Protegendo a Herdeira Perdida: Belinda e Alessandro.

Protegendo a Herdeira Perdida: Belinda e Alessandro.

Belinda Mansur.

O sol invadiu o quarto como sempre fazia, teimoso, atravessando a cortina fina e iluminando meu rosto. Me espreguicei preguiçosamente, sentindo o calor da manhã abraçar minha pele. Era sábado, meu dia favorito, quando a casa parecia respirar mais devagar, como se todos estivessem sincronizados em uma leveza que só o fim de semana trazia.

Passei os dedos pelos meus cabelos bagunçados, tentando domar os fios dourados enquanto me levantava. Olhando no espelho, suspirei.

Minhas olheiras denunciavam as noites em claro que passei trabalhando em um projeto para a faculdade. Arquitetura era mais que um curso para mim; era meu refúgio, minha maneira de transformar sonhos em algo palpável, apesar de saber que dificilmente poderei exercer.

Depois de um banho rápido, desci até a cozinha, onde o cheiro de pão recém-assado e café fresco já me chamava. Meu pai estava sentado na cabeceira da mesa, como sempre. Mamãe estava ao seu lado, sorrindo enquanto mexia no celular, quem visse a cena não diria que nosso ramo de trabalho na família vai além do normal.

— Bom dia, minha princesa — papai disse assim que me viu entrar, dobrando o jornal.

— Bom dia, papai. Bom dia, mamãe — respondi, me servindo de café.

— Finalmente você desceu! Pensei que ia perder o café — disse Giulia, já sentada com sua xícara quase vazia. Ela era sempre a primeira a aparecer, com aquele sorriso brincalhão que eu já conhecia tão bem, Giulia é noiva do Enzo, por ele já tinham casado, mas ela quer esperar mais um ano, eles dormem em casas separadas, mas ela vem aqui todo dia, já são bem-dizer casados.

— Dormi tarde ontem — murmurei, sentando ao lado dela. — Estava terminando um projeto para a faculdade.

Giulia revirou os olhos, brincando:

— Você precisa relaxar, Belinda. Está se dedicando tanto que daqui a pouco vai começar a sonhar com prédios e plantas baixas.

— E você está dedicando seu tempo demais ao meu irmão — retruquei, sorrindo de lado.

— Porque ele merece — ela respondeu, piscando para mim.

Enquanto isso, papai e mamãe trocavam olhares cúmplices. Era quase desconcertante como eles pareciam sempre conectados, como se falassem uma língua que ninguém mais entendia.

— Vocês dois nunca vão mudar, não é? — comentei, observando a troca de olhares entre eles.

— Quando você encontrar a pessoa certa, vai entender — disse minha mãe, segurando a mão de papai.

— Não precisa encontrar ninguém, pode ficar aqui em casa para o resto da vida bebê — retrucou meu pai.

Eu me recostei na cadeira, segurando a xícara entre as mãos e olhando para eles.

— Às vezes, parece que vocês vivem em outro mundo. Será que existe alguém lá fora que olhe para mim assim?

Papai riu, aquele riso grave e reconfortante que sempre me fazia sentir segura.

— No nosso mundo é difícil olhares assim, poucos homens são românticos, eu prefiro que fique conosco muitos anos, ninguém vai te amar como eu — falou dramatizando.

— Isso é um amor que existe sim, não liga para o sogro — Giulia provocou, e todos rimos.

Mas, no fundo, aquele pensamento ficou comigo. Será que o amor realmente me encontraria? Será que ele existia além dos muros desse complexo que era tão confortável e, ao mesmo tempo, tão sufocante?

O café da manhã terminou com risadas e provocações, mas enquanto subia para o meu quarto, não consegui deixar de me perguntar:

Será que havia algo mais esperando por mim? Ou eu estava destinada a viver nesse mundo perfeito, mas limitado, para sempre?

A manhã se desenrolou sem pressa. Depois do café, coloquei um biquíni branco e uma saída de praia de seda, indo direto para a área da piscina. O sol parecia mais brilhante naquele sábado, refletindo na água cristalina e criando um jogo de luzes hipnotizante. A piscina era enorme, com borda infinita que dava a ilusão de que o azul se estendia até o horizonte.

Giulia já estava lá, deitada em uma espreguiçadeira com um chapéu enorme protegendo o rosto. Assim que me viu, tirou os óculos escuros e sorriu.

— Achei que você ia direto para a biblioteca.

— E você acha que sou tão previsível assim? — brinquei, mergulhando os pés na água antes de entrar.

Depois de um tempo, subi da piscina e fui para a academia. O complexo da nossa casa tinha tudo: esteiras de última geração, halteres, e até um treinador que aparecia quando necessário, não que ele de fato treinasse algumas de nós, mas dava dicas e ensinava algumas coisas. Aylla, minha prima, estava lá, já levantando pesos.

— Achei que você estava na piscina — ela comentou, me olhando pelo espelho.

— Estava. Decidi queimar as calorias do café antes de sair para estudar.

Aylla riu.

— Você é tão disciplinada que às vezes me assusta.

— Ou você é quem não leva nada a sério? — retruquei, sorrindo e terminei o treino, hoje meu soldado me acompanharia e iria na faculdade aplicar a prova aos alunos que vão concorrer a bolsa, nossa família uma vez por ano faz essa seleção, coisa das mulheres da família, uma possibilidade de mudar a vida de quem não tem condição através dos estudos.

Nesse caso hoje separamos a sala da faculdade e eu ficava responsável por aplicar a prova, Giulia me auxiliava com o monitoramento, Ayla e Alana ajudavam com os cadastros e tia Sofia, minha mãe e tia Cassandra corrigiam, Enzo, Noah, meu pai, Théo e meus tios fazem toda a segurança e vistoria.

Vesti uma calça social bege e uma camisa branca, simples, mas elegante. Cheguei ao local cedo, como sempre. Meu pai sempre dizia: "Quem lidera, dá o exemplo."

Giulia me acompanhava, como sempre fazia quando havia algo importante. Ela parecia mais animada do que eu.

— Não parece incrível que algo tão pequeno, como uma prova, possa mudar tanto a vida de alguém?

Eu sorri.

— É mais que uma prova, Giulia. É esperança.

Os alunos começaram a chegar lentamente. Vi crianças e jovens com olhos brilhando de expectativa, alguns acompanhados por pais que não escondiam o nervosismo.

Senti um aperto no peito ao pensar que, para muitos deles, essa poderia ser a única oportunidade de algo melhor.

Enquanto os ajudava a se acomodar, vi Aylla, minha prima, do outro lado da sala, organizando os papéis com eficiência. Ela tinha uma energia que contagiava. Quando nos encontramos no meio da sala, ela comentou:

— Acho que você deveria estar aqui mais vezes. Esse é o tipo de coisa que combina com você.

— Talvez — respondi. — Mas isso também é só uma pequena parte do que fazemos.

Quando todos estavam acomodados, começamos a aplicação da prova. As horas passaram em silêncio quase absoluto, quebrado apenas pelo som de lápis e canetas no papel.

O Almoço:

Depois da prova, organizamos um pequeno almoço para os alunos e suas famílias. Eu circulava entre eles, respondendo perguntas e tentando passar confiança. Giulia, sempre carismática, fez amizade com todos em questão de minutos.

No final do evento, um menino de cerca de dez anos veio até mim com um pequeno desenho. Era um esboço simples, mas cheio de detalhes, de uma mulher sentada em uma mesa, cercada por crianças.

— É você — ele disse timidamente. — Você parece uma professora.

Eu ri, tocada pela simplicidade e sinceridade dele.

— É o melhor presente que eu poderia receber hoje. Obrigada.

O sorriso dele foi como um lembrete de que, mesmo no nosso mundo complicado e muitas vezes sombrio, ainda havia espaço para atos simples de bondade.

O Resto da Tarde:

De volta à mansão, o dia continuou em um ritmo tranquilo. Depois de trocar de roupa, fui para a piscina, onde Giulia e Aylla já estavam mergulhando, Ayla nossa terrorista jogava água no casal e no irmão, Enzo jogava de volta e colocava Giulia como um escudo, esses dois faziam um lindo casal.

— E então, como se sente sendo a inspiração de um artista mirim? — Giulia brincou.

— Sinto que tenho muito a aprender — respondi, rindo.

A tarde terminou com risadas, conversas e um café na varanda com minha família. Meus pais, Cesare e Duda, estavam como sempre: próximos, apaixonados, trocando olhares que diziam mais do que qualquer palavra.

Enquanto os observava, uma pergunta pairava na minha mente. Será que algum dia eu encontraria alguém que me olhasse da mesma forma? Que tivesse o poder de enfrentar o mundo ao meu lado?

Eu não sabia a resposta. Mas algo me dizia que o destino estava prestes a me surpreender.

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Comments

Andrea Freire

Andrea Freire

Começando a leitura hj 23/01/25 e já gostando da história

2025-01-23

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Fatima Vieira

Fatima Vieira

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2025-01-24

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