… se eu realmente descobrir que eles acabaram com a minha família… — minha voz falhou. — Eu vou fazer pagar. Todos eles. Um por um.

— Ainda não tenho provas concretas — disse ele, com firmeza — mas tudo aponta para Ivan… e para Moisés Albuquerque.

— Moisés? O pai da Cibele?

— Exatamente. Mas tenha calma. A investigação está quase no fim. Logo saberemos toda a verdade.

Pousei minha mão sobre o braço dele.

— Obrigada, Lorenzo… Você consegue me surpreender a cada dia. Eu jamais pensei que alguém lutaria por mim assim…

Ele me olhou nos olhos. E sorriu.

— Agora, me acompanhe, Helena. Ninguém humilha minha mulher e sai impune.

— Lorenzo… o que você vai fazer?

— Nada demais, amore mio. Confia em mim.

Segui ao lado dele. De cabeça erguida. Sabia que algo estava por vir, mas com Lorenzo, sempre vinha com elegância... e uma pitada de ameaça velada.

Quando nos aproximamos da mesa da família Xavier, Ivan foi o primeiro a perceber.

— Lorenzo Morette! Boa noite! É um prazer tê-lo aqui no Brasil! — disse, tentando esconder a tensão que já se instalava.

— Boa noite, Ivan — respondeu Lorenzo com aquele tom cortês que só piorava a tensão.

Ele parou justamente ao lado de Margareth. Levantou sua taça de vinho, observou o líquido, girou calmamente e... de forma tão natural quanto calculada… inclinou a taça até o vinho vermelho escorrer e se derramar inteiramente sobre o vestido cor creme dela.

Margareth gritou, se levantando abruptamente, os olhos arregalados de indignação.

— Mas o que é isso? Está louco?!

Lorenzo sequer piscou.

— Me desculpe. Acho que estraguei seu vestido… e talvez sua noite.

— Eu… eu ia acompanhar meu marido até a frente quando ele fosse palestrar… — balbuciou ela, tentando limpar a mancha enorme.

— Pois então, aconteceu exatamente o mesmo com minha noiva , Helena — disse Lorenzo, virando-se para todos à mesa. — Só que pra nós, isso não foi problema. Passamos numa boutique e, em poucos minutos, ela estava ainda mais linda, com um vestido ainda mais caro e glamouroso que o anterior.

O silêncio foi total. Todos ali estavam paralisados. Até que Cibele arregalou os olhos.

— Noiva ? Quer dizer que… Helena é sua noiva ?

Lorenzo sorriu, com aquele ar perigoso.

— Sim. Helena é minha noiva. E como noivo dela, não permito — e nunca permitirei — que ela seja humilhada por ninguém. O recado está dado. Boa noite.

Virou as costas com naturalidade e seguimos em direção ao palco. Mas antes de me afastar, lancei um último olhar à mesa. E o que vi foi puro terror.

Ivan estava lívido. Hugo de cabeça baixa. Margareth tentando esfregar inutilmente o vestido. Cibele com o queixo quase caindo. E Eunice… completamente sem palavras.

— Estão vendo o que vocês fizeram? — disse Hugo, a voz baixa, quase um sussurro tenso. — Acha mesmo que a vingança de Lorenzo vai parar em uma taça de vinho? Vocês não têm ideia com quem se meteram. Podem esperar… coisas muito piores virão. Disso eu não tenho dúvidas.

— Mas como iríamos adivinhar que Helena era noiva dele? — sussurrou Eunice, pálida.

— Vocês a humilharam sem motivo. Ela nunca fez nada contra vocês… e agora vamos todos pagar o preço por essa tolice. — concluiu Hugo.

Ah, se arrependimento matasse...

Caminhar ao lado de Lorenzo até o palco foi como atravessar um campo de batalha com um rei ao meu lado. Os olhos grudados em nós, os cochichos voltando a circular, mas agora em tom de admiração e espanto.

Assim que subimos, ele agradeceu discretamente o anfitrião e se aproximou do microfone. O salão silenciou por completo. O peso do nome dele preenchia o ambiente como uma sombra elegante e poderosa.

Ele ajeitou o paletó, fez uma pausa estratégica e então começou a falar, com aquela voz grave e firme que hipnotizava até quem não falava o idioma dele.

— Boa noite, senhoras e senhores.

Todos pararam. Copos suspensos, respirações presas.

— Antes de falarmos de negócios, de parcerias e estratégias empresariais, quero tomar alguns minutos para dizer algo pessoal. Algo necessário.

Vi o leve franzir de sobrancelhas entre alguns homens poderosos, surpresos com o tom.

— Muitos aqui me conhecem. Sabem do meu nome, da minha influência e do que represento nos negócios internacionais. Mas poucos conhecem meu lado humano. E é sobre isso que desejo falar.

Ele olhou para mim. E naquele instante, eu soube que algo importante estava para acontecer.

— Esta noite, minha noiva foi humilhada. Não por um erro. Não por acaso. Mas por pura maldade. Jogaram vinho sobre ela, tentando envergonhá-la. Tentaram manchar sua dignidade… e acreditem, não foi a primeira vez que tentaram destruí-la.

Um murmúrio baixo correu pelo salão. Alguém engasgou no fundo.

— O que não sabiam… é que essa mulher é minha noiva. É minha parceira. E acima de tudo, é a mulher mais forte e admirável que já conheci.

Meu coração disparou. Os olhos se encheram, mas permaneci erguida. Firme.

— Para quem achou que poderia apagá-la com uma mancha de vinho, saibam que ela voltou ainda mais imponente. Mais bela. E mais poderosa. Porque nada, nem ninguém, derruba uma mulher de verdade.

Ele deu um passo para o lado, me estendeu a mão.

— Helena Vasconcellos, Advogada brilhante. Mulher corajosa. Minha noiva. E a única neste salão que pode caminhar ao meu lado sem baixar a cabeça para ninguém.

Aplausos começaram timidamente. Mas logo tomaram o salão como uma onda crescente. Alguns batiam palmas com admiração sincera. Outros… por puro medo.

Apenas uma mesa permaneceu em silêncio: a deles.

Lorenzo me puxou para mais perto. Beijou minha mão diante de todos.

— Hoje vocês não estão apenas diante de Lorenzo Morette. Estão diante da mulher que ele respeita. E de agora em diante, quem ousar tocá-la… terá que se entender comigo.

O salão inteiro ficou de pé.

E pela primeira vez… eu me senti invencível.

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Comments

Nana

Nana

o Hugo o banana de sempre...

2025-04-02

2

Júlia Caires

Júlia Caires

amei vc Lorenzo, colocou a Helena no topo

2025-04-04

1

lucelia lopes

lucelia lopes

Um banana ,mais tem bom senso.

2025-04-06

1

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