Capítulo –5 O Fantasma de Margaret

Capítulo 5 – O Fantasma de Margaret

O silêncio dentro da biblioteca parecia tão denso quanto a escuridão que cobria a mansão Montrose. Alexander Montrose, o Duque de Ravencourt, sentia-se imerso em um vazio sem fim. A cada dia que passava, sua alma afundava mais na solidão.

A visita inesperada de Lorde Fairfax o irritava. Desde a morte de Margaret, evitava qualquer contato desnecessário com o mundo exterior. Seus negócios eram resolvidos por meio de cartas e de seu mordomo, Hopkins. Os eventos da sociedade já não o interessavam. As mulheres que outrora lhe sorriam com desejo agora sussurravam seu nome como um aviso sombrio.

Ele não era mais o mesmo homem.

E não queria ser.

A ideia de se casar novamente era absurda.

Evelyn Fairfax.

O nome ecoou em sua mente como um sussurro proibido. Ele lembrava-se dela. Como poderia esquecer? Mesmo que jamais a tivesse olhado de forma profunda, ela sempre esteve lá, orbitando a sociedade com sua postura reservada, com aqueles olhos que pareciam enxergar mais do que qualquer um permitia.

Evelyn era uma jovem peculiar. Nunca se exibiu como as outras debutantes. Enquanto as damas lutavam por sua atenção nos bailes, ela permanecia à margem, sempre observando, sempre em silêncio. Havia algo nela que intrigava, mas ele nunca se dera ao trabalho de investigar mais a fundo.

Agora, Fairfax queria que ele a tomasse como esposa.

O duque se levantou, caminhando até o armário onde guardava as garrafas de uísque mais caras. Serviu-se de um novo copo e tomou um gole lento, sentindo o líquido quente deslizar por sua garganta.

— Isso é uma loucura.

Mas não podia ignorar o que Lorde Fairfax dissera. O Duque de Norwood realmente estava se movimentando para enfraquecer sua posição. Ele sabia que a sociedade aristocrática era impiedosa com aqueles que demonstravam fraqueza.

E ele, Alexander Montrose, estava sangrando há três anos.

Um casamento.

Poderia ser a solução?

Ou seria apenas mais uma forma de se condenar?

Ele fechou os olhos, e a imagem de Margaret surgiu diante dele como um fantasma do passado. Seu rosto suave, seus olhos brilhando de amor, seus lábios sussurrando promessas de uma eternidade juntos.

Ele se lembrava de sua risada cristalina na noite do baile.

Da forma como ela segurou sua mão ao entrar na carruagem.

E da última coisa que dissera antes do acidente que levou sua vida.

"Se algo acontecer comigo… por favor, Alexander, não se feche para o amor. Você merece ser feliz."

A dor atravessou seu peito como uma lâmina invisível.

Três anos.

E ele ainda não conseguia soltá-la.

Alexander abriu os olhos e encarou a lareira diante de si. As chamas ardiam, lançando sombras tremulantes pelas paredes da biblioteca.

Talvez estivesse condenado a viver sozinho.

Talvez nunca mais fosse capaz de sentir algo além desse vazio.

Mas talvez…

Talvez um casamento não fosse o fim do mundo.