Capítulo 4 – O Fantasma de Margaret
O sol já havia se posto quando a carruagem de Lorde Fairfax parou diante da imponente propriedade Montrose. A vasta mansão, outrora um símbolo de elegância e prestígio, agora parecia sombria e decadente. As janelas estavam fechadas, as cortinas pesadas ocultavam qualquer vestígio de vida lá dentro. Apenas algumas luzes fracas brilhavam, lançando sombras distorcidas contra as paredes de pedra.
O mordomo abriu a porta com expressão impassível.
— Lorde Fairfax.
— Boa noite, Sr. Hopkins. O duque pode receber-me?
O mordomo hesitou por um momento antes de dar um passo para o lado.
— Ele está na biblioteca, milorde. Mas devo avisá-lo… Sua Graça não tem aceitado visitas ultimamente.
Lorde Fairfax assentiu, sem se deixar intimidar. Ele já esperava resistência.
Enquanto era conduzido pelos corredores, não pôde deixar de notar o estado da mansão. Os lustres de cristal estavam cobertos por uma fina camada de poeira. As flores nos vasos estavam murchas, algumas já secas. O ar tinha um cheiro leve de velas queimadas e papel envelhecido.
A casa parecia um reflexo de seu dono.
O mordomo abriu as portas da biblioteca.
Alexander Montrose estava sentado em uma poltrona de couro escuro, um copo de uísque esquecido em uma das mãos, enquanto a outra segurava um livro aberto. Mas ele não lia. Seu olhar perdido indicava que sua mente estava longe dali. Talvez perdida no passado.
Ao notar a presença de seu visitante, ele ergueu os olhos.
— Fairfax. — Sua voz saiu rouca, carregada de cansaço. — O que o traz até minha reclusão?
Lorde Fairfax entrou sem cerimônias, sentando-se na poltrona à frente do duque.
— Negócios, Alexander. E uma proposta que você não pode ignorar.
O duque bufou, fechando o livro com um movimento brusco.
— Se for sobre política ou qualquer outro evento social, já sabe minha resposta.
— Não é.
Alexander arqueou uma sobrancelha, então levou o copo de uísque aos lábios, tomando um gole antes de murmurar:
— Então diga logo e poupe-me do suspense.
Lorde Fairfax inspirou fundo antes de prosseguir:
— Você precisa de uma esposa.
O silêncio que se seguiu foi tão denso quanto a escuridão daquela casa.
O duque encarou o visitante, e por um breve momento, algo brilhou em seus olhos. Um lampejo de dor. De lembrança.
— Não estou interessado.
— Mas deveria estar. — Lorde Fairfax rebateu sem hesitação. — O Duque de Norwood está espalhando rumores de que sua posição pode ser contestada. Dizem que sua reclusão é um sinal de fraqueza. E, mais importante, que sua ausência de herdeiros pode ser usada contra você.
Alexander apertou o maxilar.
— Que tolice.
— Talvez. Mas a nobreza é feita de tolos ambiciosos. E se você não fizer algo a respeito, poderá descobrir que boatos têm poder suficiente para derrubar até mesmo um duque.
Alexander estreitou os olhos, o copo de uísque girando entre seus dedos.
— E suponho que tenha uma solução para esse problema.
— Sim. Case-se.
O duque soltou uma risada seca, sem humor.
— E com quem, exatamente? Nenhuma dama em sã consciência se casaria com um homem que é pouco mais do que um cadáver ambulante.
— Minha filha.
A sala mergulhou em um silêncio absoluto.
Alexander piscou lentamente, como se não tivesse entendido.
— Evelyn?
— Sim.
O duque inclinou-se para frente, apoiando os antebraços nos joelhos.
— Evelyn Fairfax merece um homem que possa lhe dar algo além de sombras e fantasmas.
— E você merece definhar nesta mansão até que sua linhagem seja apagada da história? — O pai dela rebateu sem hesitar.
Os olhos de Alexander se estreitaram.
Lorde Fairfax se levantou e caminhou até a estante de livros, passando os dedos pelas lombadas envelhecidas.
— Minha filha o ama há anos, Alexander.
Aquelas palavras foram como um golpe invisível.
— Não diga tolices.
— Tolo é aquele que não enxerga o que está bem diante de si.
O duque afastou o olhar, o nome de Evelyn ecoando em sua mente.
Lembrou-se dela nos bailes, sempre discreta, sempre observando o mundo ao redor sem nunca realmente se jogar nele.
Lembrou-se de sua inteligência afiada, de seu humor sutil, da forma como parecia enxergar além das aparências.
Mas amor? Isso era impossível.
— Mesmo que isso fosse verdade, eu não posso lhe oferecer nada além de um nome e uma fortuna.
— Então deixe-a decidir se isso é suficiente.
Alexander expirou pesadamente. Ele não queria isso. Não queria arrastar ninguém para o mundo cinzento em que vivia.
Mas o duque de Norwood era um problema real.
E o casamento… poderia ser a única solução.
— Darei minha resposta em breve.
Lorde Fairfax assentiu, sabendo que já havia plantado a semente da dúvida no coração do duque.
Quando saiu da biblioteca e teve as portas fechadas atrás de si, um pequeno sorriso curvou seus lábios.
Alexander Montrose podia não perceber ainda.
Mas o fantasma de Margaret estava prestes a ser substituído por uma rosa oculta.
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Luana Mddm
eu já amei muito uma pessoa que amava outra pessoa
eu aguentei, lutei por 5 anos, mas vi que ia amar sozinha, então desisti de sofrer
quando tinha outra pessoa que me amava ele queria, volta da uma nova chance a nois dois foi o maior erro da minha vida perdi quem me amou de verdade pra sofrer por quem nunca me amou 😢
2025-03-07
25
Elis Rodrigues
Achar que alguém vai esquecer seu amor apenas pq a morte os separou é realmente um conto de livros, fazem 26 anos que meu amor se foi, casei tive filhos e me separei,fui muito amada por meu marido,e mesmo que ele não me perdoe até hj por deixa lo, eu simplesmente abri a porta pra ele encontrar o amor que tanto almejava e eu nunca fui capaz de lhe dar. Meu coração se foi com a alma do meu amado p o outro lado. Hoje só já não choro tanto,apenas aguardo o dia que eu irei ao seu encontro, pq se eu deixar de acreditar, não serei mais um ser sem coração, já não serei nada.
2025-03-17
0
Cirlande Ferreira
eu dei amor a vida inteira e nunca recebi de volta
.e uma dor muito grande .mesmo sendo um livro coitada dessa jovem
2025-03-13
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