Eu tentava, com todas as minhas forças, ignorar a tensão que percorria meu corpo a cada toque de Belinda. Saímos juntos para a cachoeira, o frescor da água deveria aliviar a tensão, mas cada vez que meus olhos caíam sobre ela, algo mais forte me puxava para um lugar perigoso. O sobrenome dela e a máfia ecoavam na minha cabeça, um alerta constante. Não podia me permitir desejar ninguém, especialmente alguém que mexia tanto comigo.
Quando ela começou a se afastar, algo dentro de mim se quebrou. Eu não podia deixá-la sair assim, não depois de tudo que ela viveu.
— Desculpe, não queria falar daquele jeito. Você não é um estorvo, nunca foi. Calma, você está ferida e recém se recuperando — falei, minha voz saindo mais suave do que pretendia.
Ela parou, cruzando os braços com um olhar desafiador.
— Você tem que decidir que versão vai usar, o grosso ou o bonzinho. Sinceramente, não dá para entender — reclamou, os olhos fixos nos meus, exigindo uma explicação.
Suspirei, tentando encontrar as palavras certas:
— Não é você...
Mas ela me cortou, a voz cheia de frustração.
— Já sei, não é você, sou eu. Ah, corta essa, né? Está claramente na cara que rolou uma tensão aqui, e o pior é que eu nem sei o motivo.
Ela se afastou mais, e antes que eu pudesse pensar, fui atrás dela. Segurei seu braço para impedi-la de ir embora, mas o movimento a fez tropeçar. Instintivamente, a puxei contra mim, segurando-a firme. Ela caiu contra meu peito, e naquele instante, tudo pareceu congelar.
Seus olhos encontraram os meus, e por um momento, tudo o que tentei evitar se tornou inevitável. Eu sentia o calor dela, a respiração acelerada, e a certeza de que mexia comigo mais do que qualquer outra coisa. Sem pensar, sem hesitar, inclinei-me e a beijei.
O mundo ao nosso redor desapareceu. O beijo foi intenso, carregado de tudo o que estávamos reprimindo. Era como se cada barreira, cada pensamento racional, fosse esmagado pelo desejo que nos consumia.
Assim que o beijo terminou, a realidade voltou a cair sobre mim como um peso insuportável. Afastei-me de Belinda tão rápido e abruptamente que ela perdeu o equilíbrio e caiu, sentando-se no chão com um baque surdo. Meu coração disparava, e a culpa tomou conta de mim instantaneamente.
— Desculpa, Belinda... eu... — tentei estender a mão para ajudá-la a se levantar, mas ela se afastou, os olhos brilhando de raiva e confusão.
— Não! Fica longe de mim! — gritou, sua voz cheia de emoção. — Você vai ter que decidir agora, Alessandro. Ou você me conta por que está me repelindo desse jeito, ou se afasta de vez! Não posso mais lidar com esse vai e vem e sua bipolaridade, está absurdo já, parece bipolar!
Fiquei ali, congelado por um momento, encarando-a, as palavras dela ecoando na minha mente. Queria explicar, queria dizer tudo o que se passava dentro de mim, mas as palavras simplesmente não vinham, como vou dizer para ela que odeio algo que ela faz parte, que a família dela faz parte. O conflito interno que me dilacerava parecia impossível de expressar.
Ela continuou me olhando, esperando uma resposta, mas tudo o que consegui fazer foi dar um passo para trás, sentindo o peso do silêncio entre nós crescer.
Belinda se levantou com dificuldade, limpando a areia de suas mãos, e começou a caminhar em direção à cabana. O andar dela era hesitante, mas determinado, mesmo com a dor evidente. Fiquei parado, incapaz de mover um músculo, vendo-a se afastar. Cada passo dela parecia um golpe, e a culpa me corroía por dentro.
Minha mente se encheu de lembranças, de fragmentos de informações que eu tentava esquecer. Os nomes, os documentos... Mansur. Os Mansur eram líderes e inimigos declarados da Rússia, uma guerra silenciosa que pairava há décadas, eu não sabia se essa guerra tinha algo haver com meus pais.
As notícias do casamento de Lorenzo Mansur, a ascensão da família. A morte do herdeiro Sergey, um golpe que abalou todo o submundo e colocou a Itália definitivamente no topo ao descobrirem que Alana esposa de Noah Mansur era a verdadeira herdeira Russa, seguido pelo misterioso desaparecimento de Mikhail, deixando um rastro de dúvidas e medo.
E agora, aqui estava eu, com uma Mansur. Cada instinto de sobrevivência gritava para eu me afastar, para não me envolver. Mas cada vez que olhava para Belinda, o medo e a confusão se misturavam com algo mais profundo, algo que eu não queria admitir.
Ela alcançou a cabana e desapareceu porta adentro. Fiquei ali, imóvel, lutando contra o desejo de ir atrás dela e a necessidade de manter distância. O medo de me abrir, de contar a verdade sobre o que sabia, me paralisava. A máfia, as guerras, as perdas... tudo isso me transformou em alguém que não podia se dar ao luxo de confiar.
Mas o olhar de Belinda, sua força e vulnerabilidade, me desarmavam de uma maneira que ninguém mais conseguia. E, apesar de todas as razões para ficar longe, cada fibra do meu ser me puxava para ela, mesmo que isso significasse enfrentar todos os meus medos e dúvidas.
— Não pode ser, dois dias foram o suficiente para que essa menina dominasse minha cabeça, tão linda, tão cheirosa, tão especial e aqui tão dependente de mim. — falei para mim mesmo ainda sentindo o coração palpitar com nosso beijo e com meu amigo aqui em uma bela ereção pedindo mais.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 43
Comments
Márcia Jungken
Alessandro deveria contar a verdade para Belinda sobre o que aconteceu com a família dele 🤔🤔
2025-04-05
0
Maria Serra Aragao
Bem lembrado o amigo..kkkkk
2025-03-05
0
Maria Ines Santos Ferreira
ele precisa contar
2025-03-14
0