Seu pai morrerá.

    Eu ainda sentia o cheiro do medo dela impregnado em minhas roupas. O tremor de sua voz ao chamar meu nome ecoava na minha mente como um grito de guerra.

A caixa. O rato morto.

Aquilo não era um simples recado. Era uma retaliação direta. Um aviso podre vindo de um homem que não aceitou sua derrota.

Antony estava sentado no sofá do quarto, ajeitando os punhos da camisa, mas seu olhar era frio como gelo quando soltou:

— Isso foi coisa do pai dela.

Eu já sabia. Não havia outra explicação. Desde que ele foi afastado dos negócios, restava-lhe apenas essa forma patética de vingança.

— Quero que o encontrem. — Minha voz saiu firme, sem espaço para discussão. — Tragam-no para o galpão.

Antony apenas assentiu e sacou o celular do bolso. Não precisou dizer muito. Apenas um nome, um comando.

— Vocês sabem o que fazer. — E desligou. Simples assim.

Enquanto ele voltava a abotoar o colete, respirei fundo, sentindo o peso do que havia acabado de acontecer.

Ela gritou por mim.

De novo.

Não importava mais o que Fernanda achava que sentia ou não por mim. O corpo dela já havia decidido. A mente dela podia negar, mas quando a dor ou o medo a tomavam por completo, só um nome saía de sua boca.

O meu.

A barreira entre nós foi derrubada. Ela não queria fugir. Ela confiava em mim.

E qualquer desgraçado que tentasse tocar nisso, que ousasse sequer sugerir que ela não pertencia a mim, pagaria caro.

Fernanda Vásquez não era só a minha mulher.

Ela era a rainha desta família.

Escolhida por mim.

Feita para mim.

Meu olhar cortou para Antony, que agora ajustava a gravata no espelho, indiferente à tensão no ar.

— Espalhe o aviso. — Minha voz saiu como uma promessa de morte. — Quem desrespeitar Fernanda… Quem tocar nela… Quem a ameaçar ou sequer a fizer se sentir mal…

Me aproximei, peguei minha jaqueta e terminei com uma frieza letal:

— …paga com a vida.

Antony ergueu uma sobrancelha, mas um sorriso pequeno apareceu em seu rosto.

— Entendido. — Ele pegou o celular novamente. — Considera isso feito.

Eu sabia que ele cumpriria.

Agora, só me restava garantir que Fernanda entraria naquela igreja e diria os votos sem mais interrupções.

E se alguém ousasse tentar…

Eu mesmo cuidaria do problema.

O ambiente ainda carregava a tensão do que acabara de acontecer, mas eu não tinha tempo para respirar.

A porta do quarto se abriu sem qualquer aviso, e duas mulheres entraram sem permissão.

Uma delas eu reconheci de imediato. Flora Vásquez. A tia de Fernanda.

A outra, uma garota que parecia ser sua filha, estava vestida de forma tão curta e vulgar que se inclinasse um pouco mais, mostraria o que não devia.

Flora me lançou um olhar avaliador antes de parar em frente ao sofá. A mulher cruzou os braços e estalou a língua contra o céu da boca.

— Então, é isso. — Sua voz carregava desprezo. — A menina que tentou matar o Don vai mesmo se casar como se nada tivesse acontecido, sem nenhuma consequência?

— E você deveria medir suas palavras, senhora Vásquez. — Minha voz foi baixa, mas carregada de ameaça.

Ela piscou, parecendo surpresa com minha interrupção.

— Ora, Luigi, não quis ofender… — tentou se justificar, mas eu já tinha terminado com essa conversa.

— Don, acho que você está esquecendo quem sou né, Don Luigi, não somos família. — falei e a filha foi responder, mas ela impediu.

— Fernanda tem personalidade. — Cruzei os braços, estreitando os olhos para ela. — E mais do que isso, ela é a futura senhora Mancini.

A filha dela soltou um risinho debochado.

Erro dela.

— O aviso já foi dado, o maldito mafioso não brinca em serviço — Continuei, deixando claro que não era um blefe e que escutei o que ela disse quando trouxe os dançarinos. — Quem tocar nela… Quem sequer pensar em desrespeitá-la…

Minha voz se tornou um sussurro letal:

— …pagará com a vida.

Flora empalideceu. Sua filha, que antes exibia arrogância, baixou o olhar, desconfortável.

Por fim, Flora apenas assentiu, sem coragem para responder.

Agarrou a filha pelo braço e saiu às pressas, sem olhar para trás.

Assim que a porta se fechou, respirei fundo e me virei para Antony que ria da situação.

— Atirar em alguém deve mesmo funcionar né, está caidinho por ela — ele falou, ele podia, confiava minha vida a Antony Mansur.

Assim que Flora e sua filha saíram do quarto, inspirei fundo, ajustando meu terno. Meu lugar agora era no altar, esperando por ela.

Saí do quarto sem olhar para trás. Meus passos eram firmes, e minha decisão, inabalável. Cada olhar que cruzava comigo refletia respeito e temor. A mensagem estava clara. Fernanda Vásquez era minha escolha. E qualquer um que ousasse desafiá-la enfrentaria as consequências.

Quando cheguei ao altar, senti o peso do momento. A igreja estava lotada. Famílias poderosas ocupavam os bancos, esperando o espetáculo. Para muitos, aquele casamento era uma farsa. Para mim, era o início de algo muito maior.

O burburinho cessou quando os primeiros acordes da marcha nupcial preencheram o espaço.

Todos se levantaram.

A porta se abriu.

E lá estava ela.

Fernanda surgiu em seu vestido impecável, um modelo clássico que a envolvia como uma promessa. Seu rosto exibia uma expressão difícil de decifrar—entre nervosismo e determinação. Mas o que mais me chamou atenção foi quem a acompanhava.

Meu pai.

Ele caminhava ao lado dela, conduzindo-a pelo corredor como se esse fosse um papel perfeito para ele, o pai que leva a noiva do filho ao altar. Não senti raiva ao vê-lo ali. Não havia espaço para isso. Simplesmente éramos diferentes demais, quando minha mãe morreu ele logo se recuperou e eu não aceitei, então vivemos não nos dando bem e só nos aturando.

Quando chegaram até mim, meu pai parou. Pegou a mão de Fernanda e, antes de entregá-la, inclinou-se ligeiramente e sussurrou algo para ela.

— Quando for tentar matar ele, faça bem feito, querida.

Fernanda arregalou os olhos, surpresa, mas antes que ela pudesse reagir, apenas lhe lançou um sorriso cínico e se afastou, rindo baixo.

Revirei os olhos e, sem paciência para suas provocações, levantei a mão, mostrando-lhe o dedo do meio.

Ele riu mais ainda e foi se sentar, satisfeito.

Sem mais interrupções, virei-me para Fernanda. Ela ainda parecia atordoada com a frase, mas assim que nossos olhares se encontraram, algo nela relaxou.

Segurei sua mão com firmeza.

Juntos, nos viramos para o padre.

E ele começou a falar.

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Comments

Maria Aparecida Nascimento

Maria Aparecida Nascimento

Acho que foi a tia dela com a filha que mandou a caixa de presente com o rato morto sem a cabeça pra a Fernanda duas cobras a flora é a Camille elas ainda vão aprontar alguma coisa contra a Fernanda

2025-04-06

1

Arlete Fernandes

Arlete Fernandes

E que passa pra lá levou a tua e a prima dela adorei bem feito oras duas cobras kkkkk acho que s prima está de olho nele isso sim!!

2025-04-08

0

Arlete Fernandes

Arlete Fernandes

O ia dele não perde a oportunidade de alfinetar ele de jeito nenhum kkkkkk

2025-04-08

0

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