====== CAPÍTULO 8 ======

Naquela noite

O quarto estava mergulhado em uma tensão sufocante. Aysha e Samira me olhavam como se eu tivesse cometido um crime imperdoável. Seus olhos estavam arregalados, cheios de descrença.

— Layla, você perdeu completamente o juízo? — Aysha explodiu, sua voz carregada de incredulidade. — Você recusou uma proposta dessas? Você ao menos tem noção do que fez?

— Qualquer mulher daria tudo para estar no seu lugar! — Samira interveio, sua expressão uma mistura de choque e frustração. — E você não só recusou, como ainda teve a audácia de esbofetear o Sheik?! Você tem ideia do que isso significa? Do perigo que corre?

A intensidade das palavras delas me atingiu como lâminas afiadas, mas eu mantive minha postura firme, os ombros erguidos, o olhar desafiador.

— Vocês podem parar?! — exclamei, a voz carregada de exaustão e revolta. — Eu já estou lidando com essa situação. O que menos preciso agora são julgamentos!

Aysha soltou uma risada seca, cruzando os braços.

— Lidando? Layla, você provocou um dos homens mais poderosos do Oriente Médio! Ele poderia ter mandado prendê-la naquele instante!

— Isso se ele não decidir fazer isso amanhã! — Samira complementou, sua voz carregada de temor.

Respirei fundo, sentindo o peso esmagador daquela realidade. Mas não me arrependia. Não ainda.

Antes que pudesse responder, a porta se abriu. Meu coração gelou quando vi meu pai entrar. Sua expressão estava carregada, o rosto fechado, os olhos carregando um peso que eu nunca tinha visto antes.

Sem hesitar, caminhei até ele, ignorando completamente as olhadelas nervosas de minhas irmãs.

— Papai, podemos conversar? — perguntei, tentando manter minha voz firme, mas a inquietação borbulhava dentro de mim.

Ele me olhou por um momento, os olhos analisando cada detalhe da minha expressão. Então, sem dizer uma palavra, virou-se e caminhou em direção ao escritório.

Segui seus passos sem hesitação.

No escritório

O ambiente estava mergulhado em uma penumbra pesada, as cortinas parcialmente fechadas, deixando apenas a luz bruxuleante de um abajur iluminar o espaço. Meu pai parou diante da escrivaninha, suas costas rígidas como pedra. Quando ele se virou para mim, sua expressão era indecifrável.

— Diga o que quer, Layla. — Sua voz era tensa, grave.

Engoli em seco, sentindo meu coração martelar contra o peito.

— Preciso que o senhor seja completamente sincero comigo.

Ele inclinou a cabeça, avaliando-me com um olhar afiado.

— Pergunte.

Minha garganta secou. Mas eu precisava perguntar. Eu precisava ouvir da boca dele.

— O senhor… conspirou contra a coroa?

O ar pareceu congelar entre nós.

Os olhos do meu pai se arregalaram por um breve instante antes de sua expressão se transformar em puro choque.

— Que diabos você está dizendo? — Ele deu um passo à frente, a fúria contida faiscando em seu olhar. — Como pode me acusar de algo assim?!

Minha respiração vacilou, mas eu me mantive firme.

— A Rainha-Mãe me chamou para um café hoje. — Minha voz saiu mais baixa do que eu queria. — Ela me mostrou documentos. Provas concretas de que o senhor estava tramando contra a realeza.

Meu pai fechou os olhos por um instante, e quando os abriu novamente, havia algo sombrio ali. Algo que me fez sentir um arrepio na espinha.

— Ela quer me usar como moeda de troca, papai. Quer que eu me case com Amir em troca do seu silêncio. Mas eu sei que isso não pode ser verdade. O senhor não faria isso… faria?

Ele respirou fundo, passando uma mão pelo rosto.

— Eu sempre fui leal à coroa. Sempre. Você sabe disso.

Mas suas palavras não trouxeram o alívio que eu esperava.

Meus olhos se estreitaram.

— Então por que ela tem essas provas?

Um silêncio mortal caiu entre nós.

Ele me fitou, um lampejo de hesitação cruzando seu olhar.

— Porque você desafiou a família real. Você esbofeteou o filho dela, Layla! — Sua voz ficou mais dura. — Agora ela está se vingando. Eu avisei para você não desafiá-los.

Eu senti meu coração acelerar.

— Então é isso? O senhor vai simplesmente aceitar essa acusação? Vai abaixar a cabeça e deixar que nos ameacem?

Meu pai soltou uma risada sem humor, amarga, cheia de cansaço.

— E o que eu poderia fazer? — Ele abriu os braços, sua expressão carregada de exasperação. — Eu sou apenas um conselheiro. Eles são a coroa, os governantes, os mais poderosos do Catar! Eles decidem quem vive e quem morre. Foi assim por séculos e continuará sendo assim.

Minhas mãos se fecharam em punhos.

— Não tem como fugir disso, Layla. — Ele baixou o tom, sua voz carregada de uma frustração impotente. — Se você não aceitar a proposta, seremos destruídos.

As palavras dele me atingiram como uma lâmina no peito.

Devastação.

Frustração.

Raiva.

Eu queria gritar. Queria quebrar tudo ao meu redor. Mas, acima de tudo, queria encontrar uma saída. Porque eu não aceitava esse destino.

Não aceitava ser manipulada.

Não aceitava ser forçada.

E, principalmente… não aceitava ser vencida.

O aroma dos pratos finos preenchia a grande sala de jantar, e o som dos talheres tilintando contra as porcelanas misturava-se ao burburinho das conversas triviais.

Minha mãe ocupava a cabeceira da mesa, como sempre. Ao seu lado, minha irmã Amal, com seu ar sereno e olhar afiado, e meus irmãos, Khaled e Rami, conversavam entre si, alheios à tensão silenciosa que pairava sobre mim e minha mãe.

Eu mal tocava minha comida.

Algo estava por vir.

Eu conhecia minha mãe bem demais para não perceber quando ela tramava algo.

E não demorou para que ela fizesse seu movimento.

— Meus filhos, deixem-nos a sós. — Sua voz era suave, mas inegociável.

Amal e meus irmãos trocaram olhares, mas acataram sem questionar. Assim que a porta se fechou, minha mãe repousou os talheres sobre o prato e cruzou as mãos sobre a mesa.

— Amanhã à noite teremos um evento. Estou organizando tudo pessoalmente. Toda a imprensa estará presente. — Ela anunciou, sua expressão impenetrável.

Eu estreitei os olhos.

— E quando exatamente pensou em pedir minha autorização? Eu deveria ter sido informado.

Ela sorriu, mas havia algo afiado naquele sorriso.

— Esse evento será crucial. Precisamos mostrar ao mundo que você tomará uma segunda esposa. Isso apaziguará a situação.

Soltei um riso baixo e descrente, apoiando os cotovelos sobre a mesa.

— Eu já disse que mudei de ideia. Não haverá outra esposa.

Os olhos dela brilharam com algo perigoso.

— E se eu garantir que Layla estará presente? Ainda assim manterá sua decisão?

Minha respiração parou por um breve momento.

— O quê? — Minha voz saiu mais baixa, desconfiada.

Ela inclinou levemente a cabeça, satisfeita com minha reação.

— Conversei com ela. Pedi que fosse ao evento. Tenho quase certeza de que ela reconsiderará sua resposta.

Apertei o maxilar.

— O que a senhora disse para ela mudar de ideia?

Minha mãe soltou uma leve risada, tomando um gole de seu chá antes de me olhar diretamente nos olhos.

— Não faça perguntas cujas respostas não quer ouvir. Digamos apenas que… Layla agora entende que não tem outra escolha.

Algo gelado percorreu minha espinha.

— A senhora a ameaçou?

Ela sorriu.

— Eu apenas mostrei a realidade. Agora só peço que esteja presente no evento… e espere por ela.

Eu a encarei por longos segundos, minha mente fervilhando com possibilidades.

Eu deveria ter recusado. Deveria ter dito que não queria mais isso.

Mas então, me lembrei de como Layla me olhou antes de me rejeitar.

Me lembrei da forma como desafiou minha autoridade.

Como ousou me dar aquele tapa.

E, naquele momento, percebi que aquilo já não era apenas uma questão política.

Agora, era uma questão de honra.

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Comments

Benedita Nascimento

Benedita Nascimento

leu so acho que pra um sheik onde e o fodao quem manda é a mãe dele não deveria der ele a mandar em tudo tudo bem que ela layla ia ser a segunda esposa mas não foge da realidade dela pois a cultura dela é assim e por mais que ela foi criada longe da família ela teria que seguir a cultura mas em fim o sheik e um bundao

2025-03-16

14

Marlene Reis

Marlene Reis

SÃO PAÍSES QUE SE OBEDECEM AOS MAIS VELHOS, AS MATRIARCAS TEM A SUA SUMA IMPORTÂNCIA E OS FILHOS ACEITAM INDEPENDENTE SE É CHEFE DO PAÍS.... ISSO NÃO O TORNO FROUXO E NEM BUNDÃO

2025-04-10

0

Maria Nunes

Maria Nunes

Não concordo com os a Layla fez podia resp onde a altura ja q se sentiu ofendida com os ele falou mas da dar um tapa no rosto dele sabendo quem e ele acho q foi demais e ela nao pensou nas consequências q este gesto acarretaria nao so pra ela como p familia como o pai falou ela poderia zer presa e traria desonra a famia

2025-02-12

9

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