Capítulo 14 – O Duque e Suas Correntes

O castelo de Ravencourt estava silencioso naquela manhã, mas dentro do coração de Alexander, uma tempestade rugia. Ele permanecia no escritório, encarando a lareira onde as chamas dançavam, iluminando as paredes de pedra. O copo de uísque em sua mão estava intocado agora. Nem mesmo o álcool parecia capaz de entorpecer seus pensamentos.

A noite anterior o assombrava. O corpo quente de Evelyn sob o seu, os gemidos abafados contra sua pele, o olhar dela enquanto se entregava por completo... Ele sentira algo ali, algo que o aterrorizava.

Uma conexão.

Não deveria existir nada além de desejo entre eles. Isso ele podia controlar. Mas aquilo? Aquela sensação de que, ao tomá-la para si, uma parte dele também passava a pertencer a ela?

Isso era perigoso.

E Alexander sabia que precisava se proteger.

Evelyn não poderia se tornar mais uma corrente ao seu redor.

O Jantar Silencioso

Quando a noite caiu, Evelyn desceu para o jantar. Seu vestido era de um azul profundo, simples, mas elegante. Seu pai sempre lhe dissera que cores como aquela destacavam sua pele e seus olhos. Mas ela não vestira aquilo por vaidade.

Ela queria que Alexander a visse.

Que ele percebesse que não poderia ignorá-la.

Mas, ao entrar no salão de jantar, encontrou apenas uma mesa posta para uma pessoa.

— Sua Graça não descerá esta noite, milady. — Informou um dos criados, curvando-se respeitosamente.

Evelyn sentiu algo dentro de si endurecer.

Então era assim? Ele a tomava como esposa, a possuía, e depois fingia que nada acontecera?

Ela se sentou e comeu em silêncio, mas sua mente trabalhava rapidamente.

Alexander pensava que podia fugir dela?

Ele estava enganado.

O Confronto

Evelyn subiu as escadas após o jantar, seu coração batendo mais forte a cada passo.

Ela não era mais uma garota ingênua que esperava ser notada.

Agora, era sua esposa.

E, se Alexander acreditava que poderia simplesmente se esconder em sua torre de gelo, ela mesma trataria de invadir suas muralhas.

Sem hesitação, abriu as portas do escritório dele.

O duque levantou a cabeça lentamente, sua expressão sombria ao vê-la ali.

— Evelyn. — Sua voz era grave, mas havia um tom de alerta ali.

— Alexander. — Ela cruzou os braços, os olhos brilhando de desafio. — Não vou permitir que me evite.

Ele suspirou, passando uma mão pelos cabelos.

— Não estou evitando você.

Ela riu, mas foi um riso seco, sem humor.

— Não? Então me diga… por que não desceu para o jantar? Por que está aqui sozinho, bebendo, ao invés de estar ao lado da mulher com quem escolheu se casar?

Ele se levantou lentamente, os músculos de seu corpo tensos sob a camisa de linho.

— Eu não escolhi este casamento, Evelyn. Você sabe disso.

Ela piscou, absorvendo aquelas palavras, mas se recusou a recuar.

— E, ainda assim, eu sou sua esposa. Não apenas no papel, Alexander. Na última noite, você me tomou para si. E agora? Vai fingir que nada aconteceu? Vai fingir que não sentiu nada?

A mandíbula dele se contraiu, e Evelyn percebeu a luta interna que se passava dentro dele.

— Isso não tem a ver com você. — Ele murmurou.

— Então com o quê tem a ver? Com Margaret?

O nome ecoou no escritório, e o ar pareceu ficar mais pesado.

Alexander fechou os olhos por um instante, mas quando os abriu novamente, Evelyn viu a dor ali.

— Margaret está morta.

— Eu sei disso. Mas você ainda vive como se estivesse preso a ela.

Ele virou-se de costas, apoiando as mãos na mesa, como se precisasse se segurar em algo.

Evelyn deu um passo à frente, seu tom agora mais suave.

— Alexander… eu não quero substituí-la. Não quero ocupar o lugar dela no seu coração. Só quero que me enxergue. Que pare de fugir de mim.

Ele permaneceu em silêncio por um longo momento, e então, sem aviso, virou-se para encará-la.

— E se eu não puder? — Sua voz era rouca, carregada de emoção contida.