Capítulo 6 – O Fantasma de Margaret
A noite envolvia a imensa propriedade Montrose em um manto de sombras e silêncio. As tochas à entrada principal estavam apagadas, e apenas algumas poucas velas ardiam dentro da mansão, projetando sombras distorcidas contra as paredes frias de pedra. O Duque de Ravencourt, Alexander Montrose, estava sentado em sua biblioteca, o lugar que se tornara seu refúgio nos últimos três anos.
Ele tinha uma garrafa de uísque ao alcance da mão e um copo já pela metade. No entanto, ao contrário das outras noites, seu olhar não estava perdido no fogo da lareira. Em vez disso, estava fixo na carta aberta à sua frente, uma resposta que precisava ser dada.
A proposta de Lorde Fairfax ecoava em sua mente desde que fora feita naquela mesma biblioteca. Casamento. Uma união política. Uma forma de evitar que os abutres da sociedade aristocrática questionassem sua posição e fragilizassem seu nome.
Evelyn Fairfax.
Ele mal conseguia se lembrar do som de sua voz. Sabia que ela era filha única de Fairfax, uma moça que nunca chamou sua atenção nos eventos da sociedade. Sempre discreta, sempre à margem, sem qualquer esforço para se destacar.
O que ela pensaria dessa proposta?
Seria uma daquelas jovens sonhadoras que esperam por um casamento cheio de amor e devoção? Se fosse, então teria uma amarga decepção.
Alexander soltou um suspiro profundo e fechou os olhos por um momento.
Na escuridão, viu o rosto de Margaret.
Lembrava-se do último baile que foram juntos, da maneira como ela sorria para ele sob as luzes douradas dos lustres, da forma como seus olhos brilhavam cheios de promessas para o futuro.
E, acima de tudo, lembrava-se de sua última noite de vida.
"Se algo acontecer comigo… por favor, Alexander, não se feche para o amor. Você merece ser feliz."
Ele passou a mão pelo rosto, como se pudesse apagar a lembrança. Margaret se fora. Ele não a traria de volta, não importava o quanto desejasse.
Mas poderia, ao menos, preservar o que construíram.
E isso significava manter seu ducado seguro.
Com um movimento resoluto, pegou a pena e escreveu sua resposta.
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Na Propriedade Fairfax
Evelyn estava sentada em seu jardim favorito, os olhos fixos no livro que repousava em seu colo. O vento frio da noite fazia seus cabelos dançarem levemente, e a luz da lua iluminava sua pele pálida. Ela não estava lendo, não de verdade. Sua mente estava longe, perdida na lembrança de um homem que sempre amou à distância.
Alexander Montrose.
Ela recordava cada detalhe sobre ele. O duque viúvo, o homem que havia conquistado a sociedade com sua presença forte e dominadora. O homem que sempre sorriu apenas para Margaret.
Evelyn soube, desde muito jovem, que nunca teria sua atenção.
Ainda assim, não conseguiu evitar que seu coração o escolhesse.
Um som de passos apressados a tirou de seus pensamentos. Um criado surgiu pelos arbustos, carregando um envelope selado com cera vermelha.
— Milady, chegou uma correspondência do Duque de Ravencourt.
Ela pegou o envelope com dedos trêmulos. Seu pai apareceu logo em seguida, vindo de seu escritório, com o olhar sério.
— Então ele respondeu.
Evelyn abriu a carta com cuidado, lendo cada palavra.
*"Lorde Fairfax,
Após considerações cuidadosas, aceitei sua proposta. Se sua filha estiver disposta a seguir com o acordo, marcaremos o casamento dentro das próximas semanas. No entanto, gostaria de deixar claro que não sou um homem capaz de oferecer mais do que um título e segurança. Minha posição exige um matrimônio, e nada além disso. Se Lady Evelyn aceitar tais termos, peço que providencie os documentos necessários.*
— Duque de Ravencourt."
Ela dobrou o papel lentamente, sentindo seu coração martelar no peito.
Seu pai estudou sua expressão por um momento antes de falar:
— Ele não quer amor, Evelyn. Isso não a assusta?
Ela ergueu os olhos, determinada.
— Não, papai. Eu sabia que ele não queria. Mas isso não significa que ele nunca vá querer.
Lorde Fairfax franziu o cenho.
— Você realmente acredita que pode mudar isso?
Evelyn sorriu levemente.
— Eu sei que Alexander Montrose ainda está preso às sombras do passado. Mas toda escuridão precisa de um pouco de luz.
Ela virou-se, caminhando de volta para dentro da casa.
O duque podia achar que estava simplesmente aceitando um contrato sem vida.
Mas ele não sabia que Evelyn Fairfax nunca fora uma mulher comum.
E que algumas rosas, mesmo ocultas, nunca deixam de florescer.
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Ana Paula Gomes de Azevedo
Essa menina sim tem que dar aplausos ela vai conquistar o Duque é vai ter uma família linda com ele
2025-03-06
20
Carolina Luz
caramba isso que eu chamo de amor sem interesse chantagem egoísmo, somente amor mesmo da parte dela é claro por enquanto
2025-03-18
0
Dione Lopes
Ela será a luz que iluminará a vida escura do conde uma flor que desabrochará em seu coração sofrido.
2025-02-26
3