CAPÍTULO 15

POV SELENE

O dia amanheceu, e com ele, Harper acordou. Diferente de mim, ela conseguiu dormir. Eu estava sentada na cama, abraçando minhas pernas, com os olhos fixos na janela, onde os primeiros raios de sol começavam a entrar. Meu corpo estava cansado, mas minha mente estava alerta, revirando os eventos da noite passada como se tentasse encontrar uma explicação que fizesse sentido.

Harper se espreguiçou, bocejando alto, e então olhou para mim. Seus olhos estreitaram, e ela franziu a testa.

— O que houve que você está com essa cara? — ela perguntou, sentando-se na cama. — Espere, você dormiu?

Eu abracei minhas pernas com mais força, evitando seu olhar. — Não muito.

Harper levantou uma sobrancelha, claramente preocupada. — O que houve? A última vez que te vi, você foi pegar um copo de água. Inclusive não estou vendo nenhum copo aqui. — Ela olhou em volta, como se esperasse encontrar o copo em algum lugar. — Alguém te disse algo? Brigou com você? Foi a cozinheira, né?

Eu escondi o rosto nas minhas mãos, sentindo um calor subir pelas minhas bochechas. — Quem dera fosse.

Harper ficou em silêncio por um momento, e então seu tom de voz mudou, ficando mais sério. — Não foi ela? Então quem foi?

Eu respirei fundo, sabendo que não adiantava esconder. — Foi o Alfa. Eu vi o Alfa ontem à noite na cozinha. Ele se dirigiu a mim, e eu... corri.

Harper ficou paralisada por um momento, e então seus olhos se arregalaram. — Deuses, Selene! — ela exclamou, em um tom que misturava choque e preocupação. — Você fugiu do Alfa?

Eu sabia que iria ser punida. Eu fugi de uma ordem do Alfa. Mesmo que ele não tivesse dado uma ordem explícita, eu sabia que fugir dele era uma afronta. E, no castelo, afrontas não eram toleradas.

— Eu não sabia o que fazer — eu disse, em um tom baixo, quase um sussurro. — Ele me olhou, e eu... eu fiquei com medo.

Harper balançou a cabeça, claramente frustrada. — Selene, você sabe o que isso significa, não sabe? Se ele decidir que você o desrespeitou...

— Eu sei — eu interrompi, sentindo um nó se formar na minha garganta. — Eu sei, Harper. Mas eu não consegui controlar. Ele estava lá, de repente, e eu... eu não estava preparada.

Harper suspirou, sentando-se ao meu lado na cama. Ela colocou uma mão no meu ombro, e eu senti um pouco do peso sair dos meus ombros.

— Bem, o que está feito está feito — ela disse, em um tom mais suave. — Agora, precisamos pensar no que fazer a seguir.

Eu olhei para ela, sentindo uma mistura de gratidão e medo. — O que você acha que devemos fazer?

Harper ficou em silêncio por um momento, pensativa. — Bem, primeiro, precisamos descobrir se ele vai fazer algo sobre isso. Se ele não disse nada, talvez ele não tenha se importado. Mas, se ele decidir que você o desrespeitou...

— Eu sei — eu disse, novamente, sentindo um frio na espinha. — Eu vou ser punida.

Harper balançou a cabeça, claramente tentando encontrar uma solução. — Talvez possamos dizer que você não o reconheceu. Que estava escuro, e você não sabia que era ele.

Eu olhei para ela, sentindo um pouco de esperança. — Você acha que isso funcionaria?

Harper encolheu os ombros. — Não sei. Mas é melhor do que nada.

Nós ficamos em silêncio por um momento, cada uma mergulhada em seus próprios pensamentos. Eu sabia que Harper estava tentando me ajudar, mas eu também sabia que as chances de isso funcionar eram mínimas. O Alfa não era conhecido por sua clemência, e eu duvidava que ele aceitaria uma desculpa tão fraca.

— O que você acha que ele estava fazendo na cozinha? — Harper perguntou, quebrando o silêncio.

Eu hesitei, tentando lembrar os detalhes da noite passada. — Ele parecia... cansado. Como se não conseguisse dormir. Ele estava procurando algo para comer, eu acho.

Harper balançou a cabeça, claramente pensativa. — Bem, talvez ele não esteja com raiva. Talvez ele só estivesse cansado e não tenha se importado com você.

Eu não respondi, mas senti um pouco de esperança crescer dentro de mim. Talvez Harper estivesse certa. Talvez ele não tivesse se importado. Mas, no fundo, eu sabia que isso era apenas um desejo, não uma certeza.

— Vamos lá — Harper disse, levantando-se da cama. — Precisamos começar o dia. E, Selene, tente não se preocupar tanto. Nós vamos descobrir o que fazer.

Eu acenei com a cabeça, sentindo um pouco do peso sair dos meus ombros. Harper sempre soube como me acalmar, e eu estava grata por tê-la ao meu lado.

Nós saímos do quarto e começamos a nos preparar para o dia. Enquanto eu me vestia, minha mente continuava vagando para a noite passada, para o Alfa e para o medo que eu sentira. Eu sabia que não poderia fugir para sempre, mas, por enquanto, eu estava disposta a tentar.

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