Quando fiz 18 anos, não comemorei.
A idade em que eu finalmente poderia escolher meu próprio destino trouxe uma maldição, a confirmação de um casamento.
Meu aniversário de dezoito anos não me trouxe liberdade. Pelo contrário, foi o lembrete cruel de que minha vida nunca foi realmente minha.
Eu era Fernanda Vasquez, filha de um homem poderoso que decidiu que eu seria uma peça de xadrez perfeita para fortalecer um império. Desde criança, fui criada para ser a esposa ideal, submissa, controlada e obediente. Meu destino já estava traçado muito antes de eu compreender o que pertencia a alguém.
E esse alguém era Luigi Mancini.
Ele sabia que eu estava prometida a ele desde que eu era apenas uma garotinha. Ele sabia, mas nunca se importou. Nunca me tocou. Nunca aconteceu nada, nenhuma troca de palavras.
Até agora.
Meu casamento estava marcado para dali uma semana. Meu pai já tinha selado o acordo, e Luigi estava apenas esperando o dia em que eu tornaria sua oficialmente.
Mas eu não queria ser dele.
E naquela noite, quando minha prima Camille preparou uma pequena festa para me “distrair” do pesadelo que estava vivendo, eu tive um vislumbre de liberdade. Ela trouxe algumas amigas, encheu o hotel de champanhe e, para minha surpresa... dançarinos.
— O que é isso, Camille? — Perguntei franzindo a testa ao ver os homens entrarem.
Ela riu, segurando minha mão.
— Diversão, prima! Pelo menos hoje, esqueça que vai se casar com um maldito mafioso.
Eu quis dizer que aquilo era uma loucura, que Luigi nunca deixaria isso passar impune, mas antes que eu pudesse reagir...
A porta foi escancarada com violência.
E lá estava ele.
Luigi Mancini.
Seu olhar escuro varreu o ambiente como uma lâmina afiada. Cada músculo do seu corpo parecia tensionado, sua presença dominando completamente o quarto.
Ninguém precisou de um segundo aviso. Os dançarinos saíram apressados, Camille empalideceu e sumiu no mesmo instante.
E eu fiquei ali. Sozinha com ele.
Luigi fechou a porta e caminhou até mim com uma calma assustadora.
— Você achou que era uma boa ideia? — Sua voz era baixa, quase uma sugestão transferida de veneno.
Cruzei os braços, fingindo uma coragem que não sentia.
— Você não manda em mim. — Falei.
— Mando, sim. E você sabe disso. — ele respondeu me deixando com sangue nos olhos.
— Você está doente. Espionar minha despedida? Você é um psicopata.
Ele falou lentamente de uma forma letal:
— Eu sou seu noivo. E não admito desrespeito.
— Você não admite que eu tenha uma escolha.
— Exatamente.
Minha respiração estava acelerada, a fúria e o medo se misturavam. E então, quando Luigi virou de costas, minha atenção foi para o cabo da arma que ele carregava presa na cintura.
Meu corpo agiu antes da minha mente.
Minha mão se moveu rápido e, em um instante, eu peguei a arma.
A sala ficou em silêncio.
Luigi parou no mesmo instante. Lentamente
A arma estava em minhas mãos, escondida em minhas costas.
— Preciso de espaço. — falei
— Espaço? Você quer espaço para quê? Para tentar fugir? Para se iludir achando que pode mudar o destino?
Minha raiva ferveu.
— O destino pode ser mudado.
Ele se aproximou ainda mais, até que não havia mais espaço entre nós. Seu perfume amadeirado e intenso me envolve, mas eu me recusei a recuar.
— Não quando você nasceu para ser minha.
Meu coração bateu forte. Odiei a forma como aquelas palavras que me atingiram.
— Eu nunca vou ser sua.
Ele inclinou a cabeça, os olhos brilhando em pura provocação.
— Ah, você já é. Só ainda não aceitou.
Então peguei a arma e apontei para ele.
Meu coração batia frenético no peito, a adrenalina zunindo nos meus ouvidos. Luigi parou assim que viu o peso do metal apontado para ele. Sua respiração não mudou, seu olhar escuro encontrou o meu, mas... ele não parecia surpreso.
Ele ergueu uma sobrancelha, quase riu de mim.
— Você não tem coragem. — Sua voz era baixa, perigosa.
Sua audácia era imensa, ele não aparentava ter medo, era corajoso ou um excelente ator.
— Quer apostar?
Luigi abriu os braços como se duvidasse, eu também duvidei de mim mesmo, mas não demonstraria.
— Então fique à vontade, princesa.
Minha mão tremia. Eu queria que ele demonstrasse medo. Queria que ele implorasse. Mas Luigi Mancini não tinha medo de nada.
Ele deu um passo à frente, e meu dedo pressionou um pouco
— Vai em frente, Fernanda. Puxe o gatilho e termine isso.
Ele falou como se soubesse que eu não faria isso. Como se estivesse jogando comigo, me testando.
Minha raiva aumentou.
— Eu te odeio! — gritei.
Ele sorriu. Maldito.
— Ótimo. Odiar já é um começo. Pelo menos significa que pensa em mim.
Antes que pudesse responder, Luigi avançou rápido para pegar a arma de mim. Meu corpo reagiu no instinto, e o tiro ecoou no quarto.
O tempo pareceu parar.
Vi o impacto no peito dele, o sangue se espalhando na camisa branca. Seu corpo cambaleou para trás e ele não tirava os olhos dos meus.
Minhas mãos tremiam.
O que eu fiz?
— L-Luigi... — Minha
Ele caiu no chão e meu desespero cresceu, eu morreria.
Minha respiração ficou errática, um nó de pânico se formou na minha garganta. Eu não queria matá-lo. Eu não queria matar ninguém!
A adrenalina me fez agir antes que meu cérebro assimilasse ou que acontecia. Girei nos calcanhares e corri.
Sai do quarto como um furacão, o corredor vazio à minha frente era um verdadeiro milagre.
Eu preciso fugir.
Minhas pernas tremiam enquanto eu me esgueirava pela área dos funcionários, o coração martelando tão alto que eu jurava que todos pudessem ouvir. Passei por uma porta de serviço, desci as escadas estreitas, ouvindo minha própria respiração descompensada.
Cada passo me afastou de Luigi e me aproximou da liberdade, mesmo que não da forma que eu pensava, mas estava livre do casamento.
Cada passo me tornava uma fugitiva, uma assassina e o risco que eu correria de hoje em diante era maior que o medo que eu tinha em si.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Arlete Fernandes
Pois é e ela meteu os pés pelas mãos e vai ser caçada até ser achada e vai ser cobrada pelo que fez e ele não vai ter clemência!!!
2025-04-08
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Joana Sena
caraca, pensei que conseguiria arrancar a arma dela e agora Fernanda do céu 😱😱
2025-02-27
1
maria conceiçao
ele queimou que ela tirou mesmo com medo que que adianta agora ele respeita ela ou ele marca né
2025-03-15
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