====== CAPÍTULO 18 ======

No dia seguinte

    Acordei com o sol filtrando-se suavemente pela abertura da tenda, espalhando tons dourados pelo interior. Meu primeiro instinto foi olhar para o lado e lá estava ela.

     Layla dormia profundamente, o rosto relaxado, os longos cílios lançando sombras delicadas sobre a pele. Seus cabelos estavam espalhados pelo travesseiro em ondas escuras, contrastando com os lençóis brancos que a cobriam. Apenas um pedaço de sua pele dourada estava exposto, e por Alá… era o suficiente para despertar em mim um desejo incontrolável. Eu tentava me conter, afinal, nossa relação tinha um propósito definido: engravidá-la. No entanto, meu corpo queria mais, mesmo eu me esforçando para dominar meus instintos.

    Passei os dedos lentamente pelo contorno de seu rosto, sem tocá-la de fato, apenas sentindo a energia quente que emanava de sua pele. Eu queria possuí-la de novo.

Mas então, um som interrompeu meus devaneios.

Uma notificação.

    Estreitei os olhos e olhei ao redor, certo de que era meu telefone. Mas não era. O som vinha do celular dela, descansando sobre a mesinha ao lado da cama.

Não deveria olhar.

Mas olhei.

E o que vi fez meu sangue ferver.

"Amor". Esse era o nome do contato.

    Minha mandíbula se enrijeceu no mesmo instante. Apertei o celular em minha mão enquanto lia a mensagem.

"Estou indo ao Catar. Não posso aceitar que nosso amor acabe assim."

    O nó em meu peito se apertou. Um ciúme amargo tomou conta de mim, embora eu tentasse me convencer de que isso era apenas uma questão de orgulho. Mas era mais do que isso.

Layla era minha esposa.

Minha.

    E mesmo que fosse temporário, enquanto ela estivesse ao meu lado, não haveria espaço para outro homem.

    Foi então que ela se moveu ao meu lado. Um suspiro escapou de seus lábios antes de suas pálpebras se abrirem lentamente. Por um instante, seu olhar encontrou o meu, e o rubor tingiu suas bochechas quando percebeu a proximidade de nossos corpos.

Ela se ergueu levemente, puxando o lençol para cobrir mais seu corpo.

— Bom dia, Layla. — Minha voz saiu mais rouca do que eu esperava.

Ela desviou o olhar, claramente desconcertada.

— Bom dia… — murmurou, enquanto ajeitava os cabelos, como se tentasse recompor-se.

Ergui-me, afastando os lençóis e pegando minhas roupas.

— Vista-se. Vamos tomar café e, em seguida, retornaremos ao palácio. — Disse, minha voz mais firme do que eu queria.

Layla assentiu, sem dizer nada, depois se vestiu. Mas quando pegou o celular, seu corpo enrijeceu ligeiramente.

Ela viu.

Ela leu.

Mas fingiu naturalidade.

    Levantou-se e saiu da tenda, alegando que precisava de alguns minutos.

Eu soube no mesmo instante.

Ela foi falar com ele.

   A raiva que já queimava dentro de mim se intensificou.

Minutos depois

    Sentei-me à mesa enquanto meu criado servia tâmaras, pão fresco, queijos e uma seleção de frutas. O aroma do café árabe invadiu minhas narinas, mas nem mesmo a bebida quente parecia capaz de dissipar o gelo que se instalara dentro de mim.

    Eu tentava ignorar essa sensação de incômodo, mas a cada minuto que passava, minha irritação crescia.

Pouco depois, Layla retornou.

Ela entrou na tenda com a expressão tranquila demais.

Fingindo que nada havia acontecido.

    Sentou-se e pegou um pedaço de pão, levando-o à boca, sem me olhar diretamente.

Não me segurei.

— Como foi a conversa? — perguntei, casualmente, mas minha voz continha um tom perigoso.

Ela ergueu os olhos, surpresa pela pergunta.

— O quê? — sua voz saiu hesitante, mas se recompôs rapidamente.

Cruzei os braços sobre a mesa e inclinei-me ligeiramente para frente, meus olhos fixos nos dela.

— Me refiro à pessoa que te enviou uma mensagem agora a pouco.

Layla piscou algumas vezes, claramente desconcertada, mas então ergueu o queixo, recuperando sua postura firme.

— Ah… você quer dizer o meu noivo? — Sua voz carregava um desafio, e algo dentro de mim rugiu em fúria.

Meus músculos tensionaram.

— O ex-noivo, você quer dizer. — corrigi, minha voz fria como gelo.

Ela soltou um riso seco e descruzou os braços.

— Nathan precisou falar comigo. Não se esqueça, Amir, que eu estava noiva dele até você surgir com essa ideia absurda de casamento e herdeiro.

A ira tomou conta de mim.

Mas antes que eu pudesse falar, ela continuou:

— Não precisa se preocupar. Apesar de eu odiar tudo isso, eu não sou uma adúltera. Tenho meus princípios.

Ela me olhou com firmeza, como se estivesse me desafiando a questioná-la.

Inclinei-me ainda mais perto, minha respiração roçando sua pele.

— Que bom que pensa assim. Me poupa o esforço de tirá-lo do meu caminho. — Minha voz era um sussurro ameaçador.

Ela apertou os punhos, claramente irritada, mas mantive meu olhar preso ao dela.

— Sugiro que exclua o contato, esposa. — Continuei. — Posso não ser tão compreensivo na próxima vez que ver alguma mensagem dele no seu telefone.

Seus olhos se estreitaram com ira.

     Então, sem dizer uma palavra, ela se levantou abruptamente, pegou o guardanapo e o jogou sobre a mesa com força.

— Isso é ridículo! — sua voz transbordava frustração.

Sem me dar tempo para responder, ela virou-se nos calcanhares.

— Quero ir embora. Já terminamos por aqui.

E saiu da tenda, seus passos firmes e decididos.

     Fiquei sentado ali por um momento, minha mandíbula cerrada, meu peito subindo e descendo pesadamente.

A viagem de volta ao palácio foi carregada de silêncio e tensão. Layla manteve-se emburrada, os braços cruzados, a expressão fechada, enquanto partíamos. Meu humor estava sombrio, e minha paciência se esgotando rapidamente.

Assim que chegamos, ela saiu do carro sem sequer me olhar. Seus passos eram rápidos e determinados, como se quisesse colocar o máximo de distância possível entre nós.

Bufei, passando uma mão pela cabeça antes de ser interceptado por meu assessor, que aguardava minha chegada com uma expressão séria.

— Sua Alteza, a conferência com os embaixadores foi reagendada para esta noite. Precisamos discutir os pontos principais antes da reunião.

Fechei os olhos por um segundo, tentando afastar a irritação que queimava dentro de mim. O dia mal havia começado e já estava um inferno.

— Me dê uma hora. — Respondi com frieza.

O homem assentiu e se retirou.

Com passos firmes, segui para meus aposentos. Precisava me preparar, mas minha mente estava em outro lugar.

Minha nova esposa testava meus limites como ninguém. E isso, curiosamente, só me deixava ainda mais atiçado.

Assim que coloquei os pés no meu quarto, fechei a porta com força e soltei um suspiro frustrado.

Amir estava passando dos limites. Agora, além de decidir com quem eu me casaria e o destino da minha vida, ele queria controlar até com quem eu falava?

Caminhei até um dos armários e puxei uma pequena caixa de madeira bem escondida entre meus pertences. Abri-a com cuidado e retirei um pequeno comprimido.

Se eles acreditavam que eu daria um herdeiro ao Sheik, estavam enganados.

Antes de nos casarmos, eu disse a Amir que se eu não engravidasse dentro de um ano, eu estaria livre. Mas a verdade era que eu jamais teria um filho dele. Nunca.

Coloquei o comprimido na boca e engoli seco.

Guardei rapidamente a caixa e fechei os olhos por um momento, tentando acalmar meu coração acelerado. Mas um som me fez despertar.

Batidas na porta.

Minha respiração ficou presa por um instante.

Respirei fundo e fui abrir.

Khalida.

Ela estava ali, diante de mim, impecável como sempre. Carregava uma pequena caixa de madeira com detalhes dourados, semelhante a um baú antigo.

Seus olhos me analisaram com aquela expressão indecifrável que sempre me deixava desconfortável.

— Posso entrar? — Sua voz soou firme, sem margem para recusas.

Me afastei para deixá-la passar.

Ela caminhou até a beira da minha cama e sentou-se com um ar de superioridade, colocando a pequena caixa sobre os lençóis.

— Soube que você e Amir tiveram uma noite… interessante.

Meus músculos ficaram tensos.

Eu não queria essa conversa.

Cruzei os braços, encarando-a com desconfiança.

— O que quer, Khalida?

Ela deslizou os dedos sobre a tampa da caixa antes de abri-la, revelando um conjunto de joias luxuosas, um bracelete, um colar ornamentado e um par de brincos cravejados de diamantes. O brilho das peças refletiu na luz suave do quarto.

— Essas joias pertenceram à mãe do meu falecido marido. — Sua voz era carregada de nostalgia, mas também de algo mais… algo que eu não conseguia decifrar. — Ela as recebeu de sua sogra no dia de seu casamento, e depois elas passaram para mim. Agora, quero que sejam suas.

Meu olhar alternou entre as joias e a mulher à minha frente.

Aquilo não fazia sentido.

— Por que não deu isso à sua verdadeira nora? — Perguntei, minha voz carregada de ironia.

Ela me encarou por um momento antes de soltar um suspiro leve, quase cansado.

— Zafira nunca mereceu. — Sua voz carregava uma frieza absoluta. — Na verdade, eu nunca quis que Amir se casasse com ela, mas ele teve que fazer isso. Ela sempre amou mais o luxo e o status do que o próprio marido. Amir nunca enxergou isso. Sempre a deixou fazer o que queria. Mas eu via.

Meus dedos se apertaram ao redor dos braços enquanto eu a ouvia.

— Nunca vi Amir olhar para Zafira da forma que olha para você, Layla. — Sua voz era baixa, mas carregada de significado. — Quando percebi isso, soube no exato momento, que você seria a escolha certa.

Meu coração acelerou contra minha vontade.

Ela se levantou, ajeitando a caixa sobre a cama.

— Não espero que me perdoe um dia. — Suas palavras eram firmes, mas não havia mais frieza ali. — Mas nunca me arrependerei de buscar o melhor para o reino e para os meus filhos. talvez um dia entenda meus motivos.

Antes que eu pudesse responder, ela virou-se e saiu do quarto, deixando para trás apenas o brilho das joias sobre a cama…

E uma confusão dentro de mim que eu não sabia como lidar.

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Comments

Selma

Selma

Não foi certo o que a mãe dele fez mais, agora eu entendo ela. Só quer o bem do filho e, a verdade seja falada Amir se apaixonou por Layla deis da primeira vê que a viu.

2025-02-27

28

Rose Gandarillas

Rose Gandarillas

Tô começando a acreditar que Khalida não é tão víbora como pensei. Estou vendo uma Rainha que ama seu país assim como seus filhos e que faria qualquer coisa para defendê-lo e salvá-lo de oportunitas. 🤔😠

2025-04-08

0

Thayane Portal

Thayane Portal

Agora consigo compreendê-la. Depois do jantar em que ele foi rejeitado, ela viu o sofrimento dele pelo olhar. E ali ela entendeu que ele tinha sentimentos por ela, só não sabe ainda. Por isso, ela interviu. Não foi o certo, mas na ótica dela fez pelo bem do filho.

2025-03-14

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