Capítulo 3 – O Duque Recluso
O tempo não parou para Alexander Montrose, mas ele viveu como se tivesse parado.
Três anos se passaram desde o acidente fatal que levou sua esposa, e durante esse tempo, o Duque de Ravencourt se tornou uma sombra do homem que fora. Antes, era um dos mais cobiçados e respeitados duques da Inglaterra, sempre presente nos eventos mais prestigiados, com um olhar penetrante e uma postura imponente. Agora, era um fantasma em sua própria propriedade, isolado do mundo, enterrado em trabalho ou perdido em lembranças que nunca se dissipavam.
A grandiosa propriedade dos Montrose, antes conhecida por seus exuberantes jardins e salões sempre iluminados, tornara-se um lugar sombrio e silencioso. Os criados andavam com cautela, temendo perturbar o senhor da casa. Nenhum baile fora realizado desde o fatídico acidente, nenhuma música ecoara pelos corredores.
O duque recusava qualquer visita, não comparecia a eventos sociais e se isolava em sua biblioteca, lendo livros que nem sempre conseguia terminar, afogando-se em documentos administrativos que preenchiam suas horas, mas não sua alma.
A sociedade murmurava.
Diziam que ele nunca mais sorriria. Que jamais voltaria a amar.
Evelyn Fairfax ouvira cada um desses rumores.
Ela ouvira quando diziam que ele se tornara frio e insensível.
Ouvira quando as damas suspiravam, lamentando o desperdício de um homem tão belo e poderoso.
E, mais do que isso, ouvira quando começaram os boatos sobre a fragilidade de seu título.
A verdade era que, apesar de sua reclusão, Alexander ainda era um dos homens mais influentes da aristocracia. Mas a nobreza era implacável. Seu afastamento da sociedade criara espaço para rivais, e um deles, o Duque de Norwood, começara a espalhar a ideia de que, sem um herdeiro, a sucessão dos Montrose poderia ser questionada.
Evelyn soube naquele momento que algo precisava ser feito.
E, no fundo do seu coração, ela sabia que aquele poderia ser o momento pelo qual esperou toda a sua vida.
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Na biblioteca da casa dos Fairfax, Evelyn estava sentada diante do pai, segurando uma xícara de chá entre os dedos, tentando esconder a ansiedade que fazia seu coração bater mais rápido.
Lorde Fairfax, um homem de postura rígida, mas de coração gentil, estudava a filha com um olhar penetrante.
— Evelyn, minha querida, não pode esperar para sempre. — Ele disse, colocando sua própria xícara sobre a mesa de mogno.
Ela ergueu os olhos lentamente.
— Eu não estou esperando, papai.
Ele suspirou.
— Então como explica sua relutância? Você teve pretendentes excelentes. Lorde Dunmore a cortejou por meses. O Visconde de Harrington quase se ajoelhou para pedi-la em casamento. E o que fez? Recusou todos.
Evelyn manteve a postura serena.
— Porque não eram o homem certo.
— E quem seria esse homem certo? — O pai perguntou, já sabendo a resposta.
O silêncio de Evelyn foi suficiente para confirmá-la.
— Alexander Montrose. — Ele murmurou, esfregando a têmpora como se estivesse cansado.
Ela desviou o olhar, mas não negou.
Lorde Fairfax recostou-se na cadeira, observando-a com curiosidade.
— Minha filha, ele não é o mesmo homem de três anos atrás. Ele se trancou no próprio sofrimento. O que a faz pensar que ele aceitaria um casamento?
Evelyn respirou fundo.
— Porque ele precisa.
O pai arqueou uma sobrancelha.
— E por que acha isso?
Ela hesitou por um momento, depois revelou:
— Porque o Duque de Norwood está tramando contra ele. Dizem que pretende usar sua reclusão e a ausência de um herdeiro como justificativa para contestar a sucessão.
Lorde Fairfax franziu o cenho.
— Isso é verdade. Mas Alexander ainda pode contestar. Ele é o duque legítimo.
— Por enquanto. — Evelyn disse suavemente. — Mas e se encontrarem uma brecha? E se os boatos crescerem? A nobreza pode ser cruel. O duque precisa proteger seu título.
O pai ficou pensativo, mas ela percebeu que ele considerava suas palavras.
— E você realmente acredita que ele aceitaria se casar por isso? — Ele perguntou, ainda cauteloso.
Evelyn engoliu em seco.
— Eu não sei. Mas ele precisa dessa chance. E eu também.
Lorde Fairfax ficou em silêncio por um longo momento, depois soltou um suspiro pesado.
Ele sempre soubera que sua filha nutria um afeto profundo por Alexander Montrose. Mesmo quando Evelyn tentava esconder seus sentimentos, era impossível não perceber a forma como seus olhos seguiam o duque em eventos sociais.
A menina que passara anos escondendo sua beleza por trás de vestidos antiquados e óculos desajeitados crescera em uma mulher determinada.
— Você realmente o ama, não é? — Sua voz era mais suave agora.
Evelyn o olhou com firmeza, seu olhar carregado de uma certeza inabalável.
— Desde que me entendo por gente.
O pai expirou longamente, apertando os dedos sobre a mesa.
— Muito bem. — Ele disse, finalmente.
Evelyn arregalou os olhos.
— Papai…?
Ele sorriu levemente.
— Se é isso que deseja, falarei com Alexander.
— Falará? — Sua voz era uma mistura de espanto e esperança.
Lorde Fairfax inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos na mesa.
— Afinal, ele precisa de uma esposa… e eu conheço a candidata perfeita.
Evelyn sentiu seu coração disparar.
Ela esperara anos por esse momento.
Mas será que Alexander Montrose estava pronto para aceitá-la? Ou o fantasma de Margaret ainda dominaria seu coração?
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Dione Lopes
Casar com um homem que vive no passado com o amor de sua falecida esposa, talvez um novo amor o faça reacender para a vida dê uma nova chance de ser feliz, não vai ser fácil chegar até o coração dele mas nada é impossível.
2025-02-26
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Ana Karol Campos
é uma faca de dois gumes... por um lado esse luto eterno e quase obseção pela falecida e por outro lado uma pessoa que o amou a tato tempo e de uma forma pura que pode voltar a iluminar o coração sombrio dele.
2025-03-13
1
Graça Barbosa
princesa linda você terá que ter paciência pra conquistar coração do seu amor mais com carinho e dedicação creio que você conseguirá e vocês serão muito felizes
2025-03-06
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