====== CAPÍTULO 14 ======

    Na manhã seguinte, fui acordada pelas criadas que me ajudaram a me preparar para o desjejum. Vestiram-me com um vestido longo e fluído de seda dourada, cobrindo-me com um véu leve e ajustando minhas joias com precisão. Meu coração, no entanto, estava pesado. Minha mãe, Eleanor, chegaria para uma breve visita antes de retornar à Inglaterra, e eu não sabia como lidar com isso.

     O salão onde o desjejum era servido era amplo, com cortinas brancas esvoaçando suavemente diante das sacadas abertas. O aroma do café árabe, forte e especiado, misturava-se ao perfume do cardamomo e do mel. Sobre a mesa, havia tâmaras recheadas com nozes, fatias finas de queijo halloumi grelhado, pão khubz ainda quente, além de ovos mexidos com zaatar e azeitonas negras. Serviram-me um chá de hortelã fumegante, e tomei um gole, tentando ignorar a presença da Rainha-Mãe e de Amal.

A voz da soberana cortou o silêncio com uma doçura calculada.

— Então, Layla… imagino que esteja mais tranquila hoje.

    Minha mão parou no ar, o cálice de chá ainda entre meus dedos. Meu corpo enrijeceu com a tensão súbita que tomou conta do ambiente.

— Tranquilidade é um luxo que não conheço desde o momento em que cruzei o caminho de vocês. — Respondi, minha voz suave, mas repleta de um veneno silencioso.

Khalida sorriu de canto, satisfeita com minha resposta, como se previsse cada movimento meu nesse jogo.

Amal arregalou os olhos, visivelmente desconfortável.

— Layla, não pode falar assim com minha mãe. Deve a ela respeito.

Virei meu rosto lentamente para Amal, prendendo-a com meu olhar firme.

— Respeito? — Minha voz saiu baixa, quase um sussurro. — Se não fosse por sua mãe, eu jamais teria sido forçada a esse casamento ridículo. Não me peça para respeitá-la por algo que me foi imposto.

Voltei a atenção para minha comida, partindo um pedaço de pão com os dedos, como se a conversa fosse irrelevante.

Khalida apenas balançou a cabeça com um sorriso enigmático.

— Não se preocupe, minha querida Amal. Layla aprenderá com o tempo o que significa ser parte da nossa família.

Ela fez um gesto delicado com a mão.

— Agora, querida, nos deixe. Precisamos conversar sobre assuntos mais… íntimos.

Amal hesitou por um momento, mas, ao ver a expressão da mãe, levantou-se e deixou o salão.

Assim que ficamos sozinhas, a Rainha-Mãe recostou-se na cadeira e me observou por alguns segundos, saboreando meu desconforto antes de falar.

— Fiquei sabendo que não dormiu com o Sheik esta noite. — Sua voz era pura malícia. — Por quê? Acaso se esqueceu do motivo pelo qual está aqui?

Meus olhos se estreitaram, e senti o sangue ferver em minhas veias.

— Vai começar a vigiar cada vez que me deito ou não com seu filho?

Ela inclinou a cabeça, analisando-me como uma caçadora que avalia sua presa.

— Você não respondeu minha pergunta. Mas já que deseja uma resposta, sim, Layla. Eu vigiarei cada passo seu, porque essa é sua única função neste casamento: garantir um herdeiro ao trono do Catar. Eu não preciso refrescar sua memória quanto a isso, preciso?

A amargura em sua voz não me surpreendeu, mas ainda assim me provocou um sorriso cínico.

— A senhora é a mulher mais amarga que já conheci. Que Alá faça sua justiça, que ele dê o castigo que merece.

Antes que ela pudesse responder, uma voz masculina interrompeu nossa troca venenosa.

— Como ousa falar assim com a Rainha-Mãe?

Ergui o olhar e vi Amir parado à entrada do salão, sua expressão carregada de desagrado.

— Você pode ser minha esposa, Layla, a Rainha do Catar, mas isso não a isenta de respeitar aqueles que vieram antes de você.

Eu quis gritar, quis esganá-lo, mas apenas mantive o olhar afiado nele.

— Nos dê licença, mãe. — Sua voz era firme, e Khalida sorriu de maneira quase imperceptível antes de se levantar e sair, satisfeita com o caos que havia semeado.

Amir se aproximou e puxou uma cadeira, sentando-se ao meu lado. Cruzei os braços, meu rosto fechando-se ainda mais.

— No Catar, os mais velhos devem ser respeitados acima de tudo. Comece a lembrar dos nossos costumes. — Sua voz era baixa, mas carregada de autoridade. — Entendeu?

Eu não respondi. Se falasse, acabaria soltando um insulto.

Ele suspirou, impaciente, e então puxou minha cadeira, forçando-me a encará-lo. Meu corpo enrijeceu, surpresa pelo gesto inesperado. Seu rosto estava perto, os olhos penetrantes estudando os meus.

— Entendeu? — repetiu, sua voz agora mais intensa.

Segurei seu olhar e assenti lentamente.

Ele relaxou um pouco.

— Ótimo.

Pegou um pedaço de baklava do prato e começou a comer ao meu lado, como se nada tivesse acontecido.

Eu o observei com desdém.

"Tomara que se engasgue", pensei, e logo depois murmurei uma prece silenciosa, pedindo perdão a Alá pelos pensamentos intrusivos.

Amir percebeu meu olhar e ergueu uma sobrancelha.

— Você não vai comer?

— Perdi a fome.

Ele pegou um pedaço de khubz com mel e o ergueu diante de mim.

— Abra a boca.

— Já disse que não estou com fome.

— Layla… — Ele se inclinou ligeiramente para mim, sua voz carregada de uma ameaça velada. — Por Alá, não me faça perder a paciência. Abra a boca.

Havia um desafio em seus olhos, e eu me recusei a ser a primeira a recuar. Mas, ainda assim, abri a boca lentamente, deixando que ele colocasse o pedaço de pão entre meus lábios.

Seus dedos roçaram levemente minha boca ao retirar a mão, enviando um arrepio inesperado pela minha pele.

Por um instante, o ambiente pareceu mudar. Amir me observava com uma intensidade silenciosa, seu olhar preso à minha boca, como se quisesse devorar meus lábios.

Meu coração acelerou contra minha vontade.

— Está mais calma agora? — Sua voz saiu baixa, quase um murmúrio.

Piscando rapidamente, recobrei a razão e desviei o olhar.

— Sim. — Menti.

Um sorriso satisfeito surgiu em seu rosto.

— Ótimo. — Ele se recostou na cadeira, ainda me observando como um predador que já previu os próximos movimentos da caça. — Porque esta noite… continuaremos de onde paramos.

Senti meu estômago despencar, e minha respiração vacilou.

Eu não escaparia daquela noite.

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Celia Fernandes

Celia Fernandes

CADE A AYLA DO COMEÇO FIRME E FORTE AGORA ESTA SENDO FRACA DEMAIS OBEDECE TUDO QUE ELE PEDE AF QUE RIDICULO AUTORA FAIS ELA FORTE E DA UM GELO NELE DA O DESPRESO TENTA FUGI BRIGA SEI LA MAIS NAO DEIXA ELA SER FRACA E ACEITA ESSAS OFENÇAS NAO AF ISSO E HUMILHANTE

2025-03-06

8

Silvaneide ferreira

Silvaneide ferreira

Do que vai adiantar essa recusa nesse país se mulher desafiar o homem a punição e severa imagina um sheik elas têm que fazer a vontade dos homens querendo ou não e melhor Layla aceita pq se não vai acabar sendo punida

2025-04-06

1

Rose Gandarillas

Rose Gandarillas

Porque agora quem pode morrer é ela...ela casou-se com um sheik, além do que ela sabe o que está no livro sagrado do Islamismo com relação a Mulher e ela tem 2 irmãs e a madrasta.

2025-04-08

1

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