O carro seguia pela estrada sinuosa que margeava o litoral, enquanto o sol já começava a se inclinar em direção ao horizonte, tingindo o céu com tons alaranjados e rosados. O silêncio confortável entre mim e Sebastian era apenas quebrado pelo som da brisa do mar e da música suave que ele havia colocado no rádio.
Ainda pensava em Damian. O modo como ele parecia surgir nos momentos mais inesperados, como se o universo estivesse conspirando para mantê-lo na minha órbita. Mas, naquele instante, enquanto observava Sebastian ao volante, seu perfil iluminado pela luz dourada do fim da tarde, decidi afastar Damian da minha mente — pelo menos por agora.
— Você quer ver mais alguma coisa? — Sebastian perguntou, quebrando o silêncio, seu olhar rapidamente desviando da estrada para mim.
— Estou adorando tudo. Mas… você não está cansado de ficar me arrastando por aí? — perguntei com um sorriso brincalhão.
Ele riu, aquele riso fácil que parecia preencher qualquer espaço vazio.
— Cansado de companhia agradável? Nunca.
Rolei os olhos, rindo também. — Você é sempre assim? Charmoso sem esforço?
— Naturalmente, é um dom — disse, fazendo uma pose dramática, o que me fez rir ainda mais. — Mas, falando sério, gosto de estar com você. É… diferente.
Seu tom mudou um pouco no final da frase, mais suave, mais sincero. Senti meu rosto esquentar, mas disfarcei olhando pela janela. O coração acelerou por um motivo que eu não queria admitir.
Ele parou o carro perto de um mirante isolado, com uma vista deslumbrante do mar. O sol já estava mais baixo, criando um reflexo dourado na água. Descemos do carro, e o ar fresco bateu no meu rosto, trazendo uma sensação revigorante.
— Uau — murmurei, caminhando até o parapeito de pedra.
Sebastian se aproximou e ficou ao meu lado, as mãos nos bolsos, o olhar fixo no horizonte. Ficamos em silêncio por um tempo, apenas apreciando a vista. O som das ondas lá embaixo, quebrando suavemente contra as rochas, criava uma trilha sonora natural para aquele momento.
— Sabe — ele começou, a voz baixa e pensativa —, quando você chegou, achei que seria difícil conviver com alguém novo na casa. Mas você… trouxe algo diferente.
Virei-me para olhá-lo, surpresa pela sinceridade.
— O quê? Problemas?
Ele riu, balançando a cabeça.
— Não. Você trouxe… vida. A casa é tão grande e, às vezes, tão silenciosa, que chega a ser sufocante. Mas você… você é como uma brisa.
Senti meu coração dar um salto. Não sabia o que responder, então apenas sorri, um sorriso pequeno e verdadeiro.
— Obrigada por hoje, Sebastian. Foi um dos dias mais leves que tive desde que cheguei aqui.
Ele se aproximou um pouco mais, e o ar entre nós pareceu mudar. Não de forma pesada, mas com uma intensidade silenciosa. Nossos olhares se encontraram, e por um segundo o mundo ficou em suspenso.
— Você merece se sentir leve — ele sussurrou, a voz rouca, quase um sussurro levado pelo vento.
O coração batia acelerado, e eu não sabia se era pela beleza do momento ou pela proximidade de Sebastian. Talvez fosse um pouco dos dois.
Ele sorriu de lado, quebrando a tensão. — Vamos? Está começando a esfriar.
Assenti, respirando fundo. Voltamos para o carro, e o caminho de volta foi preenchido por uma conversa leve, cheia de piadas e provocações amigáveis. Falamos sobre nossos filmes favoritos, músicas e até mesmo algumas lembranças de infância.
— Espera, você nunca andou de bicicleta sem rodinhas? — ele perguntou, fingindo indignação.
— Nunca tive uma bicicleta, na verdade — respondi, rindo da expressão chocada dele.
— Isso é um crime! Amanhã vamos resolver isso.
— O quê?
— Vou te ensinar a andar de bicicleta.
Eu ri, balançando a cabeça.
— Você é impossível.
— E você vai aprender, confie em mim.
O riso continuou até estacionarmos em frente à casa. O céu agora estava tingido de roxo e azul escuro, com as primeiras estrelas aparecendo. Descemos do carro em silêncio, mas era um silêncio confortável, cheio do eco das risadas que havíamos compartilhado.
Antes de entrarmos, Sebastian se virou para mim.
— Hoje foi um bom dia, não foi?
Assenti.
— Foi perfeito.
Ele sorriu, e por um segundo achei que ele fosse dizer algo mais, mas apenas assentiu e abriu a porta, deixando-me com o coração um pouco mais leve e um sorriso bobo no rosto.
Enquanto subia para o meu quarto, pensei em como aquele dia tinha sido simples, mas cheio de momentos que pareciam importantes. O riso fácil de Sebastian, sua gentileza, o modo como ele conseguia fazer o mundo parecer menos complicado.
E, mesmo assim, quando me deitei na cama, a última imagem que passou pela minha mente antes de adormecer foi a de Damian, parado ao lado de sua moto, com o olhar perdido no horizonte.
Por mais que eu tentasse, ele ainda estava lá. Sempre.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 75
Comments
Onilda Furlan
Damian, Damian o que será que aconteceu com você?????
2025-03-17
1