Apaixonada Pelo Duque
Capítulo 1 – O Último Baile
O salão do Palácio Wycliff resplandecia sob a luz quente dos lustres de cristal, os reflexos dourados dançando pelas paredes ornamentadas. A elite da nobreza inglesa estava presente, desfilando com seus vestidos suntuosos e ternos de alfaiataria impecável. Era uma noite de festa, um dos bailes mais aguardados da temporada, onde alianças seriam formadas, corações quebrados e promessas sussurradas entre valsas.
Lady Evelyn Fairfax mantinha-se à margem de tudo aquilo, como sempre.
Encostada discretamente em uma das colunas de mármore, ela observava o salão sem realmente fazer parte dele. Suas mãos apertavam as dobras de seu vestido azul pálido – um modelo antiquado que não fazia jus à sua verdadeira beleza. O tecido grosso ocultava suas formas, os óculos fora de moda escondiam o brilho de seus olhos verdes, e o penteado severo a envelhecia. Era uma estratégia meticulosamente planejada para evitar olhares e, mais importante, propostas indesejadas.
Mas, mesmo entre a multidão, seus olhos encontravam apenas uma pessoa.
Alexander Montrose, o Duque de Ravencourt.
Alto, imponente e de presença marcante, ele era o tipo de homem que dominava um ambiente sem precisar dizer uma palavra. Seu traje negro contrastava com a pele clara e os cabelos castanho-escuros, sempre impecavelmente penteados. Mas não era sua aparência que fazia o coração de Evelyn disparar; era o modo como ele olhava para a esposa, Lady Margaret Montrose.
Com devoção. Com amor.
Ela nunca vira um homem olhar para uma mulher daquela forma.
Margaret, vestida com um deslumbrante traje cor-de-rosa perolado, repousava a mão com delicadeza sobre o braço do marido, rindo suavemente de algo que ele sussurrara. Seus cabelos louros caíam em cachos perfeitos sobre os ombros, e seu sorriso irradiava uma luz quase angelical.
Eles eram o casal perfeito.
Evelyn sabia disso. Sempre soubera.
— Eles formam um belo par, não acha? — A voz de Lady Beatrice a arrancou de seu transe.
Evelyn piscou, ajeitando os óculos no rosto para disfarçar a confusão em sua mente.
— Sim… um casal perfeito.
Lady Beatrice, uma viúva de língua afiada e um gosto peculiar por mexericos, lançou-lhe um olhar de diversão.
— Você tem sorte, minha cara. Nenhum homem jamais a olharia como o duque olha para sua esposa.
Evelyn sentiu a ferroada daquelas palavras, mas manteve a expressão impassível. Já ouvira coisas piores. Já havia se acostumado a ser invisível.
A orquestra iniciou uma valsa suave, e um burburinho atravessou o salão quando Alexander estendeu a mão para Margaret. A duquesa sorriu, os olhos brilhando com adoração, e deixou-se levar para o centro do salão.
Evelyn prendeu a respiração ao vê-los dançar.
O duque conduzia sua esposa com uma segurança e uma ternura que fizeram o coração de Evelyn doer. Seus passos eram graciosos, perfeitamente sincronizados, como se estivessem sozinhos no mundo. Como se nenhum outro casal importasse.
E então, aconteceu.
Enquanto girava nos braços do marido, Margaret encontrou os olhos de Evelyn por um instante. A expressão em seu rosto mudou. Um olhar de compreensão, talvez… ou de pena. Evelyn não soube dizer.
Ela desviou o olhar, seu peito apertado com uma dor que nunca admitiria.
Mas aquela foi a última vez que viu Lady Margaret sorrir.
---
Horas depois…
A chuva castigava Londres com uma força impiedosa. Os trovões rasgavam o céu, e as ruas escuras brilhavam com o reflexo dos lampiões.
Alexander segurava com firmeza as rédeas da carruagem, os músculos tensos enquanto os cavalos avançavam pela estrada lamacenta. Margaret estava ao seu lado, as mãos apertadas sobre o colo. O vestido luxuoso de antes já não parecia tão imponente, encharcado pela umidade.
— Devíamos ter esperado a tempestade passar. — A voz dela era suave, mas preocupada.
— Não havia como saber que a chuva viria tão forte.
Margaret assentiu, os olhos vagando pelo vidro embaçado da carruagem. Então, voltou-se para ele.
— Alexander?
— Sim?
Ela hesitou por um momento, e então sorriu – um sorriso pequeno, carregado de emoção.
— Prometa-me algo.
Ele franziu o cenho.
— O que quiser, meu amor.
Os dedos delicados de Margaret encontraram os dele.
— Se algo acontecer comigo… prometa que seguirá em frente. Que permitirá que outra pessoa o ame como eu amo.
Ele riu, balançando a cabeça.
— Margaret, que tolice é essa? Nada vai acontecer.
Mas naquele instante, tudo aconteceu.
O grito do cocheiro. O relinchar dos cavalos. O barulho ensurdecedor da madeira se partindo quando a carruagem deslizou pela lama e tombou colina abaixo.
Dor. Escuridão. E então, o silêncio.
Quando Alexander despertou, tudo estava errado. Seu corpo doía, a chuva ainda caía, e o cheiro de terra molhada e sangue impregnava o ar.
— Margaret?
Ele tentou se mover, mas um peso sobre ele o impedia. Sua esposa estava ali, meio coberta pelos destroços da carruagem, os cabelos dourados grudados no rosto pálido.
— Margaret!
Ele a puxou para seus braços, sua mente se recusando a aceitar o que via. Ela estava ferida, sua respiração fraca, os olhos azuis brilhando em meio às sombras.
— Meu amor… — Sua voz era um sussurro trêmulo.
Ela sorriu. Um sorriso pequeno, quase inexistente.
— Você prometeu…
— Não, não diga isso. Você vai ficar bem! Eu vou salvá-la!
— Permita-se… ser amado… outra vez…
E então, Margaret Montrose, a mulher que ele amara com toda a sua alma, exalou seu último suspiro nos braços do homem que nunca imaginou amar outra.
O grito de Alexander cortou a noite, misturando-se ao rugido dos trovões.
Evelyn não sabia que, naquele exato momento, enquanto permanecia acordada em seu quarto, ouvindo a tempestade do lado de fora, o homem a quem amava estava perdendo a única mulher que já possuíra seu coração.
E que, no futuro, por um capricho cruel do destino, seria a ela que ele pertenceria.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 35
Comments
Dione Lopes
Já amado o começo da história.
2025-02-26
1
Ana Zélia
O começo da história tá muito bom 👍 👍 👍
2025-02-28
0
Dione Lopes
Começando a ler agora
2025-02-26
0