Capítulo 12 – O Despertar dos Corações
Quando os primeiros raios de sol começaram a infiltrar-se timidamente pelas cortinas rendadas do quarto nupcial, o silêncio do amanhecer parecia carregar em si a promessa de uma nova era. O ambiente, ainda impregnado do calor e das emoções intensas da noite anterior, agora se apresentava em uma calma quase sagrada, como se o próprio tempo houvesse decidido dar-lhes um momento de pausa para que pudessem contemplar as consequências do que fora vivido.
Alexander foi o primeiro a despertar. Ainda deitado, seus olhos pesados repousavam sobre o semblante sereno de Evelyn, que dormia com a graça de uma deusa adormecida. Pela primeira vez, ele observava com atenção cada traço do rosto dela – a suavidade de suas feições, a delicadeza do contorno dos lábios e o brilho misterioso que, mesmo em repouso, parecia guardar segredos e promessas. A memória da paixão arrebatadora da noite anterior se misturava agora com uma sensação inédita: uma vulnerabilidade que o fazia questionar tudo o que acreditara ser imutável.
Ele se levantou lentamente, tentando não perturbá-la, e aproximou-se da janela. Lá fora, o mundo se despertava sob um céu de tons pastel; o orvalho transformava o jardim em um tapete cintilante, e o canto distante dos pássaros trazia uma nota de esperança ao ambiente. Em meio a esse cenário de renovação, Alexander sentia uma inquietude interna: o casamento, inicialmente selado por um contrato frio e pragmático, parecia agora carregar em si a possibilidade de um novo começo – um renascer do sentimento que ele há tanto tempo acreditara ter perdido.
Enquanto Alexander se perdia em pensamentos, o silêncio do quarto foi quebrado por um leve movimento. Aos poucos, os cílios de Evelyn se abriram, revelando um olhar que oscilava entre a timidez e a determinação. Ela percebeu a presença dele e, hesitante, falou com uma voz suave:
— Bom dia, Alexander.
Ele se virou devagar, ainda absorvido pela nova luz que invadia o quarto, e respondeu, com um tom que misturava surpresa e uma ponta de ternura:
— Bom dia, Evelyn.
Por um longo momento, não precisaram trocar mais palavras. A intensidade do que haviam vivido na noite anterior parecia ainda pulsar no ar, transformando o ambiente em um espaço de intimidade rara e sincera. Lentamente, Alexander aproximou-se da cama e sentou-se ao lado dela. Seus dedos hesitantes roçaram a mão dela, um gesto singelo, mas que carregava o peso de uma nova descoberta.
— Anoche… — começou ele, a voz carregada de incerteza —, eu... não sei bem como me sinto agora.
Evelyn inclinou-se para encontrá-lo, seus olhos buscando os dele com uma sinceridade que contrastava com a frieza que ele havia mantido durante tanto tempo.
— Eu também estou confusa, Alexander — confessou ela, com um misto de vulnerabilidade e firmeza —. Sempre imaginei que este casamento seria apenas um acordo, uma formalidade para manter nossos mundos intactos. Mas, quando você me tocou, quando me fez sentir... eu senti algo que jamais pensei que pudesse existir.
O duque permaneceu em silêncio por alguns instantes, absorvendo cada palavra dela. Em sua mente, os ecos da noite de paixão ressoavam, misturando-se a sentimentos antigos e esquecidos. Pela primeira vez em muitos anos, ele sentia uma abertura em seu coração, um convite para se permitir viver o que há muito temera – o amor.
— Sempre acreditei que não havia lugar para o afeto em mim — murmurou, quase como um sussurro —. Mas, ao seu lado, algo despertou. Uma centelha que insiste em brilhar mesmo na escuridão do meu passado.
Evelyn sorriu, um sorriso tímido, mas cheio de esperança.
— Talvez esse seja o início de algo novo, algo que nem os nossos contratos nem as expectativas da sociedade possam determinar. Talvez possamos aprender um com o outro... transformar este casamento arranjado em algo verdadeiro.
Os olhares se encontraram, e naquele instante, o frio distanciamento de Alexander deu lugar a uma emoção palpável. Ele passou a mão, com cuidado, pelos cabelos dela, como se quisesse desvendar cada detalhe daquela nova mulher que, apesar de ter sido escolhida a contragosto, agora o desafiava a sentir novamente.
Enquanto o sol se erguia mais alto, o quarto se enchia de uma luz que parecia lavar os vestígios da noite anterior e abrir espaço para um novo sentimento. A cumplicidade silenciosa que se estabeleceu entre eles era, talvez, o prenúncio de uma transformação que ambos precisavam – um recomeço que pudesse, pouco a pouco, curar as feridas do passado e dar vida a um amor que, apesar de tímido, já começava a florescer.
Assim, naquele amanhecer sereno e repleto de promessas, Alexander e Evelyn descobriram que, mesmo quando os destinos parecem traçados por contratos e obrigações, o coração humano ainda é capaz de se reinventar. E enquanto o mundo lá fora despertava para um novo dia, dentro daquele quarto, dois corações, antes distantes e frios, encontravam, enfim, um caminho para se aproximarem e, quem sabe, para se amarem de verdade.
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Dione Lopes
A descoberta de um novo mundo desconhecido para ambos.
2025-02-27
12
Vania Lucia
Que possam se amar e serem felizes ❤️❤️❤️❤️
2025-03-22
1
Fátima Vieira
um descobrindo um ao outro 💞💞💞💞💞💞
2025-03-15
1