Dois dias depois, na casa de Faisal...
O calor do deserto ainda pairava no ar, mesmo com o avançar da tarde. O aroma de especiarias e carne grelhada se espalhava pela casa de Faisal, misturando-se ao perfume delicado das flores de jasmim dispostas sobre a mesa. O jantar, longe de ser um simples encontro entre amigos de longa data, era um evento de grande importância.
Faisal, meu conselheiro e aliado de confiança, me recebera com sua hospitalidade impecável, oferecendo o melhor de sua casa e de sua família. Eu sabia que por trás de cada gesto educado, cada prato ricamente servido, havia um propósito: a escolha de minha segunda esposa.
Minha mãe se juntou às mulheres da casa, deixando-me sozinho com meu conselheiro na ampla sala de jantar. O homem mais velho me observava com um olhar perspicaz, os olhos marcados pela experiência e lealdade.
— Salam aleikum, Majestade. — Faisal saudou-me com respeito, inclinando levemente a cabeça. Sua voz era firme, mas carregada de um orgulho contido.
— Wa aleikum as-salam, Faisal. — Respondi com a mesma reverência, aceitando a hospitalidade com um breve aceno de cabeça.
Sentamo-nos à mesa, onde uma sucessão de pratos era servida por mãos ágeis e discretas. O banquete era um espetáculo por si só: cordeiro assado e temperado com ervas raras, arroz perfumado com açafrão, tâmaras recheadas com nozes, pães sírios recém-saídos do forno e tâmaras caramelizadas. Uma jarra de suco de romã brilhava sob a luz dourada da sala, e o aroma do chá de hortelã perfumava o ambiente.
O jantar transcorreu entre conversas sobre política, o estado do reino e o peso das expectativas sobre mim. Mas eu sabia que, no fundo, Faisal aguardava o momento certo para apresentar suas filhas.
Foi então que ele olhou para sua esposa e disse:
— Querida, traga as meninas.
A mulher se retirou em silêncio, e por um instante, o salão mergulhou em uma expectativa contida.
Minutos depois, elas apareceram.
Uma delas se aproximou com passos graciosos e fez uma saudação respeitosa, curvando levemente a cabeça e colocando a mão sobre o coração. Seus olhos eram grandes e expressivos, e sua postura delicada.
— Esta é minha filha, Samira. — Faisal anunciou, o orgulho evidente em seu tom.
Eu a observei, mas minha expressão permaneceu neutra.
— Majestade. — Sua voz era doce, suave como um sussurro.
Depois a outra entrou na sala. Ela era vivaz, com um sorriso inocente que a fazia parecer ainda mais jovem do que realmente era. Seus olhos brilhavam com curiosidade e respeito, e ela também fez o gesto tradicional de saudação.
— E esta é Aysha, a mais nova. — Faisal completou.
Observei as duas em silêncio, medindo-as com o olhar. Samira era bela, Aysha, encantadora. Mas nenhuma delas era o que eu precisava. Elas eram muito jovens e imaturas.
Foi então que a vi.
Ela entrou sem pressa, sem sorrisos, sem tentativas de agradar. Layla.
Seus olhos encontraram os meus por um breve momento, e algo ali me intrigou. Não havia hesitação, nem medo, nem aquela submissão esperada. Sua expressão era neutra, mas sua postura dizia muito mais.
Faisal pigarreou antes de apresentá-la:
— Esta você já conheceu, Layla, minha filha mais velha. Filha do meu primeiro casamento.
Ele falava como se fosse um detalhe menor, como se quisesse minimizar sua presença.
Layla curvou-se respeitosamente, mas sem exageros.
— Majestade.
Sua voz era firme, controlada.
Observei-a por mais tempo do que deveria, sentindo o peso do olhar da minha mãe ao meu lado.
— Sente-se, querida. — Faisal ordenou, e as meninas obedeceram.
Inclinei levemente minha cabeça em direção à minha mãe, e sussurrei com discrição:
— Você me disse que Faisal tinha duas filhas puras. Por que não citou a terceira?
Ela se surpreendeu com minha pergunta, mas logo recobrou a compostura.
— Ela possui muita influência ocidental. Não é o tipo de mulher que você precisa. Além disso, está noiva de um britânico.
Havia um leve desgosto na forma como minha mãe pronunciou a última palavra.
Eu continuei observando Layla. Seu comportamento à mesa era reservado. Enquanto as irmãs lançavam olhares discretos para mim, ela parecia alheia a tudo, cortando pedaços de carne em silêncio, sem se importar com a tensão no ambiente.
Minha mãe me lançou um olhar significativo antes de sussurrar:
— Pelo que vejo, parece que já fez sua escolha.
Bebi um gole do suco de romã e deixei que um pequeno sorriso surgisse em meus lábios.
— Faisal — chamei, desviando meu olhar de Layla apenas por um instante. — Peço sua permissão para caminhar um pouco a sós com sua filha Layla.
O salão mergulhou em um breve silêncio. Layla ergueu os olhos, surpresa, e olhou para o pai, como se esperasse que ele negasse o pedido.
Mas Faisal, leal ao seu soberano, apenas assentiu.
— Tem minha permissão, Majestade.
Levantei-me com calma e caminhei até a moça. Ela hesitou por um momento, mas se levantou. Sua postura estava rígida, seu olhar indecifrável.
Saímos para os jardins, onde o calor começava a se dissipar com a brisa noturna. Caminhamos por alguns instantes em silêncio, até que decidi quebrar o gelo.
— Está gostando daqui?
Ela manteve o olhar à frente ao responder:
— Sim, estou. Faz anos que eu não via meu pai.
Seu tom era controlado, mas havia algo oculto ali, algo que eu ainda não havia decifrado.
Depois de alguns passos, ela hesitou e me olhou de lado.
— Majestade, se me permite perguntar…
— Pergunte.
— Por que me chamou aqui?
Seu olhar estava cheio de desconfiança.
Sorri levemente, sem pressa para responder.
— Logo saberá.
Continuei andando, sabendo que aquilo apenas aumentaria sua curiosidade.
— Você soube dos rumores? — Perguntei, mudando de assunto.
Ela não respondeu de imediato.
— Algumas coisas.
— Que tipo de coisas?
Ela exalou lentamente, como se medindo as palavras.
— Ouvi dizer que a corte está preocupada com a falta de um herdeiro. Que sua posição pode ser questionada.
— Sim, é verdade. — Confirmei.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Josely Goncalves Faria
acho graça de vocês leitoras cada País tem seus costumes seu modo de vida ocidental não tem nem ideia de como é vida deles não temos conhecimento bastante pra entender ou julgar
2025-03-16
20
Quase cinquentona🥴🥺😔😩
As mulheres desse país, não passam de meras mercadorias! 😡🤬🤮
2025-03-03
4
Anatalice Rodrigues
As mulheres de países Árabes, não tem vida própria. Tudo é o homem que toma iniciativa. Affffff
2025-03-19
0