Eu não sabia o que pensar. A confusão na minha mente parecia um labirinto sem fim. Tudo o que eu queria naquele momento era ter uma explicação para as emoções conflitantes que estavam surgindo dentro de mim.
Eu deveria odiá-lo, não deveria? Ele me prendeu, me forçou a vir até aqui, me fez sentir medo, mas agora, à minha frente, ele parecia... humano. Cuidadoso, até de certa forma gentil, e eu não sabia o que fazer com isso.
O teste ficou claro para mim. Ele estava me observando, me testando para ver até onde minha resistência iria. Ele queria saber se eu tentaria fugir. E, de alguma forma, eu sabia que ele estava esperando que eu falhasse. O alívio que ele sentiu quando não o fiz, quando não tentei escapar, foi quase visível, como se uma parte dele finalmente tivesse relaxado. Mas isso... isso me deixou ainda mais confusa. Eu deveria ser forte, eu deveria resistir, mas, ao invés disso, senti uma fraqueza que eu não reconhecia.
Era como se o cuidado que ele me dava fosse uma forma de punição, como se ele estivesse me testando a cada passo. O que era isso? Por que eu não conseguia simplesmente odiá-lo? Ou pior, por que parte de mim começava a... gostar dele?
Ele não era uma pessoa boa, eu sabia disso. Ele tinha feito coisas terríveis, e ainda assim, ele estava aqui, ao meu lado, ajudando, cuidando de mim de uma maneira que eu nunca imaginei que ele faria.
Me vi sentada ali, observando-o de longe, enquanto ele ficava em silêncio, esperando que eu dissesse algo. A sensação de incerteza me consumia, e a dúvida me fazia querer fugir de tudo, mas não tinha mais para onde ir. Quando ele falava, sua voz tinha uma calma estranha, uma calma que me desconcertava. Ele dizia que as coisas seriam diferentes, mas será que ele falava a verdade? Ou isso era só uma estratégia para me manter controlada?
E aquele cuidado... sempre que ele se aproximava, meu corpo sentia algo que eu não estava preparada para lidar.
A proximidade dele não me fazia querer lutar contra ele, mas sim querer ficar perto. O jeito como ele me tratava com paciência, como me ajudava até nas coisas mais simples, me fazia questionar tudo o que eu achava que sabia sobre ele.
Eu deveria me sentir mais revoltada, mais raivosa, mas em vez disso, eu me sentia... confusa.
O que me fazia mais raiva era o fato de eu não saber se isso era uma fraqueza minha ou se ele estava simplesmente me manipulando. Eu queria acreditar que ele estava sendo sincero, mas a falta de confiança dentro de mim ainda era uma barreira muito difícil de atravessar. E mesmo assim, algo me fazia querer acreditar nele, ou, pelo menos, queria entender o que estava acontecendo.
Aquela noite, enquanto ficávamos em silêncio, eu me perguntei o que realmente estava acontecendo entre nós. Eu sabia que ele não me via como uma simples prisioneira, mas também não sabia o que mais ele poderia querer de mim.
E, pior ainda, eu não sabia o que eu queria dele. Eu queria odiá-lo, mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim não conseguia fazer isso. Ele estava ali, cuidando de mim, e eu não sabia se isso me fazia mais fraca ou mais forte.
A dúvida me consumia, e a pergunta que eu não conseguia responder era: por que o cuidado dele estava me deixando assim?
Quando decidi preparar o jantar, a ideia me parecia uma tentativa de dar alguma ordem ao caos da minha mente, de fazer algo simples, algo que eu pudesse controlar.
Peguei alguns vegetais, cortei-os sem pressa, como se o tempo tivesse desacelerado naquele momento. Preparei um arroz simples e uma salada. Nada elaborado, mas o suficiente para me distrair por alguns minutos, me manter ocupada. A comida era uma coisa que eu sabia fazer, e isso, de algum modo, me dava um pouco de conforto.
Eu estava começando a me sentir um pouco mais normal, ou pelo menos tentando enganar minha mente para que acreditasse nisso. Coloquei tudo na mesa, olhei ao redor e, pela primeira vez em dias, não me senti completamente perdida. Até que ele entrou.
Luigi olhou para a mesa com uma expressão desconfiada e, com um sorriso quase desafiador, perguntou:
— Isso não tem veneno, tem? Ou você vai tentar me envenenar enquanto como, bambina?
Aquela risada dele me fez soltar um suspiro, mas ao invés de me irritar como normalmente aconteceria, me peguei sorrindo. Respondi, tentando disfarçar a leve sensação de alívio que aquele momento estava me trazendo.
— Se eu fosse envenená-lo, teria escolhido algo mais... eficaz.
Ele soltou uma risada genuína, um som profundo que me pegou desprevenida. Algo naquele sorriso dele, algo naquela forma como ele parecia se divertir com a situação, me fez relaxar um pouco. Isso era uma surpresa. Não esperava isso dele, não depois de tudo que aconteceu. Ele se sentou à mesa, sem dizer nada, apenas me observando enquanto eu servia o arroz.
Comemos em um silêncio confortável, mas não havia tensão no ar como antes. A leveza no momento, a forma como ele me provocava, e eu respondia de volta, era algo novo. Algo que eu não sabia exatamente como lidar.
Não éramos amigos, ainda havia muita coisa entre nós, mas era como se, por algum motivo, estarmos ali, compartilhando aquele simples jantar, tivesse tirado um peso do meu peito.
Ele olhou para mim com um sorriso sincero depois que fiz uma piada sobre o sabor do arroz.
— Não esperava que você fosse boa na cozinha, bambina. Talvez eu tenha subestimado você.
Eu não pude deixar de soltar um pequeno riso, algo genuíno que escapou de mim sem que eu pudesse controlar.
— Eu não sou uma cozinheira profissional, mas posso garantir que não morremos de fome.
Luigi me olhou por um momento, seus olhos mais suaves do que o normal, como se estivesse me vendo de uma maneira que eu não sabia decifrar. E então, com um sorriso mais leve, disse:
— Eu não morreria de fome, com ou sem sua comida.
Eu fiquei em silêncio, sentindo uma estranha sensação de calma. Não era amizade, não era uma conexão profunda, mas havia algo ali, algo confortável, que eu não conseguia explicar. Algo que, por um momento, fez tudo parecer menos difícil, menos aterrorizante.
Era um momento simples. E, de alguma forma, parecia que aquele momento era o mais tranquilo que eu tivera em dias. E eu não sabia como lidar com isso.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Jucileide Gonçalves
Estão construindo uma relação bem legal entre os dois.
2025-04-04
0
Maria Aparecida Nascimento
Agora sim a vida deles está entrando nos trilhos
2025-04-06
0
Arlete Fernandes
Começaram a construir algo mais sólido juntos é muito bom para os dois!
2025-04-08
1