“João”
Uma hora depois, subi na boleia e Meg está com uma cara. Acho que já deu certo.
— E aí, Meg? Ainda dá tempo de voltar.
— De jeito nenhum, mal começamos a viagem, posso abrir a janela?
— Não! Meg.
— Vou colocar uma música, isso pode, né?
Liguei o rádio e coloquei em uma rádio sertaneja, só para ele não ficar nervoso. Fiquei aborrecida com as músicas, troquei de rádio, está tocando Léo Santana, começo a cantar com ele.
“Malvada, quer ir lá pra casa
Fazer uns proibidos de luz apagada?
Sabe que eu sou cria e não dispenso, não.
Pode vim sem roupa e sem coração.
Tu vai ficar de perna bamba.
Depois que eu te pegar em cima da minha cama.
Tu vai ficar de perna bamba.
É hoje que essa novinha se apaixona.
Tu vai ficar de perna bamba.
Depois que eu te pegar em cima da minha cama,"
— Meu Deus! Meg, isto não é música para você ouvir, que coisa indecente.
— Nossa, pai, é só uma música de carnaval, presta atenção no ritmo, é ótima para dançar.
Nos primeiros dias, banquei, o difícil, mas ela foi me conquistando e eu, no final, estava permitindo tudo, até cantando a música do tal Léo Santana com ela eu estava, mas os 15 dias acabaram e eu tenho que levá-la para a tia dela.
— Pai, eu não quero ficar com minha tia.
— Meg, vamos fazer assim, você termina o ano letivo e eu prometo vir te buscar.
— Você vem mesmo? Minha tia é dura na queda, não vai querer me deixar ir com você.
— Lógico que venho e vou passar todo mês aqui te ver. Eu não vou aguentar muito tempo com a cabine do meu caminhão limpa e sem as músicas de safadeza que você escuta.
Chegamos à casa de minha tia, desço, dou um abraço nela e vou para dentro de cabeça baixa.
— Oi, João, vamos entrar?
— Acho melhor não. Ema.
Ela está me medindo de baixo para cima.
— Vocês se deram bem?
— Minha filha é uma excelente companhia, você está criando ela direito.
— Vi que você voltou a sorrir.
Está mais bonito, ajeitou a barba.
— Você está me deixando encabulado, ela foi me modificando, amo minha filha. Você também está bonita.
Chego perto e estico a mão, mas não toco, penso um pouco e abaixou a mão.
— Entra João, janta conosco.
Acho que não vai dar certo, mas aceito, fico para jantar e, por incrível que pareça estamos na mesa sem brigar, minha filha rindo e contando as aventuras como caminhoneira.
E a Ema se divertindo com as histórias e eu totalmente maravilhado com o sorriso dela.
Minha filha se despede e vai dormir, eu me levanto para sair e a Ema vem junto.
— João, eu vou fazer uma coisa e quero que você me perdoe se você não gostar.
Se aproxima de mim e me dá um beijo na boca, para e fica esperando minha reação.
Eu não me atrevo nem a me mexer, quem dera fazer alguma coisa, estou há quase um mês sem mulher, meu corpo todo reage a ela.
— Fala alguma coisa, João.
— Você é minha cunhada, e não gosta de mim.
— Sim, mas desde a última vez que você esteve aqui, estou tendo uns pensamentos selvagens com você, não significa que gosto de você, mas meu corpo quer provar se a sua barba é tão macia quanto parece.
Ema ergue a mão e passa na minha barba.
— Quero saber se esses músculos são de verdade.
Põe as mãos no meu peito e apalpa.
— Ema, se você está brincando comigo, é melhor parar.
— Quem disse que estou brincando, e também quero saber se esse volume que vejo na sua calça é por minha causa.
Leva a mão para me tocar, mas eu seguro antes.
— Ema, você está certa disso?
Pego nos cabelos de fogo dela e seguro, levo meus lábios bem perto dos dela, e falo:
— Se começarmos, não sei se consigo parar, me entende?
— Não para, então, mata este fogo que me queima há 15 dias.
— Ema, você é linda.
Ela pega minha mão e me leva para o quarto dela e fazemos amor até de madrugada.
— João, acorda, precisa ir embora, não quero que a Meg te veja aqui.
— Estou indo tchau. Ema.
Depois deste dia, venho ver minha filha a cada 15 dias, e claro, ver minha cunhada e seus cabelos de fogo. Não tenho certeza se a Meg não sabe de nada, mas se sabe finge não saber.
Os anos foram passando, arrumei um serviço para meu caminhão mais perto delas e todo final de semana Meg está comigo na boleia.
Nas férias, ela viaja comigo e depois trago de volta, está tudo indo bem, mas ela está para completar 20 anos e eu prometi deixá-la guiar o próprio caminhão. Estou apavorado, sei que ela guia bem, mas eu estando junto é diferente, sozinha não sei o que vai ser.
Sei que ela tem um affair com um motorista de uma Scania azul, que ela conhece devido a uma frase que tem no vidro da carreta dele. Sei que ele não teve coragem de falar com ela, mas já o vi olhando para ela e conheço bem aquele olhar.
“Meg”
Viajo com o meu pai há alguns anos, nesses anos algumas coisas mudaram. Ele comprou um caminhão para poder pegar viagens mais próximas daqui e sempre estar conosco.
Agora ele transporta perecíveis e todo final de semana vou com ele fazer a entrega. Adoro a estrada, quando estou na escola os dias não passam, mas quando meu pai vem me buscar, o dia voa, e à noite, quando ele me traz de volta, eu finjo que estou com sono porque há algum tempo descobri que meu pai e minha tia estão ficando.
No começo, tive ciúmes, porque fazia pouco tempo que ele havia voltado e ela já estava se metendo entre nós. Aí percebi que ele ficou mais feliz com ela e que precisava de alguém na vida dele, que bom que é minha tia.
Então, quando ele vem, eu fico com eles, mato minha saudade e vou para o quarto para que eles possam também matar a saudade. No primeiro dia com meu pai, vi uma Scania azul que me chamou a atenção.
Durante os 15 dias que estive com ele na estrada, sempre me deparava com a mesma Scania, sabia que era ela devido à frase que ela tem gravada da frente. Comecei a falar com ela e um dia me aproximei e toquei naquele azul que me encantava os olhos. Meu pai me puxou de volta e me disse:
— Não fique pondo as mãos nos caminhões porque os donos não gostam, eles têm os caminhões como as mulheres deles, só eles podem tocar.
— O senhor conhece o dono desta Scania, pai?
Meu pai olha para ela com fascinação.
— Ela é realmente linda, mas não o conheço. Acho que não é daqui da região.
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Atualizado até capítulo 38
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