Capítulo 10 – A Primeira Noite

O jantar de recepção após a cerimônia foi um evento impecável. Lorde Fairfax não poupou despesas para garantir que sua filha tivesse um casamento digno de seu nome, e os convidados pareciam encantados com a nova duquesa.

Todos, exceto Alexander Montrose.

Ele permaneceu calado a maior parte da noite, observando Evelyn de longe, tentando decifrar a mulher que agora carregava seu sobrenome.

Ela não era a mesma jovem apagada que ele imaginava.

Não era uma esposa conveniente e discreta como ele desejara.

Ela era algo mais. Algo que despertava sua curiosidade e irritação ao mesmo tempo.

E isso o incomodava profundamente.

— Vossa Graça?

A voz suave de Evelyn interrompeu seus pensamentos. Ele ergueu os olhos e a encontrou diante dele, os lábios pintados com um tom discreto de rosa, os olhos brilhando sob a luz das velas.

— Os convidados estão começando a se retirar. Devemos subir?

A pergunta era simples, mas carregava um peso que ambos compreendiam.

Era a primeira noite como marido e mulher.

Alexander assentiu, sem dizer nada, e se levantou. Evelyn o seguiu com a mesma graça tranquila de sempre, cumprimentando os últimos convidados antes de deixar o salão.

O Quarto Nupcial

O quarto onde passariam a noite era luxuoso, mas não exagerado. Havia uma lareira acesa, lançando sombras dançantes nas paredes decoradas em tons escuros. A cama de dossel era ampla, os lençóis de linho bordados com detalhes dourados.

Alexander entrou primeiro, retirando a jaqueta com um gesto automático. Evelyn permaneceu na entrada por um momento, observando-o em silêncio antes de finalmente cruzar o limiar.

Ele não olhou para ela.

Não disse nada.

A tensão no ar era palpável.

Evelyn sabia que ele não a desejava. Pelo menos, não ainda.

Mas ela também sabia que um casamento como o deles precisava ser consumado. Não apenas pela tradição, mas para garantir que ela fosse reconhecida como sua esposa em todos os sentidos.

Ela se aproximou lentamente, seus passos leves contra o tapete macio.

— Vossa Graça…

Ele finalmente ergueu os olhos.

— Alexander. — A voz dele era baixa, rouca.

Ela piscou, surpresa.

— O quê?

— Se vamos dividir um leito, me chame pelo meu nome.

Evelyn sorriu de leve, inclinando a cabeça.

— Muito bem, Alexander.

Ele a observou por um longo momento antes de desviar o olhar e se aproximar da mesa onde havia uma garrafa de conhaque. Serviu-se de uma dose e bebeu lentamente.

— Não precisa temer esta noite. — Ele disse, ainda sem encará-la. — Não espero nada de você.

Evelyn sentiu uma pontada no peito, mas não demonstrou.

— E se eu estiver esperando algo de você?

Alexander virou-se devagar, os olhos estreitados.

— O que quer dizer?

Ela caminhou até ele, parando a poucos centímetros de distância.

— Somos marido e mulher agora. — Sua voz era suave, mas firme. — Nosso casamento precisa ser consumado.

Ele soltou uma risada baixa, sem humor.

— E desde quando isso importa para você?

Evelyn ergueu o queixo.

— Desde sempre.

O silêncio se estendeu entre eles.