Capítulo 4 - Assuntos Inacabados (Enzo)

Narrado por Lorenzo Morreti

Saí do escritório sentindo que minha cabeça ia explodir. Ruby Evans estava me deixando louco. Eu, Lorenzo Morreti, um homem de 38 anos que sempre teve controle sobre tudo, agora estava completamente obcecado por uma mulher que, depois de uma noite incrível, simplesmente me pagou e fugiu como se eu fosse um prestador de serviço.

Eu precisava espairecer, então mandei uma mensagem para Samuel, um dos associados do escritório e meu amigo de longa data. Se tinha alguém que sabia como desligar a mente de problemas, era ele.

— Bora tomar um drink? — digitei.

A resposta veio em segundos.

— Óbvio. No The Royal Pub em 15 minutos.

Perfeito. Um bar clássico, elegante, cheio de boas bebidas e, mais importante, longe do escritório e das minhas preocupações.

Assim que cheguei, vi Samuel já sentado em uma mesa, com um copo de uísque na mão. Ele era um cara alto, cabelo preto sempre bem alinhado, e tinha um daqueles sorrisos que faziam as pessoas confiarem nele sem nem saber o motivo.

— Enzo! — Ele abriu um sorriso largo quando me viu. — Finalmente resolveu sair da toca. Pensei que estivesse enterrado em processos.

— Quase fui enterrado, mas por uma mulher, não por processos. — Joguei-me na cadeira e fiz um sinal para o garçom. — Me vê um bourbon, por favor.

Samuel arqueou uma sobrancelha, interessado.

— Ah, agora fiquei curioso. O que aconteceu? Quem foi a mulher que teve a audácia de bagunçar o cabeça-dura do Lorenzo Morreti?

Soltei um suspiro e passei a mão pelos cabelos.

— Ruby Evans.

Samuel franziu a testa.

— Não conheço.

— Pois deveria. — Peguei meu copo quando o garçom trouxe e tomei um gole antes de continuar. — Ela esbarrou em mim no fórum, entrou no meu carro achando que eu era motorista de aplicativo, me contratou para fingir ser o namorado dela e, no final da noite, depois da melhor transa da minha vida, me pagou e saiu correndo.

Samuel ficou em silêncio por um segundo. Então, explodiu em gargalhadas.

— Você está me dizendo que foi contratado como namorado temporário e ainda recebeu pagamento pelo sexo? Isso é genial! O mundo ao contrário!

— Não é engraçado. — Resmunguei, tomando mais um gole.

— É hilário. — Samuel limpou uma lágrima do canto do olho. — O grande Lorenzo Morreti, pago para transar. Cara, você virou um gigolô sem querer!

Bufei, revirando os olhos.

— Não é isso! Ela só… surtou. A mulher estava bêbada e frustrada, o ex dela estava no evento com a amante, e eu fui o desafortunado que estava por perto.

Samuel riu novamente e balançou a cabeça.

— E agora você está pensando nela.

— O tempo todo.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— E o que vai fazer a respeito?

— Nada. Ela claramente não quer se envolver com ninguém.

Samuel me analisou por um momento e então sorriu de lado.

— Vamos resolver isso da maneira mais tradicional possível.

— Que maneira?

Ele fez um gesto para o bar.

— Pegamos duas doses de tequila, depois damos um jeito de você sair daqui com outra mulher. Nada cura uma obsessão melhor do que uma nova distração.

Eu não tinha certeza se isso ia funcionar, mas valia a tentativa.

— Fechado.

Samuel chamou o garçom e pediu duas doses de tequila.

— Brindemos à sua nova carreira como namorado de aluguel! — Ele ergueu o copo com um sorriso travesso.

— Vai se ferrar. — Ri, batendo meu copo contra o dele antes de virar a dose.

A tentativa de distração

Depois de algumas rodadas de tequila, minha mente estava levemente anestesiada. Samuel, que sempre teve um talento para atrair mulheres, já estava conversando com duas loiras no bar. Ele me cutucou.

— Lorenzo, essa é a Claire e a amiga dela, Sophie.

Olhei para elas. Claire era bonita, tinha cabelos longos e olhos verdes chamativos. Ela sorriu para mim e mordeu o lábio inferior.

— Então, Lorenzo, Samuel me disse que você está precisando de distração. — Ela brincou, inclinando-se um pouco para perto.

Normalmente, eu teria achado isso interessante. Mas tudo que minha mente conseguia fazer era comparar Claire com Ruby.

Ruby era morena, de olhos castanhos intensos, e tinha um jeito meio caótico e espontâneo que me deixava sem fôlego. Claire era bonita, mas não tinha aquela intensidade.

Eu tentei me concentrar nela, tentei flertar, mas tudo que conseguia pensar era em como Ruby falava rápido quando estava nervosa, em como seus olhos brilhavam quando ela estava desafiadora.

— Lorenzo? — Claire piscou, esperando uma resposta minha.

Percebi que ela havia me feito uma pergunta, mas eu não fazia ideia do que era.

— O quê? Desculpa, o que você disse?

Ela riu.

— Perguntei se você quer sair daqui comigo.

Samuel me lançou um olhar como se dissesse: Agora é a sua chance!

Mas eu não queria.

Merda. Eu realmente não queria.

Suspirei e dei um sorriso educado para Claire.

— Você parece incrível, mas acho que não estou no clima hoje.

Samuel arregalou os olhos.

— O quê?!

Claire deu de ombros, sem parecer muito ofendida, e voltou a falar com outra pessoa no bar. Samuel me puxou pelo braço.

— Lorenzo, você está completamente fodido.

— Eu sei.

Ele soltou uma risada desacreditada.

— Sério, cara. Você acabou de rejeitar uma mulher maravilhosa porque sua mente está presa em uma mulher que TE PAGOU para passar a noite com ela.

— Eu sei. — Repeti, frustrado.

Samuel deu um gole na bebida e balançou a cabeça.

— Bom, meu amigo, só vejo uma solução para o seu problema.

— E qual seria?

Ele sorriu.

— Você precisa ver Ruby de novo. E dessa vez, sem que ela possa fugir.

Eu fiquei em silêncio por um momento, processando as palavras dele. Talvez ele estivesse certo. Eu precisava ver Ruby novamente. Não para exigir qualquer coisa dela, mas porque, por algum motivo, eu sentia que essa história ainda não tinha acabado.

E eu não era o tipo de homem que deixava assuntos inacabados.

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