Convite para o mar.

    Eu estava sentado no bar à beira da praia, girando lentamente a taça de vinho tinto nas mãos. O som das ondas quebrando ao fundo era quase hipnotizante, uma melodia constante que combinava com o murmúrio das conversas ao redor.

A vila estava em estado de alerta desde que as notícias sobre a morte de Rafael começaram a circular. Todos falavam baixo, como se temessem que suas palavras atraíssem o mesmo destino... Andreas Navarro.

Enquanto eu olhava fixamente para o mar, tentando encontrar sentido na confusão ao meu redor, um homem se aproximou e puxou uma cadeira ao meu lado. Ele se sentou com a confiança de alguém que sabia exatamente o que queria.

— Boa noite. — A voz dele era calma, mas carregava uma autoridade inconfundível. — Sou Pietro. Pietro Martinello. Precisamos conversar.

Levantei os olhos, avaliando-o. Ele tinha um porte firme, uma barba bem aparada e olhos que pareciam ver além do que se mostrava na superfície. Antes que eu pudesse responder, ele continuou:

— Ouvi dizer que você oferece passeios de barco, especialmente à noite. — Ele fez uma pausa, observando minha reação. — Após o funeral de Rafael, quero levar minha família para um desses passeios. Minha filha é neta dele, e os próximos dias não serão fáceis para ela, nem para as minhas netas. Um pouco de distração faria bem até que tudo se acalme.

Assenti, compreendendo o que ele não dizia diretamente. Sabia o peso de uma perda como essa, o vazio que se instala e como, às vezes, pequenas distrações podem trazer algum alívio.

— Posso organizar isso. — Respondi, mantendo a voz firme. — O passeio noturno é especial. As luzes da vila refletem na água, e é um espetáculo à parte. Um pouco de paz em meio ao caos.

Pietro inclinou levemente a cabeça, como se já soubesse disso.

— Quanto você cobra?

Mencionei um preço que considerava justo, pensando no tipo de cliente que ele era e na situação delicada. Pietro não hesitou. Apenas assentiu.

— Fechado. Após o funeral, à noite. Queremos algo discreto, mas significativo. Um passeio tranquilo para ajudar as crianças a esquecer, pelo menos por um momento, o que aconteceu.

— Deixe comigo. — Respondi. — Vou cuidar de tudo. Vai ser uma noite memorável, mesmo com tudo o que está acontecendo.

Ele se levantou, estendeu a mão, e eu a apertei com firmeza. Havia algo em seu olhar, uma mistura de gratidão e tristeza que não precisava de palavras.

— Obrigado. — Disse ele. — A dor é inevitável, mas a vida continua. E, às vezes, uma noite sob as estrelas é tudo o que precisamos para lembrar disso.

Observei enquanto ele se afastava, desaparecendo na multidão. Respirei fundo, sentindo o peso do que estava por vir. A noite seria longa, mas, por um momento, eu poderia ajudar a aliviar a carga daquela família. Sob as estrelas, em silêncio, navegando pela escuridão com uma promessa de esperança.

— Olha só, querido Alessandro, quer companhia? — Alessia se aproxima, ela é uma das mulheres que acham que o dinheiro compra tudo, ela até era bonita, mas completamente vazia.

— Não preciso de companhia, preciso de paz, e isso claramente não vem no pacote — falei.

— Ah, que isso cara, você é gay né, só pode — falou zombando, claramente indignada com minha recusa, mas não me dei ao trabalho nem de responder, levantei e segui para meu barco, olhar as estrelas lá dentro é mais fácil já que não tem ninguém incomodando.

Mais tarde naquela madrugada um barulho logo me despertou, havia tomado algumas taças de vinho, mas nunca me tiravam o foco, levantei e peguei minha arma, subi no deck e parecia tudo normal, andei mais um pouco e desci do barco, na ponte dois homens se afastavam, os chamei e não tive resposta, como já estava clareando voltei para o barco e não vi nada fora do lugar ou suspeito, hoje seria um longo dia e iria dar uma passada pelo funeral antes de pegar mantimentos para essa viajem.

O sol já estava alto quando saí do barco, decidido a preparar tudo para o passeio daquela noite. Sabia que cada detalhe precisava ser impecável, considerando especialmente a situação delicada da família Martinello.

Com passos firmes, me dirigi à farmácia primeiro. O sino na porta tocou quando entrei, e o ar fresco do ambiente me envolveu.

Percorri rapidamente as prateleiras, pegando alguns analgésicos e remédios para enjoo, apenas para garantir que todos estariam confortáveis durante o passeio. A farmacêutica me lançou um olhar curioso, mas apenas sorri educadamente, paguei e saí, o pacote firmemente em mãos.

A próxima parada foi o mercado. O aroma fresco de frutas maduras me saudou assim que entrei. Escolhi cuidadosamente algumas maçãs, laranjas e uvas, imaginando que as crianças poderiam gostar de algo doce e natural. Peguei também pães frescos, queijos e alguns frios para montar uma pequena refeição a bordo.

Passei pela seção de bebidas, onde escolhi uma garrafa de vinho branco suave e algumas águas com gás. O vinho seria para os adultos, algo para relaxar enquanto navegávamos pelo paraíso que eu tinha em mente. Com tudo empacotado, caminhei de volta ao barco.

O barco balançava levemente ao ritmo das ondas quando comecei a descarregar os mantimentos. Coloquei as frutas em uma cesta de vime e organizei tudo na pequena cozinha a bordo. As bebidas foram para o compartimento refrigerado, enquanto os remédios ficaram guardados em um armário fácil de alcançar.

Quando tudo estava no lugar, subi ao convés e olhei para o horizonte. O destino daquela noite seria uma trilha no mar que levava a um emaranhado de ilhas desertas, um verdadeiro paraíso escondido. As ilhas, banhadas pela luz suave da lua, seriam um espetáculo inesquecível para a família. A água cristalina e as praias de areia branca criavam um cenário perfeito, quase mágico.

Passei o resto do dia garantindo que o barco estivesse impecável, verificando cada detalhe. Queria que aquela noite fosse especial, um momento de paz e beleza em meio à turbulência que todos estavam enfrentando. Quando o sol começou a se pôr, tudo estava pronto. O barco estava abastecido, seguro, e preparado para levar a família Martinello a um refúgio onde, por algumas horas, poderiam encontrar um pouco de consolo nas belezas simples e imutáveis da natureza.

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Comments

Márcia Jungken

Márcia Jungken

esses dois homens devem ter sabotado o barco a mando do escroto do Andreas 🤔🤔

2025-04-03

0

Maria Ines Santos Ferreira

Maria Ines Santos Ferreira

por favor né espero que a família dela não morra

2025-03-13

0

Dulce Rodrigues

Dulce Rodrigues

Acho que Andreas sabotou o barco...

2025-03-26

0

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