Capítulo 18 - A aventura começa

Os anos passaram e, apesar de todos os olhares voltados para mim, sejam eles de admiração, desdém ou inveja, minha vida começou a se estabilizar. Meus estudos continuaram, minhas habilidades mágicas se aprimoravam, e, pouco a pouco, fui construindo laços mais profundos com as pessoas ao meu redor.

Adrian, meu irmão, já tinha doze anos e seu talento com magia de raio só crescia. Ele fazia questão de treinar na minha frente, ostentando suas faíscas elétricas com um orgulho quase cômico. Mas, no fundo, eu sabia que era sua forma de me incentivar.

— Maryelle, quando eu for mais velho, serei o cavaleiro mais forte deste império! E você terá que me reconhecer como o melhor guerreiro da família! — ele dizia, cruzando os braços.

— Ah, claro, claro. Só se eu não te derrotar antes — retruquei, sorrindo.

Ele bufava, mas no fim sempre ria.

Eu me pegava pensando frequentemente no motivo de, ao acordar pela primeira vez neste mundo, minha mãe ter dito que eu era a herdeira do ducado, se o verdadeiro herdeiro é meu irmão.

A amizade com a princesa Elenia, também floresceu. No início, ela era tímida e mantinha uma distância formal, mas com o tempo, percebi que ela era uma menina esperta e cheia de energia. Uma vez, enquanto brincávamos no jardim do palácio imperial, ela me puxou de lado e sussurrou:

— Você não sabe a confusão que causou na corte. Tem lordes e barões que falam de você o tempo todo.

— De mim? — franzi a testa.

— Sim! Todo mundo quer saber quem será seu noivo no futuro!

Apenas revirei os olhos.

— Se depender de mim, essa decisão vai demorar bastante.

Ela riu.

Além de Elenia, mantive contato com meus outros amigos e, recentemente, conheci outras crianças adoráveis, como os gêmeos Elliot e Emilia, filhos do Marquês de Varnis, e Théo, um jovem barão aprendiz de cavaleiro. Cada um tinha sua própria personalidade e habilidades, o que me fazia perceber o quanto me apeguei a esta vida. Além disso, quanto mais pessoas entram nela, mais forte preciso ser para protegê-las.

E, claro, minha relação com os empregados da mansão se tornou algo especial. Minha babá, Liriel, ainda era minha maior confidente dentro de casa, sempre pronta para me aconselhar e, quando necessário, me dar broncas. As três criadas pessoais, Elise, Mira e Celine, já sabiam exatamente como eu gostava de me vestir e o que me fazia rir. O jardineiro, Sr. Hugo, gostava de me contar histórias antigas enquanto cuidava das plantas, e o cavaleiro que me salvou quando bebê e agora me dava aulas — Sir Kalel — havia se tornado uma figura de proteção e treinamento para mim.

Eu estava crescendo cercada de pessoas que realmente se importavam comigo.

Mas, apesar de toda essa vida movimentada e dos treinos constantes, uma coisa nunca saiu da minha mente.

A mina abandonada atrás da mansão.

Agora, com oito anos e um conhecimento muito maior do que antes, era hora de ir atrás da joia sagrada.

Que a aventura comece.

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