Piratas.

    Os dias na ilha tinham se tornado mais leves, uma rotina de cumplicidade e pequenos gestos de cuidado que deixavam o ambiente mais acolhedor. No entanto, naquela manhã, algo quebrou essa tranquilidade.

De longe, avistamos um barco se aproximando lentamente. Com o coração acelerado, acendemos uma fogueira e começamos a gritar, tentando chamar a atenção dos tripulantes. Mas conforme o barco se aproximava, Alessandro ficou tenso, com os olhos fixos nos homens a bordo.

— Não... — murmurou, agarrando meu braço com firmeza. — Precisamos sair daqui agora.

— O quê? Por quê? — perguntei, confusa, enquanto ele me puxava rapidamente para o mato.

— Eles são piratas do mar, mercenários. Se nos encontrarem, vão causar problemas... sérios problemas.

Sem questionar mais, corri ao seu lado até a cabana. Lá dentro, ele começou a preparar as armas que mantinha escondidas, cada movimento calculado e cheio de urgência. Meu coração batia rápido, o medo começando a se infiltrar.

— Alessandro, o que vamos fazer? — perguntei, tentando manter a calma.

Ele olhou pela janela, os olhos cheios de preocupação e raiva. — Vamos esperar. Se eles tentarem algo, estaremos prontos.

Os passos pesados dos homens se aproximavam, acompanhados por risadas e comentários desagradáveis. Um deles mencionou algo sobre mim, o tom cheio de insinuações que fez Alessandro cerrar os punhos com força.

— Eles não vão chegar perto de você — ele prometeu, a voz grave e determinada.

Pela janela, ele observava com atenção. Um dos homens estava no bote mais próximo, enquanto outro permanecia no barco maior que ficou em alto mar.

Alessandro manteve a mira fixa, esperando o momento certo para agir, enquanto eu tentava controlar a ansiedade crescente. A tensão no ar era palpável, e cada segundo parecia durar uma eternidade.

Os passos pesados dos homens ecoaram do lado de fora da cabana, e logo ouvi batidas firmes na porta. Alessandro respirou fundo, ajeitando a postura antes de sair. Ele me lançou um último olhar, silencioso, como se dissesse para eu ficar escondida.

— Fique aí — sussurrou, antes de abrir a porta.

Observei pela fresta da janela enquanto ele saía, enfrentando os homens que agora estavam diante dele. Eram seis, todos com expressões duras e corpos maltratados pelo mar.

— Precisamos de pouso e gasolina, achamos que aqui é um bom lugar para pernoitar, mora sozinho aqui? — disse um deles, a voz grave e áspera. — O mar está agitado, e não temos para onde ir.

Alessandro manteve-se calmo, mas sua postura era defensiva.

— Não tenho nada aqui além de frutas e água. Vocês podem descansar um pouco na praia, não gosto de companhia e estou sozinho aqui, mas gasolina não tenho.

Os homens se entreolharam, claramente frustrados. Um deles, um sujeito alto e robusto, deu um passo à frente, seus olhos estreitados em desconfiança.

— Ouvi dizer que tem uma menina com você — comentou, o tom carregado de malícia. — Não tenta esconder, meu amigo.

Alessandro riu, mas era uma risada fria, sem humor.

— O sol pode fazer isso, faz pessoas delirarem e não sou seu amigo. Muita solidão por aqui, talvez você esteja vendo coisas que não existem.

Os homens continuaram a encará-lo, mas Alessandro não cedeu. Ele permaneceu firme, cada palavra carregada de uma segurança que não deixava espaço para dúvidas.

Eu podia sentir o perigo crescendo no ar, mas também a habilidade de Alessandro em lidar com situações como essa. Ele estava no controle, mesmo que a tensão fosse palpável.

Finalmente, os homens pareceram recuar um pouco, mas não sem lançar olhares furtivos em direção à cabana. Alessandro permaneceu à porta, vigilante, sem baixar a guarda por um segundo sequer.

Alessandro entrou de volta na cabana, o rosto carregado de tensão. Ele fechou a porta atrás de si, trancando-a com firmeza.

— Eram seis homens — disse ele, a voz baixa, mas grave. — Voltaram para a beira da praia. Achei que recuariam, mas não foi isso que aconteceu. Eles estão vindo de novo.

Meu coração disparou ao ouvir isso. Senti um calafrio subir pela espinha, enquanto ele pegava as armas, preparando-se para o que estava por vir.

Minutos depois, os homens estavam de volta, entrando na cabana com a arrogância de quem acha que pode tomar o que quiser.

O líder, o mesmo que falara antes, cruzou o limiar com um sorriso sinistro nos lábios. Seus olhos se fixaram em mim, e senti o medo crescer.

— Olha só quem está aqui — murmurou ele, dando um passo em minha direção, os olhos devorando cada detalhe. — Parece que você mentiu sobre não ter companhia, amigo.

Alessandro se posicionou entre nós, a expressão endurecida.

— A minha esposa nunca estará em jogo, em circunstância alguma e já disse que não sou seu amigo — rosnou ele, a voz firme e ameaçadora.

O homem riu, desdenhoso, e tentou se aproximar mais. Foi a gota d’água para Alessandro. Ele ergueu a arma e atirou, o som do disparo ecoando na pequena cabana. O homem caiu, gritando de dor, com a mão na perna ensanguentada.

— Maldito! — ele gritou, mas Alessandro já estava de olho nos outros.

O barulho do tiro atraiu os comparsas, que logo começaram a invadir a cabana. Peguei uma das armas que estavam à mão, apontando para a porta enquanto Alessandro disparava sem hesitação, derrubando o primeiro homem que entrou.

— Belinda, você vai se esconder agora! — ele ordenou, a voz cheia de urgência.

— Não vou deixar você sozinho! — rebati, firme, embora meu coração estivesse disparado. — Posso não ter treinado, mas sei atirar.

A tensão era palpável. Alessandro disparava com precisão, derrubando mais dois homens que entraram. Eu, com a arma em punho, não consegui atirar, mas quando um deles se aproximou demais, bati com a coronha da arma em sua cabeça, fazendo-o desmaiar.

Com os corpos caídos ao redor, Alessandro se aproximou da janela. Lá fora, viu o homem do bote correndo de volta para o barco. Ele apertou os dentes, frustrado, mas aliviado por ver que pelo menos parte da ameaça estava se retirando.

— Inacreditável — murmurou ele, ainda observando o homem fugir. — Mas continuaremos aqui.

Eu me aproximei, ainda tremendo, mas determinada. Sabíamos que isso era apenas o começo de um desafio muito maior.

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Comments

Dulce Rodrigues

Dulce Rodrigues

Apaixonada e valente, não poderia ser diferente. Ela é uma Mansur...😍

2025-03-26

0

Carolaine Teixeira

Carolaine Teixeira

Alessandro vai conquistar o coração do sogro 🫶🫶

2025-01-23

1

Cleise Moura

Cleise Moura

Tomara que o cesare não demore encontrar eles

2025-03-21

0

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