capítulo 03 - o presente e o futuro

Com os olhos cansados, mas determinada, Vitória continuou sua pesquisa, buscando mais informações sobre a cidade de Bundang, em Seongnam. A madrugada se estendia diante dela, e ela estava cada vez mais convencida de que aquele poderia ser o lugar ideal para a nova fase de sua vida e de seu irmão, Jorel.

Pensou na qualidade de vida que ele poderia ter: Bundang era conhecida por sua infraestrutura moderna e eficiente, com edifícios de última geração e áreas públicas bem cuidadas. Mais importante ainda era o ambiente ao redor – muitos parques, áreas verdes, o ar mais puro em comparação com as cidades mais movimentadas, e uma atmosfera que parecia tranquila e acolhedora. Isso seria perfeito para Jorel crescer em um espaço onde ele pudesse explorar e aprender.

A educação em Bundang também era um ponto forte. Vitória sabia que a educação era a chave para o futuro do irmão, e as escolas naquela área eram algumas das melhores do país. Além disso, a cidade era recheada de espaços culturais, onde crianças podiam se desenvolver em várias frentes, desde atividades artísticas até esportivas. A ideia de ver Jorel paróticipando de atividades enriquecedoras a fazia sorrir.

O ambiente familiar era outro fator essencial. Vitória sabia que cria-lo em um lugar seguro, com baixa poluição e tráfego mais controlado, ajudaria a garantir um futuro mais saudável para Jorel. Além disso, a proximidade de Seul significava que, mesmo vivendo em um lugar mais tranquilo, não perderiam as oportunidades profissionais que a capital oferecia. A localização estratégica de Bundang tornava a cidade ainda mais atraente.

Perdida em seus pensamentos sobre tudo o que Bundang poderia oferecer, Vitória percebeu que a madrugada já avançava. Quando olhou para o relógio, eram 03h47. Suspendeu a respiração por um momento, como se o tempo tivesse parado por um segundo, até que soltou um longo suspiro. "Será que estou sonhando alto demais?", pensou. Mas, por um momento, se sentiu confiante de que aquela poderia ser a mudança que ela e Jorel precisavam.

Fechou o notebook e, sem saber ao certo como, a ideia de ligar para sua tia Fernanda surgiu em sua mente. Embora estivesse tarde, no Brasil ainda era tarde da tarde, o momento ideal para pegar a tia e Jorel antes de dormir.

Pegou o celular e discou o número da tia. O telefone chamou algumas vezes antes de Fernanda atender.

— Alô! Vitória?

— Oi, tia! Como a senhora está? E o Jorel? — perguntou, tentando disfarçar o cansaço.

— Estou bem, graças a Deus. O Jorel está brincando aqui, quer falar com ele?

Vitória sorriu, já sentindo uma onda de carinho ao ouvir a voz de sua tia. Alguns segundos depois, o rosto de Jorel apareceu na tela, com os olhos brilhando de empolgação.

— Oi, Vi! — ele exclamou, animado.

— Oi, campeão! Tá brincando de quê? — Vitória perguntou, feliz por vê-lo bem.

— Corrida! Eu sou o mais rápido! — Jorel respondeu, fazendo uma careta enquanto empurrava um dos carrinhos, que deslizou com força pelo chão. — E eu duvido que alguém te alcance!

Vitória riu com a espontaneidade de Jorel. Aquela conversa a fez se sentir mais próxima de seu irmão, e por um momento, ela esqueceu o cansaço. Conversaram por alguns minutos, até que a tia, que já começava a se preparar para o jantar, disse:

— Vou começar a fazer o jantar, Vi. Até a próxima!

— Ta bom, tia! Dá um beijo no Jorel por mim! — Vitória disse, sentindo uma saudade imensa dele.

Despediram-se, e ela finalmente deitou na cama. Fechou os olhos, ainda com a imagem de Jorel em sua mente, e, antes de adormecer, sentiu uma paz interior. Talvez a mudança fosse a melhor decisão para o futuro dele.

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