— O quê? — perguntei, incrédula.
— Isso mesmo. Sou a Deusa do mundo em que você acaba de despertar, Maryelle.
Ouvir aquele nome desconhecido me incomodava. E o fato de estar conversando com uma suposta Deusa? Simplesmente inacreditável. Mas, considerando tudo o que havia acontecido nas últimas vinte e quatro horas, nada parecia real. Talvez o único motivo pelo qual eu ainda não estava surtando fosse justamente porque minha mente se recusava a acreditar que tudo aquilo era verdade. Parecia apenas um sonho... Um sonho estranho e absurdamente vívido.
— Você pode... não me chamar assim? — pedi, desconfortável. — É estranho.
— Necessitas acostumar-te com vosso novo nome. Agora és Maryelle, e não mais Vitória.
Antes que eu pudesse retrucar, uma luz dourada resplandecente a envolveu. O brilho era tão intenso que precisei fechar os olhos por um instante. Quando voltei a enxergar, ela estava... do meu tamanho.
— O quê? Você pode aumentar e diminuir de tamanho como quiser?
A Deusa Celeste sorriu, satisfeita.
— Sim, posso. Legal, não é?
— É, sim... — Concordei, ainda perplexa. — Mas então, por que estava tão alta antes...?
Celeste desviou o olhar e coçou a garganta. Uma leve coloração avermelhada tingiu suas bochechas.
— Ahem...
Foi o suficiente para eu entender.
— Você só queria parecer mais grandiosa, não é?
Ela pigarreou e virou o rosto, fingindo não ouvir minha provocação.
— Enfim... Sabe por que a chamei aqui?
— Para quê?
Celeste suspirou teatralmente e cruzou os braços.
— Porque esse mundo está um desastre completo.
Ela estalou os dedos e, em um piscar de olhos, um livro apareceu em sua mão, envolto em um brilho dourado. Meu coração parou por um momento. Eu conhecia aquele livro.
— Essa é... a novel que eu li...
— Exato. Você já conhece essa história. Agora, está dentro dela.
Minha mente girou.
— Então quer dizer que eu... morri? — Minha voz saiu mais baixa do que eu gostaria.
— Isso mesmo. E este é seu novo começo.
Minhas mãos tremeram, mas apertei os punhos, tentando manter a compostura. Celeste continuou:
— Esse mundo está um caos, e eu tenho certas limitações. Minha filha, que deveria agir como minha porta-voz, está ocupada demais namorando o filho do Kristen... Aquele babaca. — Ela murmurou a última parte para si mesma.
Eu ainda estava tentando processar tudo.
— E então? — pressionei.
A Deusa sorriu, como se estivesse esperando que eu perguntasse.
— Então é aí que você entra, é claro! Você veio de outro mundo, tem um senso de lógica muito melhor do que a maioria das pessoas daqui e, além disso, agora é filha da família ducal mais prestigiada do Império.
— Não... — Balancei a cabeça, tentando recusar aquela ideia absurda. — Como eu poderia simplesmente me tornar outra pessoa do nada? E meu irmão? Minha vida? Se você é mesmo uma Deusa, me leve de volta agora!
Celeste inclinou a cabeça e seu olhar carregava um toque de melancolia e paciência.
— Oh, querida... Voltar? Para onde, exatamente?
— Para...
As palavras morreram em minha garganta. A lembrança daquela ligação com Jorel ressurgiu em minha mente, nítida e dolorosa. Eu precisava voltar. Precisava descobrir o que aconteceu. Se ele estava vivo. Se havia sido assassinado. E, se tivesse sido...
— Para o meu mundo. — completei.
Celeste suspirou.
— Acho que você se esqueceu, mas ja disse que você morreu lá.
Meu peito apertou. Eu já havia percebido.
— Essa é uma nova chance de viver, então pare de surtar e vá aproveitar. Pelo amor do Pai.
Ela sorriu e, então, estendeu a mão para mim.
— E então, o que me diz?
Eu...
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Atualizado até capítulo 27
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