Capítulo 20 – Gravado na Alma

Capítulo 20 – Gravado na Alma

A luz da manhã filtrava-se suavemente pelas cortinas entreabertas, tingindo o quarto com um brilho dourado e acolhedor. O ar estava impregnado com o perfume sutil de jasmim e madeira, um lembrete silencioso da noite intensa e arrebatadora que haviam compartilhado.

Evelyn despertou lentamente, sentindo um calor envolvente à sua volta. Seu corpo estava relaxado, satisfeito, mas sua mente ainda navegava entre a realidade e os ecos do que acontecera horas antes.

A primeira coisa que percebeu foi o peso reconfortante do braço de Alexander sobre sua cintura. Ele a segurava mesmo em seu sono, como se temesse que ela desaparecesse ao despertar. O peito largo subia e descia em uma respiração ritmada e profunda, enquanto os cabelos escuros estavam um pouco bagunçados contra o travesseiro.

Ela virou-se levemente, apenas o suficiente para observá-lo.

O duque parecia diferente.

As sombras que sempre carregara nos olhos haviam suavizado. O cenho, que antes sempre se franzia com preocupações e lembranças dolorosas, agora estava relaxado. Havia algo sereno e quase vulnerável em sua expressão adormecida, como se, ao lado dela, finalmente tivesse encontrado um porto seguro.

Evelyn não conseguiu evitar.

Com um toque leve e hesitante, passou a ponta dos dedos pelos cabelos dele, afastando uma mecha que caía sobre sua testa. O simples contato fez seu coração acelerar, e ela prendeu a respiração ao vê-lo se mexer ligeiramente.

A lembrança da noite anterior inundou seus pensamentos.

O modo como ele a tocara, como a explorara com reverência e desejo, como murmurara seu nome com uma intensidade que a fizera tremer... tudo estava gravado em sua pele, em sua alma.

Nunca antes se sentira tão conectada a alguém.

E agora, ao olhar para ele ali, vulnerável e tranquilo, Evelyn soube que também havia deixado uma marca profunda em Alexander.

Ela era dele.

Mas, mais do que isso...

Ele também era dela.

Seu coração pulsava forte ao perceber a verdade.

Mesmo que o duque ainda não tivesse dito as palavras, mesmo que ainda estivesse descobrindo seus sentimentos, Evelyn podia sentir. Algo mudara entre eles. Algo irrevogável.

Foi então que ele mexeu-se novamente.

Sua respiração ficou mais irregular, e seus dedos deslizaram inconscientemente pela pele dela antes que seus olhos finalmente se abrissem.

Evelyn prendeu o fôlego.

Os olhos cinzentos e intensos de Alexander encontraram os dela.

Por um instante, ele apenas a observou, como se quisesse ter certeza de que aquilo era real.

Então, algo inesperado aconteceu.

Ele sorriu.

Foi um sorriso pequeno, discreto, mas genuíno. Um sorriso que fez o coração de Evelyn disparar.

— Bom dia, minha esposa. — A voz dele estava rouca pelo sono, mas carregava um calor que a fez estremecer.

Ela sorriu de volta, sentindo um calor doce se espalhar por seu peito.

— Bom dia, meu marido.

Alexander soltou um suspiro profundo e fechou os olhos por um momento antes de puxá-la para mais perto. Evelyn soltou um pequeno suspiro quando sentiu seus corpos se encaixarem novamente, pele contra pele, como se fossem feitos um para o outro.

— Diga-me que não foi um sonho. — Ele murmurou contra os cabelos dela, seus lábios roçando sua testa em um beijo delicado.

Evelyn sorriu contra o peito dele, sentindo-se segura como nunca antes.

— Não foi.

Ele não respondeu de imediato, apenas deslizou os dedos lentamente pelas costas dela, segurando-a firme contra si. Seu toque era possessivo, mas ao mesmo tempo gentil, como se estivesse gravando cada detalhe dela em sua memória.

Os minutos se passaram em silêncio, mas não era um silêncio vazio.

Era um silêncio cheio de promessas não ditas, de sentimentos que ainda estavam se formando, mas que já eram inegáveis.

Evelyn sabia.

Alexander poderia ter lutado contra seus sentimentos por tanto tempo.

Poderia ter tentado se agarrar ao passado, recusando-se a abrir espaço para um novo amor.

Mas agora, finalmente, ele estava começando a perceber a verdade.

Evelyn era sua.

E ele, mesmo sem admitir completamente, era dela.

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