Capítulo 14: Alvo na Mira

A manhã amanheceu cinzenta em São Paulo, como se o céu pressentisse o que estava por vir. Gabriel vestiu o colete à prova de balas por debaixo da camisa social e prendeu a arma no coldre. Seu instinto dizia que algo ruim estava prestes a acontecer — e ele nunca ignorava esse tipo de pressentimento.

Sofia, ao lado dele, preparava os arquivos para enviar anonimamente ao promotor: as provas de que Matias era Alessandro Vieri, e que Luca Moretti estava conspirando para derrubar o próprio irmão.

— Tem certeza disso? — ela perguntou, preocupada. — Se a gente expuser Luca agora, ele vai reagir.

— Eu não vou esperar até que seja tarde demais. — Gabriel respondeu. — E se eu estiver certo, hoje à noite ele vai tentar me matar.

Ele não sabia ainda como, mas sentia que a contagem regressiva já tinha começado.

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Do outro lado da cidade, num terraço luxuoso com vista para os prédios, Luca observava a paisagem com uma xícara de café nas mãos. Ao seu lado, Matteo, silencioso.

— Está tudo pronto? — Luca perguntou.

— Sim. Os atiradores estão posicionados. O carro de Gabriel foi sabotado. E o informante dentro da polícia nos avisou que ele estará no Viaduto da Liberdade às 21h. Última patrulha do dia.

Luca sorriu de forma sinistra.

— Sem marcas. Sem erros. Façam parecer um acidente. Mas se tiver que ser barulhento... que seja rápido.

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21h. Viaduto da Liberdade.

Gabriel dirigia sozinho. A cidade pulsava ao redor, mas algo estava errado. Muito errado.

O rádio da viatura chiou. Nenhuma comunicação. Nenhum sinal. Silêncio total.

— Droga... — ele murmurou, reduzindo a velocidade.

Foi quando viu o brilho no topo de um prédio à frente. Reflexo de lente. Atirador?

Acelerou bruscamente. E então... BOOM!

O pneu dianteiro explodiu. O carro perdeu o controle, girando com violência. Gabriel lutou contra o volante, tentando evitar o capotamento. A viatura bateu em cheio na mureta do viaduto, e o mundo virou de cabeça para baixo.

Sangue escorreu pela sobrancelha. Ouvidos zumbindo. Mas ele ainda respirava.

Um segundo depois, o primeiro tiro veio — e acertou o capô com força.

— MERDA! — Gabriel saiu rastejando pelo lado oposto, se arrastando com o corpo dolorido até uma coluna de concreto.

Mais tiros. Estavam cercando o viaduto. Três atiradores. Pelo menos um sniper.

Gabriel sacou a arma e mirou para cima, atirando às cegas enquanto corria até o outro lado da ponte.

O som de passos ecoava nas escadas. Dois homens armados subindo.

Ele não tinha escolha.

Pulou a mureta lateral e caiu no teto de um caminhão que passava embaixo, rolando com o impacto até cair no asfalto. Dor intensa. Costela fraturada. Mas ele ainda respirava.

Se levantou cambaleando, mancando, até encontrar abrigo em uma viela escura.

Celular. Quebrado.

Ele olhou ao redor, buscando saída, quando ouviu passos rápidos.

— Gabriel!

Era Matteo. Sozinho.

Gabriel apontou a arma.

— Fica onde está!

Matteo ergueu as mãos.

— Eu não vim te matar.

— Você trabalha com o homem que está tentando fazer isso!

— Eu trabalho com o Enzo. E estou aqui porque ele mandou. — Matteo jogou um rádio portátil aos pés de Gabriel. — Ele está do outro lado.

Gabriel pegou o rádio com a mão trêmula.