====== CAPÍTULO 13 ======

A cerimônia havia se encerrado, e a festividade masculina tomava conta do salão principal do palácio. Sentado no centro, cercado por meus irmãos e conselheiros, eu observava os homens do reino celebrando o casamento do seu governante. Era um evento grandioso, repleto de tradições e símbolos de poder.

Bebidas tradicionais eram servidas em bandejas de prata. O qamar al-din, um suco espesso e adocicado de damasco, refrescava os convidados, enquanto o jallab, uma mistura de melaço de uva, água de rosas e pinhões, era apreciado pelos mais velhos. O chá de hortelã fumegava em taças de vidro decoradas, e a música ecoava pelo salão, anunciando o momento da dança Ardah.

Homens vestidos com kanduras brancas se levantaram, formando fileiras, espadas brilhando sob a luz dos candelabros dourados. O ritmo dos tambores tabl e os versos declamados pelos poetas enchiam o ambiente com um fervor ancestral. Peguei minha própria espada e me posicionei ao lado de Kaled e Ramiro, meus irmãos.

— Pronto para provar que ainda sabe dançar, Amir? — Kaled provocou, um sorriso debochado no rosto.

— Você deveria se preocupar em não tropeçar na própria túnica, irmão. — Retruquei, levantando a espada.

Ramiro riu, sempre mais contido que nós dois.

— Deixem suas disputas para outro momento. Agora é a hora de honrar nosso legado.

A música aumentou, e a dança começou. Erguemos as espadas em movimentos firmes e sincronizados, passos fortes ecoando no mármore do salão. A energia da tradição pulsava no ar.

Depois de horas de celebração, os convidados começaram a partir, e o salão esvaziou-se lentamente. Meus conselheiros se aproximaram para murmurar palavras de honra e prosperidade, mas eu mal os ouvia. Meu destino já estava selado, e um novo desafio me aguardava nos aposentos reais.

Layla.

A mulher que agora carregava meu nome.

As celebrações haviam terminado, e agora eu estava diante da porta dos aposentos do homem que se tornara meu marido. Meu coração batia contra o peito com tanta força que eu temia que alguém pudesse ouvi-lo.

Respirei fundo e entrei.

O quarto de Amir era vasto e imponente, refletindo a grandiosidade de sua posição. O teto abobadado ostentava detalhes entalhados à mão, e cortinas de linho esvoaçavam suavemente com a brisa quente que entrava pela sacada.

Uma cama imensa, com lençóis de cetim marfim e uma cabeceira esculpida em ouro, ocupava o centro do cômodo. O brilho discreto de luminárias espalhadas pelos cantos lançava sombras suaves, tornando o ambiente ao mesmo tempo luxuoso e intimidador.

Sentei-me à beira da cama, sentindo o peso do vestido e do véu sobre mim. O tecido arrastava-se pelo chão, e minhas mãos se fecharam sobre o colo. Minutos passaram. Talvez horas.

Quando finalmente ouvi o ranger da porta, meu corpo enrijeceu.

Amir entrou.

Meus olhos foram direto para os dele, e naquele momento, senti algo indefinível. Mas desviei o olhar rapidamente.

— Layla.

Minha respiração vacilou. Encarei-o, sem saber o que fazer.

Ele fechou a porta atrás de si e caminhou até um móvel. Com movimentos controlados, retirou o ghutra da cabeça, revelando seus cabelos escuros e levemente desalinhados. Pela primeira vez, eu o via assim.

Senti seu olhar sobre mim, mas desviei os olhos.

Em seguida, ele desfez o bisht preto que usava sobre a kandura, deixando sua silhueta ainda mais definida sob a vestimenta branca.

Então, Amir se aproximou.

Engoli em seco. Meu peito subia e descia, minha respiração errática. Ele estava perto. Perto o suficiente para que eu sentisse o calor de seu corpo.

Lentamente, ele ergueu a mão e retirou a coroa de minha cabeça. Meu corpo se enrijeceu.

O toque de seus dedos roçou minha pele.

Eu não conseguia me mover.

Seu dedo deslizou pelo meu rosto, traçando um caminho invisível por minha pele sensível. O olhar dele prendia o meu, como se quisesse desvendar algo oculto dentro de mim.

Então, com a mesma calma controlada, ele puxou o véu, libertando-o do meu rosto. O hijab foi o próximo a cair, revelando meus longos cabelos castanhos.

Silêncio.

Ele caminhou até minhas costas. Seu toque deslizou suavemente por meus fios antes de puxá-los para frente.

Fechei os olhos quando senti seu rosto se aproximar, inalando o perfume dos meus cabelos. Meu coração disparou.

As pontas de seus dedos deslizaram do tecido no meu pescoço até a curva da minha cintura. Um arrepio subiu por minha espinha.

Cada botão desfeito do vestido era um segundo que me aproximava do inevitável.

Quando Amir terminou de desfazer a última amarra, ele me virou para encará-lo.

Nossos rostos estavam próximos.

Sua mão deslizou até minha cintura e me puxou para si. O ar me faltou. Meu corpo colado ao dele.

Mas o olhar dele…

Não havia apenas posse ali.

Ele ergueu uma das mãos e tocou minha nuca, seu polegar traçando círculos contra minha pele. Seus olhos desceram até meus lábios, e então, sem aviso, Amir me beijou.

Seu beijo não foi um mero cumprimento de tradição.

Foi intenso. Profundo. Como se quisesse deixar claro que agora eu era dele.

Eu não retribuí, mas também não recuei.

Meu corpo estava quente. Eu mal conseguia respirar.

Até que, inesperadamente, Amir parou.

Encostou sua testa na minha, seus lábios ainda próximos aos meus.

E então, murmurou com uma firmeza inesperada:

— Volte para seu quarto.

Meus olhos se abriram, surpresos.

— O… o quê?

Ele deslizou as mãos para longe do meu corpo e se afastou. Seu olhar era indecifrável.

— Quando você estiver mais calma… — Ele pausou, como se escolhesse as palavras com cautela. — … nós continuamos.

Minha mente se embaralhou com a mistura de alívio e confusão.

Ele não me forçou a nada.

Ele me deixou ir.

Levantei-me da cama, com os pensamentos turvos, e saí do quarto sem olhar para trás.

Mas sabia que não poderia fugir desse momento para sempre.

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