A noite estava grandiosa. O salão, resplandecente. Lustres de cristal projetavam reflexos dourados sobre os convidados, e o perfume de incenso e especiarias se misturava ao aroma refinado dos pratos servidos. Todos os olhares estavam voltados para mim e para o evento que minha mãe arquitetara com precisão cirúrgica.
Famílias influentes, diplomatas e jornalistas estavam ali, à espera de um espetáculo. Eu conversava mecanicamente com um grupo de empresários enquanto uma parte de mim se perguntava por que diabos eu havia concordado com aquilo.
Minha mãe se aproximou, com aquele ar de triunfo que tanto me irritava.
— Bom… parece que sua convidada não virá — murmurei, deixando escapar um tom ácido.
O brilho nos olhos dela vacilou, mas apenas por um instante.
— Ela virá — disse, sua voz carregada de convicção. — Por Alá, eu sei que virá.
Foi nesse momento que o salão pareceu prender a respiração.
Meus olhos se fixaram na entrada quando a família Rahmani chegou. O conselheiro Faisal, sua esposa e suas duas filhas estavam ali. Mas Layla… não.
O choque foi instantâneo. O silêncio pesado, um golpe de humilhação.
Faisal se aproximou com uma reverência calculada.
— Majestade. Salam aleikum.
Cruzei os braços, ocultando a fúria crescente sob um véu de indiferença.
— Aleikum salam — respondi, minha voz baixa, mas carregada de tensão.
E então… ela entrou.
Layla.
Por Alá…
O salão inteiro pareceu notar sua presença. Minha mãe alargou um sorriso vitorioso. Mas eu… eu vi o que os outros não viam. O jeito como ela estava rígida, como se cada passo fosse um peso. Seu olhar não encontrou o meu de imediato, e isso fez algo ferver dentro de mim.
Faisal pigarreou.
— Majestade… Layla tem algo a dizer.
Ela avançou com hesitação, mas seus olhos continuaram fugindo dos meus. Raiva? Ou algo mais profundo?
Minha mãe tocou seu braço, um gesto leve, mas carregado de poder. Elas se encararam por um segundo longo demais, e então, minha mãe deu um passo para trás.
— Bom… vou deixá-los conversando um pouco — disse, sua voz doce demais para ser inocente.
Fiquei em silêncio por um momento, apenas observando Layla. Ela finalmente me olhou.
E então, as palavras saíram de seus lábios.
— Tudo bem. Eu aceito sua proposta.
A frase caiu como um trovão.
Meus olhos estreitaram.
— Você tem certeza disso?
Layla hesitou. Sua expressão endureceu, como se estivesse se forçando a manter a postura. Olhou de relance para minha mãe e, em seguida, para mim.
— Sim. Eu tenho.
Naquele momento
Os Jornalistas se aproximaram, flashes dispararam. Ela desviou o olhar, desconfortável.
Inclinei a cabeça.
— Venha.
Conduzi-a para uma varanda mais isolada, onde a brisa noturna trazia o aroma das flores do jardim. Layla respirou fundo, tentando se recompor.
— Me casarei com você… e darei o herdeiro que precisa.
Pisquei lentamente, absorvendo suas palavras.
— E por que mudou de ideia?
Ela mordeu o lábio, sua expressão fechada.
— Isso não importa mais.
Meu olhar se tornou afiado.
— Está bem.
Ela ergueu o queixo.
— Mas eu tenho minhas condições.
— Condições? — Repeti, cruzando os braços. — Vá em frente, me surpreenda.
Ela ergueu o queixo em desafio.
— Quero continuar estudando. Você não vai interferir nisso. Não terei sua tutela absoluta, o que significa que serei livre para ir e vir como quiser.
Um riso baixo escapou dos meus lábios.
— Livre? Você está prestes a se tornar minha esposa, Layla. Você sabe o que isso significa?
Ela não recuou.
— Sei exatamente o que significa. E é por isso que estou deixando claro: minha vida não será controlada por você.
A audácia dela… Meu sangue ferveu.
— E se eu disser não?
Ela sustentou meu olhar, implacável.
— Então não temos um acordo.
Estreitei os olhos.
— Continue.
— Além disso… — Ela respirou fundo. — Se eu lhe der um herdeiro, quero o direito de cuidar dele. Quando nos separarmos, você não terá mais controle sobre mim, nem sobre minha vida.
Minha mandíbula se enrijeceu.
— Ficaremos juntos por um ano, esse é meu prazo máximo. Se nesse período eu não engravidar, nos separamos e você e sua família me deixam em paz.
Eu ri, mas não havia humor algum no som.
— Você fala como se estivesse me fazendo um favor.
Ela ergueu uma sobrancelha.
— E não estou?
O atrevimento dela era insuportável… e intrigante.
Fiquei em silêncio por um momento, deixando que minhas palavras pesassem antes de responder.
— Justo.
Os olhos dela brilharam com surpresa, mas logo se recompos.
Estendi minha mão para selar o acordo. Layla olhou para minha mão como se precisasse reunir toda a coragem que tinha.
E então, sua pele tocou a minha.
O contato foi sutil… mas algo ali me fez prender a respiração. Como um choque invisível, algo primitivo e desconhecido.
Puxei-a com firmeza, conduzindo-a de volta ao salão. Os olhares se voltaram para nós, e os flashes das câmeras explodiram como relâmpagos.
Um jornalista se aproximou, ansioso.
— Alteza, podemos considerar isso uma confirmação? O príncipe Amir Al-fayad finalmente se casará novamente?
Minha mãe sorria vitoriosa no outro lado do salão. Layla, ao meu lado, permanecia séria.
Ergui o queixo, deixando minha voz ecoar pelo salão.
— Sim. Apresento minha futura esposa, Layla Rahmani, filha do meu fiel conselheiro Faisal.
O som das câmeras foi ensurdecedor. Layla manteve-se firme, mas eu sentia a tensão em seu corpo.
Quando os flashes diminuíram, virei-me para ela, minha voz baixa, mas cheia de autoridade.
— O casamento será esta semana. Os preparativos começam amanhã.
Ela não piscou, não demonstrou nenhuma emoção.
— Faça como quiser. Tanto faz para mim.
O desprezo em seu tom me irritou.
Ela fez uma reverência forçada, seu olhar carregado de desafio.
— Se me der licença, vou para minha casa.
E então, virou-se e saiu, deixando para trás o peso de uma guerra que mal havia começado.
Enquanto eu a observava partir, um pensamento me atravessou a mente:
Layla seria um desafio maior do que eu imaginava.
Eu aceitei a proposta.
A sensação de derrota me sufocava, mas não havia escolha. Arriscar significava a cabeça do meu pai.
Amir talvez não soubesse disso. Talvez acreditasse que eu estava apenas sendo teimosa, impondo exigências para manter alguma ilusão de controle. Mas a verdade… a verdade era sombria. Eu não quis arriscar contar a ele, talvez isso fosse um tiro no meu próprio pé.
Khalida tinha provas. Provas irrefutáveis que poderiam destruir tudo, só Deus sabe o caos que isso causaria.
Eles haviam me vencido.
Mas eu não me deixaria abalar.
Ao sair do salão, senti um arrepio na espinha quando Khalida surgiu diante de mim.
— Layla… — Ela sorriu, um sorriso frio, calculado. — Você fez a escolha certa.
Olhei para ela com puro ódio.
— Eu não tive escolha.
Ela inclinou a cabeça, os olhos faiscando com um brilho vitorioso.
— Ah, mas teve. Poderia ter recusado… e lidado com as consequências. Mas não se preocupe, eu costumo cumprir minhas promessas. Sua família estará protegida.
Me aproximei, reduzindo a distância entre nós.
— Eu juro que, um dia, farei você se arrepender disso.
Ela riu baixinho, imperturbável.
— Apenas faça o que tem que fazer.
Sem responder, passei por ela e segui até o carro.
Entrei e me afundei no banco, fechando os olhos por um instante. Minha cabeça girava. Meu coração pesava.
Havia algo que eu precisava fazer. Algo que me rasgava por dentro.
Terminar com Nathan.
Com mãos trêmulas, disquei seu número. O telefone chamou três vezes antes de sua voz familiar preencher a linha.
— Layla! — Ele parecia feliz. — Estava com saudades.
Uma lágrima desceu silenciosa pelo meu rosto.
Respirei fundo, tentando reunir forças.
— Nathan… eu preciso falar com você.
A preocupação em sua voz foi imediata.
— O que houve? Está tudo bem?
Meu peito apertou.
— Eu… não posso mais.
O silêncio do outro lado foi ensurdecedor.
— Não entendi. Como assim?
Engoli em seco.
— Estou terminando com você.
Ouvi sua respiração vacilar.
— O quê? Layla, isso não faz sentido. Você… você está bem? Eu fiz algo errado?
Fechei os olhos, segurando o choro.
— Você não fez nada errado. Eu só… não posso mais.
— Layla, me diz o que está acontecendo. Nós podemos resolver.
— Não podemos. Me desculpe.
E então, antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, desliguei o telefone.
O som do silêncio após a ligação foi ensurdecedor.
Eu sabia que ele sofreria.
Eu também sofreria.
Mas já estava feito.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Anatalice Rodrigues
Credo,fazer chantagem para obter o que quer. Casar sem amor, é ir pra cama com um homem que nem conhece para ter um filho. Deus é mais. Misericórdia
2025-03-19
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Onilda Furlan
a sogra é uma cobra 🐍 🐍 🐍 mulher forte mas Layla vai mostrar pra ela quem é a mulher forte nessa história.
2025-04-02
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rafamendes
acredito que Nathan merecia uma explicação melhor. já. cobra sogra,Layla tem que ser implacável com ela.
2025-03-24
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