A noite não havia acabado, mas para mim, já parecia um pesadelo sem fim. Enquanto Sebastian me conduzia para fora da festa, o som das risadas e da música foram diminuindo, até que ficaram apenas ecos distantes. Ele me guiava com uma mão firme, ainda com o olhar fixo em mim, preocupado com o pequeno arranhão na minha testa.
O ar frio da noite tocou meu rosto, mas a sensação de desconforto não passou. A adrenalina da briga ainda pulsava dentro de mim, e as imagens do que acontecera, especialmente o comportamento brutal de Damian, não saíam da minha cabeça. Eu sentia que estava em um turbilhão de emoções, uma confusão mental difícil de dissipar.
— Você está bem? — Sebastian perguntou, com uma leve tensão na voz. Ele me olhava com uma mistura de preocupação e irritação. Estava claro que a briga não era algo com o qual ele estava confortável.
Eu apenas balancei a cabeça, tentando disfarçar o que realmente estava sentindo.
— Estou, só um pouco tonta. — Minha voz saiu mais fraca do que eu pretendia, mas ele pareceu não perceber, já que se concentrou mais na minha testa, que estava começando a inchar levemente.
— Vamos para casa, você precisa descansar. — Ele disse com firmeza, mas a preocupação era evidente em seus olhos. Eu sabia que ele estava tentando ser forte por mim, mas no fundo, ele também estava abalado com o que acontecera na festa.
Eu o segui sem dizer nada, meu pensamento vagando entre a cena da briga e os olhares de Damian. O que ele realmente havia feito? Por que ele tinha reagido daquela maneira, tão furiosa, tão violenta? Eu não conseguia entender. Havia algo obscuro nele, algo que parecia estar sempre à espreita, e que se manifestava nas suas atitudes impulsivas.
Quando chegamos à mansão, a sensação de alívio foi momentânea. O grande portão de ferro se fechou atrás de nós, e a quietude da casa parecia um contraste ainda mais profundo com o caos da festa. Sebastian me levou até o sofá da sala de estar, pedindo que eu me sentasse enquanto ele procurava um pouco de gelo para a minha testa. Ele foi rápido e eficiente, como se tivesse feito isso muitas vezes antes.
Eu me deixei cair no sofá, sentindo os músculos tensos do meu corpo relaxarem um pouco. A dor na minha testa não era tão forte, mas o turbilhão em minha mente persistia. Eu estava tentando processar tudo o que acontecera, mas quanto mais pensava, mais a sensação de estar fora de lugar aumentava. Eu havia me metido em um mundo que não entendia completamente. Pessoas, atitudes, comportamentos… tudo era novo e estranho para mim.
Enquanto Sebastian saía para buscar o gelo, a casa parecia ainda mais silenciosa. As grandes janelas da sala davam para o jardim iluminado, e eu podia ver a luz suave da lua refletindo nas águas da piscina. O lugar era majestoso, com a decoração requintada, mas tudo parecia frio e impessoal, como se ninguém realmente morasse ali, apenas vivesse. Eu estava tentando me adaptar, tentar encontrar algum tipo de conforto, mas a verdade é que sentia falta de tudo o que deixara para trás, da minha mãe, de Boston, da minha antiga vida.
Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi o som dos passos de alguém se aproximando. Eu levantei a cabeça lentamente, e lá estava Damian. Ele apareceu na porta da sala, parado no limiar, com uma expressão impassível no rosto. Eu não sabia o que esperar dele, mas sentia uma energia densa no ar, algo que fazia meu estômago se revirar.
— O que você está fazendo aqui? — minha voz saiu mais forte do que eu pretendia.
Ele não respondeu imediatamente. Ficou ali, apenas me observando com seus olhos intensos. Sua presença na sala parecia ocupar todo o espaço, como se ele fosse o único ser ali.
— Eu só… — ele começou, com uma voz baixa e carregada, mas logo se calou, como se estivesse buscando a palavra certa. — Eu só queria saber como você está.
Eu olhei para ele, sem acreditar no que estava ouvindo. Como ele podia ser tão frio, tão distante, depois de tudo o que acontecera? Ele era alguém completamente diferente daquele homem selvagem e fora de controle que eu vira na festa.
— Você está bem? — ele insistiu, mas sua voz era tão impessoal que quase me deixou ainda mais irritada. Ele não parecia genuinamente preocupado. Era como se estivesse apenas cumprindo uma formalidade.
— Você… Você foi um monstro lá fora! — eu falei sem pensar. — O que diabos aconteceu com você? Como pode ser tão agressivo assim, sem motivo algum?
Damian permaneceu em silêncio por um momento, como se estivesse absorvendo minhas palavras. Sua expressão não mudou, mas havia algo nos seus olhos que eu não sabia identificar. Talvez fosse dor, talvez fosse frustração.
— Não é o que você pensa, Lilian. — Ele finalmente falou, a voz mais grave agora, carregada de algo que parecia ser culpa ou arrependimento. — Eu não queria fazer aquilo, mas às vezes eu não posso controlar.
Eu o encarei, tentando entender suas palavras. O que ele estava querendo dizer? Que tipo de pessoa era Damian Santorini, afinal? Eu sentia que ele tinha uma máscara tão sólida que ninguém sabia o que estava por trás dela. Nem ele, talvez.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Ana Paula Muzitano Santos
Não entendi a reação dela. Damian só quis protegê-la e também ao irmão dele, que estava sendo ameaçado por um troglodita.
2025-03-31
1
Onilda Furlan
o mistério continua
2025-03-17
0