Eu estava no meu quarto, o sangue fervendo em minhas veias, o coração batendo em um ritmo descompassado de raiva e incredulidade. Como ele ousava? Como ele tinha a audácia de me tratar como se eu fosse... uma concubina? Um prêmio a ser tomado e descartado quando não fosse mais útil?
A humilhação queimava dentro de mim, tão intensa que meus olhos ardiam, mas não chorei. Eu jamais choraria por um homem como Amir.
Meu pai entrou no quarto sem bater, seu rosto carregado de tensão. Eu soube imediatamente que ele estava ciente do que havia acontecido.
— Layla — sua voz era grave, sombria. — O que você fez?
Soltei um riso sem humor, cruzando os braços.
— Você quer dizer "o que o glorioso sheik fez?"
— Você irritou Amir? — Ele estreitou os olhos para mim, a preocupação evidente.
— Se eu o irritei? — Meu riso foi amargo, carregado de desprezo. — Pai, eu tenho até vergonha de repetir o que ele me propôs!
Ele manteve o olhar firme, esperando.
— Ele quer que eu seja sua segunda esposa. Quer que eu lhe dê um herdeiro.
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Meu pai me estudou com uma expressão que misturava choque e incredulidade.
— Eu já tenho um noivo, e mesmo que não tivesse, jamais me sujeitaria a isso! — acrescentei, sentindo minha revolta crescer a cada palavra.
Meu pai respirou fundo, seu maxilar travando.
— O que você disse a ele?
— O óbvio. Que não.
— E o que mais, Layla? — Seu tom se tornou mais severo.
Eu hesitei. Meu instinto me dizia que deveria mentir, omitir, evitar mais problemas. Mas então ergui o queixo, desafiadora.
— Eu dei um tapa nele.
O rosto do meu pai ficou rígido, seus olhos se arregalaram antes de escurecerem com fúria contida.
— Você tem ideia do que fez? Você bateu no homem mais poderoso deste país! Recusou sua proposta… Você sabe o quanto isso pode nos destruir?! Nossa família foi leal à realeza por gerações! Agora você colocou tudo isso em jogo!
— Você quer dizer que eu deveria ter me curvado e aceitado essa humilhação? — minha voz estava carregada de escárnio.
— Você vai até ele e vai pedir desculpas — ele declarou, sua voz uma rocha inquebrável.
Soltei um riso amargo.
— Pedir desculpas? Ele é quem me deve desculpas!
Meu pai avançou sobre mim, sua expressão feroz.
— Amanhã de manhã, você irá até ele. Pedirá desculpas e aceitará a proposta.
O choque percorreu meu corpo como uma corrente elétrica.
— Você está me vendendo?
Ele apertou os punhos, frustrado.
— Estou protegendo nossa família.
Cruzei os braços, minha postura rígida.
— Eu sempre obedeci ao senhor, sempre respeitei suas ordens. Mas não desta vez. Essa semana, estarei pegando um voo de volta para a Inglaterra.
O silêncio que se seguiu foi pesado, sufocante.
— Você está jogando nosso nome no lixo — ele disse, sua voz baixa, mas repleta de desapontamento. — Está destruindo tudo o que demorei anos para construir.
Seus olhos me perfuraram antes que ele se virasse e saísse do quarto, deixando-me sozinha, envergonhada, furiosa… e, acima de tudo, determinada.
No dia seguinte
Eu estava em uma reunião importante. Deveria estar completamente focado no que estava sendo discutido, mas minha mente, contra minha vontade, vagava de volta para Layla. O tapa ainda queimava em minha memória mais do que em minha pele. Ela ousou me desafiar. Me humilhar.
— Majestade? — A voz do primeiro-ministro da Jordânia me trouxe de volta.
Olhei para ele, meus olhos retornando à frieza habitual.
— Continue.
A reunião prosseguiu, e eu permaneci impassível. Mas, no fundo, uma fúria discreta ainda me corroía.
Quando saí da sala, Faisal estava me esperando, seu semblante carregado.
— Majestade, quero me desculpar pelo comportamento de minha filha.
Eu o encarei, minha expressão ilegível.
— Esqueça isso. Não importa mais.
Ele hesitou.
— Layla voltará para a Inglaterra em alguns dias.
Um silêncio pairou entre nós.
Eu deveria sentir alívio. Eu deveria estar satisfeito por não precisar lidar mais com aquela mulher teimosa e insubordinada.
Mas, por alguma razão inexplicável, minha mandíbula travou.
— Ótimo — foi tudo o que eu disse antes de me virar e seguir meu caminho
Naquela tarde
O café onde eu estava era sofisticado, silencioso, e cheio de mulheres da alta sociedade, todas impecavelmente vestidas, sussurrando entre goles de chá caro. Mas eu não me importava com nenhuma delas. Meu coração já estava acelerado pelo verdadeiro motivo de eu estar ali.
A Rainha-Mãe me chamara.
Eu sabia que ela falaria sobre o tapa. Sobre o filho mimado dela.
Quando Khalida chegou, sua presença dominou o ambiente. Vestida com uma túnica azul-escura que irradiava autoridade, ela caminhava com passos graciosos e calculados, como uma imperatriz em seu próprio domínio. Seu perfume era caro, discreto, mas carregado de poder.
Ela se sentou à minha frente com um sorriso polido, impecavelmente controlado. Um sorriso de quem sempre consegue o que quer.
— Layla. — Sua voz era suave, mas tinha um peso que atravessava o ar entre nós. — Fico feliz por ter vindo.
Eu forcei um sorriso, cruzando as pernas e mantendo minha postura firme, como se pudesse erguer uma barreira invisível entre nós.
— Imagino que tenha me chamado para discutir a cena desagradável de ontem.
— Sim. — Ela ajeitou a bolsa de couro ao seu lado com calma meticulosa. — Mas não para repreendê-la. Pelo contrário. Acredito que possamos chegar a um… entendimento.
Meu cenho franziu.
— Um entendimento? — Repeti, minha descrença evidente.
— Sim. Um acordo que beneficiaria a todos.
Me inclinei ligeiramente para frente, meus olhos cravados nos dela.
— Não existe acordo. Eu não vou aceitar essa loucura.
Khalida sorriu. Mas não era um sorriso qualquer. Era afiado. Calculado. Um sorriso de predador que já sabia que sua presa não tinha saída.
Lentamente, ela abriu sua bolsa e retirou um envelope espesso, colocando-o sobre a mesa com um movimento quase teatral.
— Nem se fosse para salvar seu pai?
O mundo ao meu redor se dissolveu.
Minha espinha congelou. O ar ficou pesado nos meus pulmões.
— O quê? — Minha voz saiu quase sem som.
Ela empurrou o envelope para mim. Minhas mãos estavam trêmulas quando o abri.
Papelada. Fotos. Assinaturas.
E então, o golpe final.
Uma prova irrefutável de algo que eu sabia que meu pai jamais faria.
Meu coração disparou. Minha respiração ficou irregular.
— Como pode ver… seu pai estava conspirando contra a coroa.
Eu engoli em seco, sentindo a bile subir na garganta.
— Não… — murmurei, negando a realidade diante de mim. — Isso é impossível. Meu pai sempre foi leal. Sempre serviu a coroa. Sempre se orgulhou disso!
A Rainha-Mãe inclinou-se ligeiramente para frente, seus olhos observando cada tremor do meu rosto.
— E, no entanto… as provas dizem o contrário.
Eu tremi. O pavor rastejou pela minha pele como veneno.
— Isso não pode ser real.
— Mas é. — Sua voz era gentil, como se estivesse me consolando, mas o brilho cruel nos olhos dela denunciava a verdade. Ela gostava de me ver quebrando.
Meus olhos queimavam com lágrimas de raiva.
— Você está usando isso para me punir e me forçar a fazer o que quer.
Ela não negou. Apenas sorriu.
— Eu estou dando a você uma escolha.
Meu estômago revirou.
Ela me oferecia uma escolha?
Isso não era escolha. Isso era uma condenação.
Eu olhei para ela, minha respiração trêmula.
— E Amir? Ele sabe disso? Ele aprovou essa chantagem suja?
O sorriso de Khalida se manteve intacto.
— Não. Ele não sabe. — Ela pausou, saboreando a tensão entre nós. — E é melhor que continue assim.
O silêncio entre nós era ensurdecedor.
Eu apertei os dedos ao redor do envelope, minha mente girando.
Meu pai poderia ser executado.
Se eu dissesse "não", essas provas iriam parar nas mãos de Amir. Ou pior, nas mãos do Conselho.
E eu sabia qual era a punição para traição.
Morte.
Meus olhos estavam presos nos dela, implorando silenciosamente por alguma hesitação, algum traço de misericórdia.
Mas Khalida não hesitou.
— Estou organizando um evento importante amanhã à noite. — Ela pegou sua xícara e bebeu calmamente. — Se você comparecer… saberei sua resposta.
Ela colocou a xícara de volta no pires e se levantou graciosamente.
— Mas se não for… então não poderei garantir a segurança do seu pai.
Meu corpo estava imóvel, minha alma em ruínas.
Enquanto ela saía, seu perfume de jasmim ficou no ar.
E eu fiquei ali, olhando para aqueles documentos, sentindo minha liberdade escapar por entre meus dedos.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Rosane Lopes Mesquita
acredito ser tudo mentira....ela forjou as provas, para forçar a Layla a aceitar o casamento
2025-02-04
33
Conceição Freire
eu só imagino como fica a cara de uma pessoa arrogante dessa garota também é muito arrogante diante de umas provas dessas que derruba todo o seu moral qual será a cara dela sendo mentira ou verdade
2025-04-11
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Daniela Dias
mais ela tem medo que o pai morra,ai ela com certeza ficaria com a consciência pesada culpada.
Mais eu acho que o pai dela ta junto com a mãe do sheyk,sem ele saber
2025-03-27
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