A música continuava tocando, incessante e vibrante, criando um ritmo frenético que parecia dominar todos os corpos presentes. O som ecoava pelas paredes da casa, uma mistura de batidas de funk e pop que faziam o chão tremer. Cada batida fazia meu peito vibrar, meu corpo se mover quase automaticamente, mas minha mente ainda estava longe de tudo aquilo. Eu não conseguia realmente me entregar àquela festa.
Pessoas dançavam, se beijavam, se tocavam, como se o único objetivo fosse esquecer a realidade e se perder naquele momento. E eu, ali, tentando me encaixar, tentando esquecer as perguntas que pairavam sobre minha mente, tentando me distrair. Mas o ambiente estava tão carregado, tão denso, que eu não conseguia deixar de me sentir deslocada. Nunca tive essa liberdade, nunca tive a oportunidade de participar de algo assim antes. Minha mãe sempre foi rígida, controladora, e a ideia de festas e diversão era algo que ela não me permitia explorar.
Enquanto eu me movia junto a Sebastian, tentava manter os olhos focados nele, mas havia uma força maior que me puxava para um ponto fixo da festa. Damian estava lá, com seu olhar fechado, de sempre, e com a turma que ninguém ousava se aproximar. Ele parecia estar em outro mundo, isolado, distante de tudo. Mas havia algo nele que me atraía, algo que eu não conseguia controlar. Quando olhei para ele, percebi que ele também estava me observando, com seus olhos intensos e penetrantes.
Eu tentava me concentrar no momento, mas não conseguia tirar os olhos de Damian. Ele estava lá, quase que aguardando algo, e de vez em quando, nosso olhar se cruzava. Quando isso acontecia, meu coração acelerava e eu sentia uma onda de nervosismo tomar conta de mim. Eu queria evitar esse contato visual, mas, de alguma forma, ele me atraía de uma maneira que eu não conseguia explicar. Era como se ele fosse uma força magnética, me puxando para mais perto dele, mesmo que eu soubesse que eu não deveria.
Mas o que me fez perder completamente a atenção foi o momento em que uma mulher loira, de cabelos longos e corpo perfeito, apareceu na frente de Damian. Ela estava vestida com um vestido curto e justo, com um olhar de pura intenção. Ela não hesitou, se aproximou dele com uma confiança que só aquelas mulheres que sabem o que querem possuem. Ela se esfregou nele, tocando seu peito de uma maneira que parecia querer provocá-lo.
Eu senti uma pontada no peito, um nó na garganta. Não queria ver aquilo, não queria ter que presenciar algo assim, mas, ao mesmo tempo, não conseguia desviar o olhar. Eu sabia que Damian não iria fazer nada, que ele não a afastaria. Ele a observava, mas seu comportamento estava imerso em uma frieza que eu não conseguia compreender.
Senti algo se revirando dentro de mim. Era uma mistura de raiva e tristeza, uma sensação de estar completamente deslocada, como se não fosse eu quem estivesse ali. A loira continuava a se esfregar nele, mas Damian não fazia nada. Não reagia. Ele apenas parecia absorver o momento, imune àquele tipo de provocação. Isso, de certa forma, me fez querer afastar o olhar, porque eu sabia que ver aquilo me fazia sentir algo que eu não queria sentir.
Virei rapidamente a cabeça para o lado, tentando me distanciar daquele cenário. A dor no meu peito não vinha da raiva em si, mas da sensação de que eu não tinha o direito de sentir aquilo, de que eu não tinha o direito de me importar. Quem era eu para me importar com quem Damian estava se relacionando? Não éramos nada. Apenas conhecidos distantes.
Mas, ainda assim, meu coração não conseguia se controlar. Eu queria sair dali, fugir daquele lugar, mas, de alguma forma, estava presa àquela festa. Ao olhar de Damian. Ao sentimento que eu estava começando a nutrir por ele, apesar de saber que era errado.
— Lilian, você está bem? — a voz de Sebastian me tirou dos meus pensamentos. Ele estava ao meu lado, com os olhos preocupados, percebendo que eu estava distante, fora de sintonia com a festa. Ele me tocou no braço com uma leveza, tentando trazer minha atenção de volta ao presente.
— Sim, eu só... estou um pouco cansada — menti, forçando um sorriso. Mas Sebastian não parecia convencido.
— Eu sei que não está fácil para você, Lilian. Não quero que se sinta sozinha — ele disse, com um tom sério. Eu sabia que ele estava tentando ser gentil, mas a verdade era que eu não conseguia me conectar com nada. Nada aqui fazia sentido para mim.
Ele olhou para onde eu tinha desviado o olhar, para o grupo de Damian e seus amigos, e parecia perceber o que estava acontecendo.
— Não se preocupe com ele, Lilian — Sebastian disse com um tom mais grave. — Ele não é alguém com quem você deva se envolver. Ele tem um passado, e não é algo com o qual você deveria se meter. Não vale a pena.
Eu queria acreditar nas palavras dele. Eu queria poder ignorar o que estava acontecendo, mas algo dentro de mim me impelia a ficar, a observar, a querer entender o que estava por trás daquela fachada de frieza de Damian. O que ele estava escondendo? E, por que eu não conseguia afastar a sensação de que ele era importante para mim, de alguma forma?
A festa continuava ao redor de nós, com risos e música alta, mas a tensão entre eu e Damian parecia aumentar a cada momento. Eu podia senti-la no ar, como uma linha invisível que nos conectava, mesmo que ele tentasse se distanciar. Eu não queria que ele soubesse o quanto ele me afetava. Eu não queria que ele percebesse o quanto ele estava começando a dominar minha mente.
Sebastian, percebendo a minha inquietação, tentou me distrair mais uma vez, puxando-me para a pista de dança, mas, dessa vez, eu não consegui acompanhá-lo. A música parecia distante, o movimento dos corpos ao redor se tornando um borrão. Tudo o que eu conseguia ver era Damian e a mulher loira, se esfregando nele, e isso me fazia sentir uma dor que eu não queria reconhecer.
— Lilian, vamos dançar, se divertir um pouco — disse Sebastian, com um sorriso forçado, tentando manter o ambiente leve.
Mas eu sabia que não conseguiria me divertir. Eu não podia. O pensamento de Damian, com sua frieza e seu mistério, ocupava cada canto da minha mente. Ele estava sempre lá, em meus pensamentos, e eu não sabia mais como lidar com isso.
A festa continuava, mas para mim, ela já havia perdido todo o significado. Eu estava presa em algo muito mais complexo, algo que envolvia mais do que apenas uma simples atração. Eu estava envolvida em um jogo muito maior do que eu poderia imaginar.
E, quando percebi, o jogo já havia começado.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Onilda Furlan
oiiiiieeee vamos autora
2025-03-17
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