Eu sou Amir Al-Fayad, governante do Catar. Meu nome carrega um peso que poucos podem compreender. Tradição, poder, responsabilidade. Desde que nasci, fui moldado para liderar, para preservar o nome da minha família e assegurar a prosperidade do meu povo. Cresci em meio ao deserto abrasador e aos arranha-céus que desafiam os céus. Meu mundo é um contraste de antigos costumes e modernidade implacável.
O palácio onde vivo é o coração pulsante do reino. Suas paredes de mármore contam séculos de história, e seus salões ecoam os passos de governantes que vieram antes de mim. Da minha janela, observo o brilho das luzes refletindo no Golfo Pérsico, um lembrete constante da riqueza e do poder que estão sob meu comando. Mas também do peso da coroa.
Sou um homem de poucas palavras e de decisões firmes. Minha autoridade não se questiona. Meus desejos são lei. Mas nem todo governante tem o luxo de decidir sobre sua própria vida.
Naquele dia
A sala de reuniões era ampla, luxuosa e austera ao mesmo tempo. O brilho dourado dos lustres contrastava com a seriedade dos homens sentados ao redor da mesa. Conselheiros, ministros, homens que ajudavam a manter meu reino de pé. Eu vestia uma túnica branca impecável, o thobe, combinada com um bisht negro com bordados dourados, símbolo de minha posição. Na cabeça, o ghutrah, segurado firmemente pelo agal. Meu olhar era frio, calculista, enquanto discutíamos os negócios do Estado.
— A construção do novo terminal portuário segue conforme o planejado, Amir? — perguntou Saif, um de meus ministros.
— Sim. Quero que revisem os relatórios e eliminem qualquer atraso. Não admito falhas — respondi, minha voz firme.
Eles assentiram, e a conversa seguiu para investimentos e alianças comerciais. Mas então, como sempre, o assunto mudou para algo que eu evitava.
— Majestade, precisamos falar sobre seu herdeiro. — Foi Faisal, meu conselheiro mais velho, quem quebrou a barreira do profissionalismo. — O povo espera que tenha uma segunda esposa. É seu dever.
Meus olhos se estreitaram.
— Meu casamento não é pauta para esta reunião.
Minha voz cortou o ar como uma lâmina afiada. Um silêncio desconfortável se instalou, mas Faisal insistiu.
— Sua esposa… não pode mais lhe dar filhos. Não pode mais governar ao seu lado. Com todo o respeito, é um direito e uma necessidade que tenha outra.
— Basta. — Minha voz não precisou se elevar. Quando eu falava, ninguém ousava contestar.
Meu casamento sempre foi visto como uma união estratégica. Mas, por um tempo, acreditei que poderia ser algo mais. Zafira era bela, graciosa, a mulher que escolhi para ser minha única esposa, diferente dos outros homens que acumulavam haréns. Mas o destino foi cruel. Anos se passaram, e ela não me deu um filho. A pressão da corte, do povo, da minha própria família, recaiu sobre ela. Quando sugeri que tomaria outra esposa, ela não suportou.
Ela tentou tirar a própria vida.
Desde então, está em coma, presa em um sono profundo do qual pode nunca despertar. E eu permaneci fiel. Não porque sou fraco, nem por amá-la, mas porque fiz uma promessa.
Mas agora… eles querem que eu quebre essa promessa.
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À noite, durante o jantar
A mesa era farta, repleta de machboos, cordeiro assado com especiarias, tâmaras frescas e arroz perfumado com açafrão. O jantar na casa dos Al-Fayad era um evento sagrado, um momento onde, por algumas horas, eu deixava de ser apenas o governante e me tornava filho e irmão.
Minha mãe, a rainha-mãe, sentava-se à minha direita. Meus irmãos e irmãs ao redor, em conversas animadas.
— Amir, ouvi dizer que recusou mais uma proposta de casamento — provocou minha irmã mais nova, Amal, com um sorriso travesso.
Lancei um olhar a ela, mas não pude deixar de sorrir levemente.
— E o que mais você ouviu?
— Que nossa mãe está planejando algo…
Minha mãe sorriu, mas havia algo em seu olhar que me alertou.
Mais tarde, no meu quarto, o encontro esperado aconteceu. Minha mãe entrou, sua túnica azul escura refletindo a autoridade que ela ainda exercia sobre mim.
— Filho, é hora de pensar no futuro.
Cruzei os braços.
— O futuro do meu reino está assegurado.
— E o seu?
Minha mandíbula se contraiu.
— Mãe, já conversamos sobre isso.
— E conversaremos quantas vezes for necessário. Amir, você não pode passar a vida esperando uma mulher que talvez nunca acorde.
Minha paciência se esgotava.
— Eu não quero outra esposa.
Ela suspirou.
— Já conversei com Faisal. Ele tem uma família respeitável. Tem duas filhas puras.
Minha frustração cresceu.
— Você está negociando minha vida sem minha permissão?
— Estou garantindo seu futuro. Uma dessas meninas pode lhe dar um herdeiro.
Me aproximei, minha expressão dura.
— Não me casarei novamente.
Ela não recuou.
— Você não tem escolha.
Seus olhos eram implacáveis.
— Zafira nunca mereceu o amor que você deu a ela. Você sabe disso. Ela não queria perder o status, não você. Você precisa enxergar a verdade.
O sangue ferveu em minhas veias.
— Saia.
Ela me olhou por um momento antes de obedecer, deixando-me sozinho com meus próprios pensamentos.
Mas eu sabia que essa guerra ainda estava longe de acabar.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Ione barbosa
Eu gostaria de saber o seguinte quando está escrito End e pq a história está finalizada né? E pq agente começa a ler essas história e não estão finalizadas?
2025-03-04
12
Maria Izabel
começando a ler gostando muito do enredo ♥️ Espero que o Sheik encontre um amor verdadeiro 💓😍
2025-02-27
2
Arlete Fernandes
O povo que exige as coisássemos se a vida não valesse nada e a vontade nem existisse af!!
2025-03-22
0