Capítulo 7 – Um Casamento Arranjado

Capítulo 7 – Um Casamento Arranjado

O vento frio da manhã soprava pelos campos dourados que cercavam a propriedade Fairfax. As folhas caídas se espalhavam pelo caminho de pedras enquanto a carruagem negra, imponente e silenciosa, atravessava os portões de ferro. O brasão prateado dos Montrose brilhava sob a luz pálida do sol, um lembrete da grandeza do homem que vinha em seu interior.

Alexander Montrose, o Duque de Ravencourt, permanecia imóvel no assento de couro escuro. Suas luvas de couro negro estavam sobre suas pernas, e seus olhos, de um azul profundo e gélido, estavam fixos na paisagem que passava rapidamente pela janela.

Era uma visita formal. Um dever.

Nada mais.

Seu casamento com Lady Evelyn Fairfax era uma decisão racional, uma necessidade imposta pelo título que carregava. Ele havia analisado a situação de todos os ângulos possíveis e concluído que ela era a escolha mais adequada.

Discreta.

Sem expectativas.

Uma esposa que não exigiria dele aquilo que ele jamais poderia oferecer.

Quando a carruagem parou em frente à grande mansão Fairfax, os criados se apressaram para recebê-lo. Ele desceu do veículo com um movimento preciso e sem pressa, ajustando as dobras do casaco escuro antes de seguir o mordomo até o salão principal.

Lorde Fairfax o aguardava ao lado da filha.

Alexander já havia encontrado Evelyn Fairfax em diversos eventos sociais ao longo dos anos, mas nunca prestara atenção nela. Recordava-se vagamente de uma jovem de aparência apagada, sempre afastada da agitação dos salões de baile.

Agora, ali diante dele, ela parecia exatamente como ele lembrava.

Vestia um traje em tons de cinza e azul desbotado, de corte antiquado e nada favorecedor. Os cabelos escuros estavam presos em um coque rígido, sem um único fio fora do lugar. Os óculos de armação fina repousavam sobre seu nariz delicado, escondendo parte do rosto.

Uma dama apagada, sem brilho.

Ótimo.

Era exatamente isso que ele precisava.

Lorde Fairfax fez uma leve reverência e indicou um assento para o duque.

— Vossa Graça, agradeço por ter vindo pessoalmente.

Alexander inclinou a cabeça em resposta.

— Prefiro tratar dessas questões diretamente.

Sentou-se com a postura impecável de sempre, sem qualquer expressão no rosto.

— Trouxe o contrato assinado. Espero que esteja de acordo com o que foi discutido.

Lorde Fairfax pegou o documento e o analisou em silêncio. Após alguns minutos, assentiu.

— Sim, tudo está conforme o combinado. Minha filha aceita os termos. Podemos marcar a cerimônia dentro de quinze dias, se estiver de acordo.

Alexander desviou o olhar para Evelyn.

Ela estava de pé, as mãos delicadas entrelaçadas à frente do corpo. Seu rosto não demonstrava emoção.

Era estranho.

Ele esperava hesitação. Receio. Talvez até mesmo uma súplica silenciosa para escapar de um casamento sem amor.

Mas havia apenas serenidade.

— É isso que deseja, Lady Evelyn? — Sua voz era fria, profissional.

Ela ergueu os olhos, e por um instante, Alexander viu algo ali—um brilho sutil, um segredo que ele não compreendia.

Mas foi rápido.

Antes que ele pudesse decifrar, ela já havia respondido, sua voz suave e firme.

— Sim, Vossa Graça.

Sem hesitação.

Sem tremor na voz.

Alexander inclinou a cabeça levemente, observando-a por um momento.

Ela era estranha.

Todas as jovens que conhecia desejavam casamento por amor, carinho, atenção. Muitas tentavam se aproximar dele com olhares esperançosos, fingindo timidez ou devoção.

Mas Evelyn Fairfax simplesmente aceitava seu destino sem protesto, sem expectativa alguma?

Algo estava errado.

Ele afastou essa inquietação e voltou sua atenção ao contrato.

— Muito bem. O casamento será realizado em quinze dias.

Evelyn sorriu suavemente.

— Como desejar, Vossa Graça.

Mas, em sua mente, ela sabia a verdade.

O duque podia acreditar que estava apenas firmando um contrato conveniente.

Mas Evelyn sabia que algumas batalhas não precisavam de palavras para serem vencidas.

E aquela era uma guerra silenciosa que ela estava disposta a travar.

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