O dia começou cedo, como todos os outros. Mas hoje, eu teria que receber um convidado importante.
No grande salão do palácio, sentado à cabeceira de uma longa mesa de mármore negro, eu observava enquanto meu convidado chegava. O Sheik Khaled bin Rashid, líder de uma nação vizinha, entrou com sua postura imponente, ladeado por seus assessores. Seus olhos escuros varreram o ambiente antes de pousarem sobre mim.
Levantei-me, oferecendo um aperto de mão firme.
— Sheik Khaled, seja bem-vindo ao Catar. — Minha voz soou grave, controlada, mas carregada de autoridade.
Ele apertou minha mão com a mesma firmeza, um leve sorriso surgindo em seus lábios.
— Amir Al-Fayad, é sempre um prazer discutir assuntos de Estado com um governante tão perspicaz.
Faisal estava ao meu lado, acompanhando tudo com atenção. Enquanto os servos traziam chá de hortelã e tâmaras, a reunião começava.
A conversa começou tensa, repleta de negociações estratégicas e promessas veladas. Após quase duas horas, a reunião chegou ao fim, e Khaled se retirou com sua comitiva.
Fiquei sozinho por um momento, passando os dedos sobre o queixo enquanto refletia sobre os assuntos discutidos. O poder exigia sacrifícios. Para manter o controle absoluto, eu precisava estar sempre à frente, sempre antecipando os próximos movimentos, tanto dos aliados quanto dos inimigos.
Ao sair do salão, passei pelos corredores do palácio e algo chamou minha atenção. A porta do quarto de Layla estava entreaberta.
O som de vozes baixas veio até mim.
Minha esposa conversava com alguém.
Dei um passo silencioso para mais perto e ouvi a voz doce, mas aflita, de Layla.
— Eu não sei como farei, mãe. Não quero perder todos esses anos de estudo. Já estou tão perto de me formar… — Ela sussurrou, sua voz carregada de incerteza.
Minha expressão endureceu.
Eleanor suspirou do outro lado.
— Querida, eu vou me informar. Mas você sabe que essas transferências são complicadas. São países diferentes, leis diferentes.
Layla respirou fundo.
— Eu só queria poder terminar o que comecei. Falta tão pouco.
Ela estava falando sobre sua faculdade.
Lembrei-me do dia em que estabelecemos as condições do casamento. Uma das exigências dela foi poder continuar seus estudos. Eu, no entanto, relutava com a ideia. Rainhas não frequentam universidades; rainhas governam, mesmo que, no caso dela, fosse por um período curto. Rainhas não se misturam com o povo comum, não apenas por uma questão De status, mas também pela sua própria segurança física.
Mas agora…
Algo em sua voz, a frustração que ela sentia, me incomodou de um jeito que eu não esperava.
Poderia ignorá-la. Poderia fingir que nunca ouvi essa conversa.
Mas não fiz isso.
Peguei meu telefone e disquei um número.
— Preciso que resolva um assunto para mim. — Minha voz era baixa e precisa. — Arranje um meio para que minha esposa termine sua faculdade no Catar sem perder um único ano. Faça o que for necessário. Quero isso resolvido imediatamente.
Do outro lado da linha, meu contato confirmou.
Desliguei.
Não sabia se aquilo era uma decisão certa, mas fiz mesmo assim.
E isso me irritou.
Eu não gostava do efeito que Layla começava a ter sobre mim.
...----------------...
O final da tarde chegou, e eu a vi na sala principal do palácio, chorando nos braços de Eleanor.
O abraço era apertado, Layla segurava sua mãe como se não quisesse soltá-la. Eleanor acariciava seus cabelos, murmurando palavras de consolo.
Me aproximei em silêncio, e quando a mulher ergueu os olhos para mim, vi puro desprezo em seu olhar.
— Que Alá conceda a você uma boa viagem, sogra. — Minha voz foi cortês, mas carregada de um peso subentendido.
Ela me olhou com desdém.
— Guarde suas falsas gentilezas, majestade. Não finja que se importa.
A tensão no ar era quase palpável. Layla olhou de mim para a mãe, sua expressão fragilizada.
— Layla… — Eleanor segurou o rosto da filha, ignorando completamente minha presença. — Se você mudar de ideia, se quiser sair daqui, me diga. Eu venho te buscar.
A mandíbula da minha esposa enrijeceu, e seus olhos encheram-se de lágrimas.
— Mãe…
— Shhh… Apenas me prometa.
Layla hesitou por um momento, depois assentiu, quase imperceptivelmente.
Eleanor a abraçou com força uma última vez antes de se afastar.
— Eu te amo, minha querida.
Ela passou por mim, seus olhos perfurando os meus.
— E eu nunca perdoarei o que vocês fizeram com ela.
Então, virou-se e saiu.
Layla colocou a mão no rosto, soluçando baixo.
E eu odiei ver isso.
Uma irritação me preencheu.
Me aproximei e coloquei as mãos em seus ombros, firme, porém controlado.
— Vamos.
Ela não resistiu. Apenas suspirou pesadamente e caminhou ao meu lado.
Enquanto nos aproximávamos do quarto dela, vi quando tentou conter o choro, limpando o rosto e erguendo a postura. Layla erguia muralhas como se sua vida dependesse disso.
Seu olhar mudou.
Ela me encarou com frieza.
— Está feliz, Majestade? — Sua voz pingava sarcasmo e amargura.
Levantei a mão, e ela recuou.
Mas ao invés de tocá-la de maneira rude, apenas passei o polegar por sua bochecha, limpando a última lágrima que teimava em cair.
— Isso vai acabar em breve, Layla. É temporário.
Ela me estudou por um longo tempo, e por um segundo, pensei que ela fosse me atacar.
Mas então, apenas recuou.
— Menos mal. — Sua voz foi cortante. — Eu não suportaria passar a vida toda com alguém como você.
O golpe foi certeiro.
E, pela primeira vez em muito tempo, algo dentro de mim estremeceu.
Mas não deixei que isso transparecesse.
Soltei um riso baixo e frio.
— Ótimo. O sentimento é recíproco.
Nos encaramos por um tempo, a tensão pulsando entre nós.
Eu quebrei o silêncio primeiro.
— Quero você impecável esta noite. Jantaremos juntos.
Eu vi. Vi como ela se incomodava cada vez que eu me aproximava. Cada vez que eu a tocava.
Isso me intrigava.
E, sem aviso, inclinei-me mais perto e depositei um beijo lento e firme em sua bochecha.
Ela ofegou, surpresa.
Dei um meio sorriso, girando nos calcanhares antes que ela tivesse tempo de reagir.
Essa noite seria interessante.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 52
Comments
Euridice Neta
Ele está se encantando.por ela ainda que não perceba, ela também apesar de tudo está sentindo imã atração por ele, só vamos ver como vai ser quando a cobra acordar...
2025-03-23
3
Luana Santos
gente eu sou burra o que sustenido? será que vou ter que ler a história junto com o dicionário, por que eu não faço ideia do que significa kkkkkk
2025-03-25
0
Leni Rocha
Não sou muito fã de histórias com Sheiks,vou parar por aqui,quem sabe depois eu continuo.
2025-03-20
0