Uma ilha.

Acordei com o som suave das ondas quebrando na praia, e a primeira coisa que senti foi uma dor pulsante na testa. Abri os olhos devagar, tentando entender onde estava. O céu ainda estava escuro, as estrelas brilhando levemente acima de nós. A primeira coisa que vi foi o homem do barco, aquele que nos levou para o passeio. Ele estava sentado ao meu lado, segurando minha mão com firmeza, como se quisesse garantir que eu estivesse ali, viva.

Olhei ao redor, tentando processar tudo. Meu corpo estava dolorido, mas consegui mover os braços e as pernas. Toquei minha testa e senti algo úmido. Sangue. Um pequeno corte de onde o sangue ainda escorria lentamente. Meu coração acelerou ao perceber que estávamos em uma ilha deserta.

Quando me movi, ele percebeu e abriu os olhos. Havia um cansaço profundo em seu rosto, mas também algo mais — uma mistura de preocupação e alívio.

— Você acordou — ele disse com uma voz grave e rouca, mas havia um tom de alívio.

— Sim — murmurei, ainda atordoada. — Onde estamos? O que aconteceu?

Ele suspirou, parecendo pesar cada palavra antes de falar.

— Em uma ilha. Conseguimos escapar do barco antes que explodisse. Você estava inconsciente, então eu te trouxe até aqui. — Ele fez uma pausa, olhando ao redor. — Mas essa ilha... não é segura. Tem animais perigosos. Precisamos encontrar um lugar para nos proteger. O céu já está clareando. — Ele apontou para o horizonte, onde uma leve tonalidade laranja começava a aparecer.

Eu tentei me levantar, sentindo a dor se espalhar pelo meu corpo, especialmente no pescoço e na cabeça.

— Acho que consigo caminhar. Só meu pescoço e minha cabeça doem — respondi, tocando a área sensível no pescoço.

Ele se aproximou, colocando a mão cuidadosamente no meu pescoço. Quando seus dedos tocaram a pele, uma dor aguda me fez cerrar os dentes.

— Isso foi causado pelo desgraçado que te segurou pelo pescoço — ele murmurou, com uma raiva contida que era palpável.

Fiz uma careta ao lembrar. A cena do homem me segurando com força voltou como um flash. Tentei afastar o medo que me invadia e olhei para ele, grata por estar viva.

— Você me salvou. — Minha voz saiu quase como um sussurro.

Ele assentiu, mas seu olhar desviou, como se a proximidade o incomodasse. Havia algo em seu silêncio, uma luta interna que ele não deixava transparecer completamente.

— Foi o que pude fazer — ele respondeu, a voz firme, mas com uma sombra de desconforto.

— Minha família, ah meu Deus, será que deu tempo de fugir, estou apavorada em pensar na hipótese, será que tentaram nos assaltar? Como sabiam que estávamos ali? — Disparei nervosa, mas ele pareceu nem ouvir, porém, me respondeu:

— Não foi assalto, foi emboscada, seus pais conseguiram escapar, estavam no barco quando lembro que ouvi o som da explosão que aconteceria e pulei, estão provavelmente a salvo já, pelo visto estamos muito longe, porque não tem sinal de fumaça em lugar algum. — falou e aquilo foi ótimo de ouvir, pelo menso a parte de eles estar a salvo, eu sabia que meus pais nunca deixariam de me procurar, eles não perderiam a esperança.

Começamos a caminhar pela areia úmida da praia, os primeiros raios de sol começando a iluminar o céu. O silêncio da ilha era quebrado apenas pelo som do mar e pelo farfalhar das folhas nas árvores ao longe. Cada passo era lento, cuidadoso, como se ambos soubéssemos que o perigo podia espreitar a qualquer momento.

Depois de um tempo, ele parou e rapidamente juntou alguns galhos secos espalhados pela areia. Com uma habilidade impressionante, acendeu um pequeno fogo em questão de minutos. As chamas dançavam, lançando sombras sobre nossos rostos enquanto o calor começava a afastar o frio da manhã.

Aproximei-me do fogo, abraçando meus próprios braços, tentando absorver o calor. Ele me observou por um instante antes de perguntar:

— Está com frio? Ou fome?

— Sim... — admiti, a voz trêmula. Mas antes que ele pudesse se levantar, continuei: — Mas não vá. Estou apavorada. Não quero ficar sozinha.

Havia sinceridade no meu tom, e ele pareceu entender. Sua expressão endureceu um pouco, mas ele assentiu, permanecendo ao meu lado. O silêncio entre nós foi interrompido por um som distante, um estalo seco vindo da vegetação atrás de nós.

Ele imediatamente se levantou e me puxou para trás, posicionando-se de forma protetora. Seus olhos estavam fixos no local de onde o som tinha vindo, atentos e calculistas.

— Fique atrás de mim — ele murmurou, os músculos tensos, pronto para agir se necessário.

O som se repetiu, mais próximo desta vez, e ambos ficamos em alerta máximo. O fogo continuava a crepitar suavemente, mas agora parecia ser o único elo frágil de segurança naquele ambiente hostil.

O som na vegetação ficou mais intenso até que um homem emergiu das sombras. Ele segurava uma bolsa e uma arma, os olhos brilhando com uma mistura de arrogância e malícia. Ao focar na bolsa que ele carregava, senti um calafrio percorrer minha espinha.

— Aquela... — murmurei, quase sem voz. — Aquela é a mala do meu pai.

Meus olhos se fixaram na bolsa desgastada, reconhecendo-a imediatamente. Era a mala pessoal dele, sempre cheia de itens essenciais: uma arma, remédios, e suprimentos para emergências. Meu coração acelerou, e meu corpo ficou tenso.

O homem ouviu meu murmúrio e riu alto, uma risada cruel que ecoou na quietude da ilha.

— Ah, então você reconheceu. Sim, é a mala do seu querido pai — ele zombou, levantando a arma com um gesto ameaçador. — Já que não consegui te matar antes... Vou garantir uma boa noite de diversão antes de fazer isso.

Ele falou com uma perversidade que me fez estremecer. Seus olhos se voltaram para Alessandro, que continuava firme, o olhar fixo e calculista.

— Afastem-se, ou os dois vão morrer! — o homem gritou, a voz cheia de fúria. — Se não sair do caminho, eu vou te matar, idiota!

Alessandro não se moveu, seu rosto impassível, mas seus olhos brilhavam com uma intensidade assassina. O homem continuou, seu tom agora mais carregado de desprezo e raiva.

— Vai morrer como um cachorro, Alessandro! — ele cuspiu, acrescentando um insulto seguido do meu nome, sua voz cheia de ódio.

Foi como se uma faísca acendesse algo profundo dentro de Alessandro. Sua postura mudou, e eu vi a determinação gelada tomar conta dele. Havia algo primal em sua expressão, como se toda sua essência estivesse focada em eliminar a ameaça à nossa frente. Sem hesitar, ele deu um passo adiante, a disposição para matar estampada em cada fibra de seu ser.

A tensão no ar era quase palpável, e eu sabia que estávamos a um passo de um confronto mortal.

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Comments

Fatima Gonçalves

Fatima Gonçalves

COM CERTEZA BICHO RASTEJANTE NOJENTO

2025-02-17

0

Fatima Vieira

Fatima Vieira

foi Andreas q mandou matar ela ,pra poder ficar com a herança

2025-01-24

1

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