Eu e Layla conversamos por mais um tempo, até que eu parei abruptamente e ela fez o mesmo.
— Layla — pronunciei seu nome com um peso que a fez erguer os olhos para mim. — Sabe por que pedi para caminhar com você?
Ela arqueou levemente uma sobrancelha.
— Presumo que vá me dizer agora.
Dei um passo à frente, reduzindo a distância entre nós.
— Quero que seja minha segunda esposa.
O impacto de minhas palavras fez com que ela piscasse algumas vezes, como se tentasse assimilar o que acabara de ouvir. Depois, soltou um riso incrédulo, curto, quase amargo.
— Perdão?
— Você ouviu muito bem. — Meu tom era firme, inquestionável. — Quero que seja minha esposa.
Layla se afastou instintivamente, levando a mão à boca, como se precisasse de um momento para absorver o que eu havia acabado de dizer. Mas então seus olhos se estreitaram, e um fogo intenso brilhou neles.
— Isso só pode ser uma piada de péssimo gosto. — Ela soltou um riso seco, irônico. — Eu já estou noiva.
Ela ergueu a mão, mostrando o anel em seu dedo, como se isso fosse uma barreira inquebrável.
Cruzei os braços, estudando-a.
— Sim, eu sei. E sinceramente? Isso não muda nada.
Layla arregalou os olhos, indignada com a minha resposta.
— Você não está falando sério.
— Nunca estive tão sério em toda a minha vida.
— Amir… — Ela me chamou pelo nome sem qualquer formalidade, seu peito subindo e descendo em uma respiração carregada. — Eu tenho uma vida na Inglaterra. Tenho um noivo. Tenho uma faculdade. E além de tudo isso… nós mal nos conhecemos. Você já tem uma esposa! E para ser completamente franca, eu jamais me casaria com você.
Seu tom foi afiado como uma lâmina, um golpe certeiro que deveria me afastar. Mas ao invés disso, apenas aumentou minha determinação.
— Não será permanente. — Meus olhos prenderam os dela. — Após você me dar um herdeiro, nos separamos. Você terá sua liberdade de volta e receberá dinheiro suficiente para nunca precisar trabalhar.
Por um momento, achei que ela ficaria sem palavras. Mas Layla não era como qualquer outra mulher. Seus olhos brilharam com uma ira contida antes que sua mão se erguesse.
O som do tapa ecoou no silêncio do jardim.
Minha cabeça virou levemente para o lado, mas não foi a dor que me atingiu. Foi o choque.
Ninguém jamais ousara me tocar daquela forma.
Ela estava ofegante, os olhos queimando de raiva e ultraje.
— Por Alá, quem você pensa que eu sou? Um objeto? Uma peça de xadrez no seu jogo político?
Ela me encarou por um segundo a mais, e então se virou abruptamente, deixando-me ali, sozinho, atônito.
Fiquei parado por longos instantes, sentindo o peso da rejeição. O peso da audácia dela.
Qualquer mulher Catariana aceitaria essa proposta sem pensar duas vezes.
Mas Layla… Layla me desafiara.
Endireitei a postura e voltei para a mesa. Minha expressão era sombria, minha raiva contida em uma máscara de frieza absoluta.
— Vamos embora. — Minha voz cortou o silêncio abruptamente.
Faisal e minha mãe me olharam, surpresos.
— Aconteceu alguma coisa, Majestade? — Faisal perguntou, confuso e preocupado.
Apertei os punhos, sentindo a ardência leve no rosto.
— Encerramos esse assunto por aqui.
Minha mãe se levantou lentamente, atônita.
— Amir… nem ao menos nos despedimos apropriadamente.
Faisal franziu o cenho, inquieto.
— Majestade, peço desculpas se algo o ofendeu…
Não lhe dei resposta. Apenas saí.
Entrei no Rolls-Royce, minha mãe logo atrás, enquanto o motorista nos conduzia para longe daquela casa.
No silêncio do carro, fechei os olhos, exalando longamente.
Onde eu estava com a cabeça quando decidi fazer isso?
Minha mãe quebrou o silêncio com um tom hesitante.
— Amir… o que aconteceu? Layla o ofendeu de alguma forma? Você fez a proposta a ela?
Abri os olhos e olhei para frente, minha voz saindo baixa, mas carregada de tensão.
— Sim. E ela me respondeu com um tapa no rosto.
Minha mãe engasgou com a própria respiração, chocada.
— Eu avisei, meu filho. Ela não é a escolha certa. Encontraremos outra mulher, a ideal, eu prometo.
Mas antes que ela pudesse continuar, minha voz cortou a dela.
— Eu não quero mais ninguém.
Meu tom fez minha mãe se calar.
— Vou encerrar esse assunto por aqui. Não sei onde estava com a cabeça quando decidi fazer o que me pediu.
Ela se remexeu, frustrada.
Convencer-me dessa ideia já havia sido difícil. Agora, eu desistira completamente.
Mas enquanto o carro cortava a noite escura, um pensamento insistente queimava em minha mente.
Layla me desafiara.
E eu não estava acostumado a ser desafiado.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Celia Teotônio
eita que é disso que a gente gosta 😜
o brabao com o ego ferido e mocinha valente que não abaixa a cabeça kkkkkkkkkk
e aí é só fogo no parquinho 🤣🤣
2025-03-20
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Rose Gandarillas
Ela por mais que siga alguns costumes do Islamismo também tem os olhos voltados para a cultura europeia. Quero ver como o sheik vai se achar nessa vitamina de costumes.Lembrando que a mãe do sheik não aceitaria Laila exatamente pela criação ocidental dela
2025-04-07
0
Marlene Reis
Li uma frase ou foi uma cena de novela, não me lembro muito bem
Mas dizia,"O AMOR COMEÇA COM UM TAPA OU TERMINA COM UM TAPA" foi algo assim kkkkkkk
2025-04-10
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