Eu sou Alessandro Vieira, e minha vida nunca foi simples. Nasci em uma vila à beira-mar, em Portugal, onde o som das ondas era a trilha sonora constante da minha infância. Nunca imaginei que aquele mesmo mar, que um dia foi minha fuga, se tornaria meu único refúgio.
Minha aparência sempre chamou atenção, embora eu nunca tenha dado muita importância a isso. Alto, com olhos verdes que parecem refletir a imensidão do oceano e cabelos escuros que o vento insiste em bagunçar, sou mais conhecido pelo silêncio do que pelas palavras. Meu porte físico é fruto dos anos trabalhando no mar, não é apenas uma questão de estética, mas de sobrevivência.
Perdi tudo o que importava aos 17 anos. Minha mãe, meu pai, meus dois irmãos, o único corpo que nunca foi encontrado foi minha irmã, mas infelizmente nunca mais tive notícias, às vezes vestígios de esperança surgiam em meus sonhos, mas a realidade pela manhã me acertava com socos cruéis, eu nunca acharia ela...
Todos foram assassinados brutalmente. No começo, só pensei em vingança, mas a busca pela verdade foi um golpe ainda mais duro.
Descobri que meus pais, que eu acreditava serem honestos e simples, trabalharam como contadores para a máfia. Aquilo me destruiu, então suas mortes foram uma queima de arquivo, e se eu não estivesse na rua aquela noite teria morrido junto.
O ódio pela organização que acabou com minha família se enraizou profundamente, e eu sabia que não poderia continuar a vida que conhecia.
Comprei um barco e deixei tudo para trás. Não apenas a vila onde cresci, nossa casa, roupas e malas, sai com uma bolsa de roupa e uma pasta de documentos e um nome, MIKHAIL, o responsável pelas mortes e ocupante da minha cabeça em quando buscar minha vingança, mas também saí de lá com a esperança de ter uma vida normal. Navegar se tornou minha fuga, meu escudo contra o mundo. Agora, trabalho em uma das regiões mais sofisticadas de Portugal, o Algarve, oferecendo passeios de barco para turistas ricos que buscam um vislumbre do paraíso.
Eles veem apenas o belo, as praias de areia dourada e o mar azul profundo. Não tenho ideia do inferno que carrego dentro de mim.
Adoro a simplicidade de uma boa refeição à base de peixe fresco, acompanhada de um copo de vinho português. Quando não estou no mar, gosto de me perder em livros, principalmente clássicos que me transportam para mundos onde a dor parece mais suportável.
Mas a verdade é que minha única companhia verdadeira é a solidão. Desde que perdi minha família, decido que nunca mais amarei. O medo de perder quem amo novamente é paralisante.
Vivo pelo mar, e ele é meu único companheiro fiel. A vastidão e o silêncio das águas são tudo o que conheço agora. Cada onda que quebra contra o casco do meu barco parece sussurrar o mesmo: que sou um homem que escolheu viver sem amor, por medo de perder tudo mais uma vez.
O dia começou como qualquer outro. O mar estava calmo, e o sol dourava o horizonte quando fui chamado para um encontro inesperado. Andreas Navarro, filho do líder da região, queria falar comigo. Conhecia a reputação de Andreas e seus filhos: um playboy arrogante, sempre envolvido em festas e escândalos, que se acha o centro do universo. Mesmo relutante, fui até o encontro, curioso para saber o que ele queria.
Ao entrar na sala, fui recebido por Andreas, que estava encostado em sua mesa de mogno, um sorriso presunçoso estampado no rosto. Seus olhos, de um azul gélido, avaliavam-me como se eu fosse apenas mais uma peça a ser negociada.
— Alessandro, quero comprar o seu barco — disse ele, direto ao ponto, como se o dinheiro pudesse resolver qualquer coisa.
— Não está à venda — respondi secamente, cruzando os braços.
Ele riu, um som vazio e sem humor.
— Tudo tem um preço — insistiu, levantando-se e se aproximando. — Quanto você quer?
— Não é uma questão de dinheiro — respondi, minha voz firme. — Meu barco não está à venda, ponto final.
O sorriso de Andreas desapareceu, substituído por um olhar de tranquilidade. Ele não estava acostumado a ouvir "não". No entanto, antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, um barulho à porta nos interrompeu. Era seu pai, o verdadeiro líder da região, um homem idoso, de aparência frágil, mas com uma presença que impunha respeito.
Ao contrário do filho, o velho Navarro era conhecido por ser um bom homem, alguém que realmente se importava com seu povo. Ele deu alguns passos para dentro da sala, mas logo começou a tossir violentamente, segurando-se na parede para não cair. Seus olhos estavam marejados, e seu rosto, pálido.
Instintivamente, dei um passo para trás. Não queria me envolver, não queria fazer parte de nada relacionado à família, mesmo que o velho Navarro fosse diferente do filho.
— Pai! — Andreas exclamou, correndo até ele, para mim só fingindo preocupação, Navarro tem três filhos, Andreas, Afonso e Talita, uma faleceu a muitos anos, todos aqui sabem que assim que Navarro morrer Andreas por ser o mais velho herdará tudo, ele casou-se com a mãe do pai na sua neta mais velha, e viveram até que ela falecesse dois anos atrás, como sei disso? Notícias sobre o pavor de Andreas assumir esse lugar dominam a vila e os moradores obrigados a viver aqui, se eu não gostar pego meu barco e sumo, nada me prende aqui.
O velho caiu de joelhos, ainda tossindo, enquanto Andreas tentava ajudá-lo. A cena era desconcertante, mas eu me mantive distante. Não era o tipo de homem que se intrometia nos assuntos dos outros, especialmente em uma família como a dos Navarro.
Sem dizer mais nada, virei-me e saí da sala, deixando-os lidar com seus próprios problemas. O peso do passado ainda pesava sobre mim, e eu sabia que me envolvia com eles só traria mais complicações. Meu caminho foi traçado pelo mar, longe de intrigas e poder. Não olhei para trás. O mar me chamou novamente, e era ali que eu herdei.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Márcia Jungken
esse Andreas parece ser um escroto com certeza ainda vai aprontar com o Alessandro 🤔🤔
2025-04-03
0
Fatima Gonçalves
PELO JEITO ESTÁ M SMO QUER O PODER
2025-02-17
0
Fatima Vieira
Andreas está matando todos da família
2025-01-24
0