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Capítulo 13 – O Jogo de Aparências

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Visão de Cédric

O sol ainda não havia nascido completamente quando Cédric já estava no salão principal, cercado por documentos e taças de vinho intocadas. Ele fingia estar concentrado, como se sua mente estivesse inteiramente ocupada com os assuntos do ducado. Mas a verdade era outra.

Desde o baile, desde que vira Selene pela primeira vez sem o véu de simplicidade que ela sempre usara como escudo, algo dentro dele não estava certo.

Ele não conseguia esquecê-la.

Ela sempre estivera ali, silenciosa, discreta, quase invisível. Uma presença que nunca despertara seu interesse. Mas agora… agora ele a via. E esse era o problema.

Se ele a via, outros também viam.

O barão de Montclair era um desses homens.

Na manhã seguinte ao baile, durante o café da manhã no grande salão, Montclair se aproximou de Selene sem qualquer hesitação, como se agora ela fosse um prêmio a ser cortejado.

Cédric não deveria se importar.

Mas se importou.

— Você estava deslumbrante no baile, duquesa. — A voz do barão era carregada de admiração e… algo mais. Algo que Cédric não gostou.

Selene, sempre educada, abaixou o olhar por um instante antes de oferecer um sorriso contido.

— Obrigada, milorde.

— Sua beleza natural é um verdadeiro tesouro — continuou Montclair, ignorando deliberadamente a presença do próprio duque. — Não entendo como ninguém a notou antes.

O sangue de Cédric ferveu.

Montclair ousava falar de sua esposa como se ela fosse uma mercadoria recém-descoberta? Como se o próprio duque fosse cego?

Seu olhar endureceu, e sua voz saiu cortante:

— Talvez porque ela nunca tenha buscado atenção.

O salão mergulhou em um breve silêncio. O barão recuou levemente, surpreso com a resposta. Selene ergueu os olhos para Cédric, como se buscasse compreender seu tom.

Ele desviou o olhar.

Isso não era ciúmes.

Não podia ser.

Era apenas irritação. Desconforto.

Era…

Inferno.

Ele não sabia o que era. Mas sabia que detestava a maneira como Montclair olhava para sua esposa.

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Visão de Selene

Selene não era ingênua.

Desde o baile, desde que revelou ao mundo sua verdadeira aparência, percebera os olhares que a seguiam por onde passava. Criados, nobres, cavalheiros… homens que antes sequer notavam sua presença agora murmuravam seu nome.

Mas o que mais lhe chamava a atenção era Cédric.

Ele ainda a tratava com frieza, ainda se recusava a olhá-la por muito tempo. Mas havia algo novo em seu comportamento. Um certo… incômodo.

E aquele breve momento no café da manhã confirmou suas suspeitas.

Quando o barão Montclair se aproximou e a elogiou, Selene percebeu o instante exato em que a postura de Cédric mudou. Suas mãos se fecharam contra a mesa, e seus olhos cinzentos adquiriram um brilho tempestuoso.

Ele se importava.

Talvez não quisesse admitir. Talvez nem compreendesse seus próprios sentimentos. Mas ele sentia algo.

E Selene decidiu testar os limites disso.

Ao longo do dia, permitiu-se ser vista mais vezes pelos nobres. Andou pelos jardins do palácio com um vestido um pouco mais ajustado do que o normal, deixou que cavalheiros a cumprimentassem de forma mais próxima, e sorriu para homens que antes a ignoravam.

E a cada passo que dava, sentia o olhar de Cédric sobre si.

Ele estava notando.

E se ele notava, talvez… começasse a querer.

Era um jogo arriscado, ela sabia. Mas pela primeira vez, Selene sentia que tinha algum controle sobre a situação.

Pois, no final, queria vencer apenas um prêmio:

O coração do duque.

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