A tarde de sábado transcorreria tranquila. Estávamos todos reunidos na sala principal: eu, meus pais, meu irmão Enzo, e Giulia, minha futura cunhada, que parecia já fazer parte da família. A conversa flutuava entre temas leves, as risadas preenchiam o ambiente, e o aroma do café recém-passado dava o toque final à atmosfera confortável.
O toque do celular da minha mãe, Duda, cortou o momento de calma. Ela pegou o aparelho com pressa, um gesto quase automático, mas a mudança em sua expressão foi imediata. Seus olhos ficaram marejados, e ela pressionou os lábios, como se tentasse conter uma emoção súbita.
Meu pai, Cesare, vê imediatamente e estendeu a mão, assumindo a ligação como fazia sempre que algo parecia pesado demais para ela. Ele falava baixo, caminhava até a janela enquanto escutava a voz do outro lado da linha. Ficamos todos em silêncio, nossas atenções completamente voltadas para ele.
Quando desligou, meu pai voltou a se sentar, mas a tensão ainda estava em seu rosto. Ele respirou fundo antes de falar.
— Era Andreas. Ele disse que o bisavô de vocês... está muito mal. Ele quer se despedir.
Meu coração apertou muito. Não via meu bisavô, Rafael, há mais de um ano. Ele era um homem forte, mas a idade já pesava em seus 83 anos. A ideia de perdê-lo me atingido como um soco no estômago.
Minha mãe, visivelmente emocionada, pousou uma mão trêmula sobre a mesa.
— Ele sempre foi tão bom para mim, precisamos ir lá...
Meu pai segurou a mão dela, apertando-a com firmeza.
— Vamos até ele. Vamos todos.
A decisão foi tomada sem hesitação. Meu pai pediu para organizar tudo, enquanto cada um de nós subia para arrumar nossas malas.
No meu quarto, abri o armário sem saber por onde começar. Giulia apareceu poucos minutos depois, abraçando-me com força.
— Você está bem? — ela disse, sua voz cheia de preocupação.
Assenti, tentando conter a emoção.
— Sim, mas... é estranho pensar que talvez essa seja a última vez que o vejo.
Ela segurou minha mão.
— Então, vamos fazer essa viagem especial. Ele merece isso.
Giulia era sempre assim: otimista e presente. Enquanto eu separava roupas e itens necessários, ela tagarelava sobre como seria bom ver minha família reunida e como nós temos sorte de ter pessoas tão unidas.
O jato da família nos esperava na pista. Meu pai e meu irmão cuidaram de cada detalhe, garantindo que o conforto e a segurança fossem prioridades. Giulia sentou-se ao meu lado, e Enzo, sempre protetor, ocupou o assento à frente, observando tudo com atenção.
— O bisavô mora numa ilha, não é? — Giulia perguntou, tentando aliviar o clima tenso.
Assenti, esboçando um sorriso.
– Sim. É uma pequena ilha privada próxima a Algarve. Ele sempre disse que queria um lugar tranquilo para envelhecer. Quando éramos crianças, Enzo e eu passávamos verões lá. É um lugar lindo, cheio de memórias.
— Parece mágico — ela comentou, segurando minha mão com firmeza.
Pouco antes de decolarmos, outro jato aterrissou na pista ao lado. Quando a porta se abriu, vi Pietro, meu avô, descendo acompanhado de Adriane, sua esposa, e Felícia, minha prima, que tinha a mesma idade que eu. Pietro parecia cansado, mas sua postura ainda era a de um homem imponente.
— Você está pronto para a viagem? — ele disse, com um sorriso contido.
— Sempre — Cesare respondeu, apertando a mão do meu pai.
Adriane e Felícia nos cumprimentaram calorosamente, e Giulia, com sua energia contagiante, rapidamente se aproximou de Felícia, como se já fossem velhas amigas.
O Voo
Durante o voo, o clima foi uma mistura de nostalgia e tensão. Minha mãe, que geralmente era falante, estava quieta, olhando pela janela enquanto segurava uma foto antiga de seu avô. Meu pai, por outro lado, tentava manter uma conversa fluida, contando histórias das vezes em que Rafael o tinha ajudado em momentos difíceis.
— Você sabia que ele pescava sozinho até os 80 anos? Mesmo que não precisasse, o povo lá respeitava ele porque sabiam que não precisava ficar só no trono de poder, ele era de fazer também — meu avô comentou, olhando para mim e Enzo.
Eu ri, lembrando-me das histórias.
— E sempre dizia que éramos todos muito mimados para segurar uma vara de pescar, ele sempre falou como era impressionante o quanto puxamos a vó Belinda e quanto era visível nosso caráter.
O riso corta um pouco da tensão, e por alguns minutos, parecia que estávamos em uma viagem comum, como tantas outras.
Enquanto o jato sobrevoava o oceano, olhava para o horizonte, sentindo uma mistura de ansiedade e tristeza. Eu sabia que essa visita seria diferente de todas as outras, mas algo em mim também disse que estava prestes a aprender lições que mudariam minha visão do mundo para sempre.
Quando chegamos no hangar o tio da minha mãe Andreas nos aguardava, ele sempre com sua simpatia forçada, seu sorriso amarelo, ele é o caçula do meu bisavô, mas é quem domina tudo, meu tio Afonso por ter 50 anos já não assumiria nada e minha tia Talita também não por ser mulher e solteira.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Cleise Moura
Esse Andreas não me inspira confiança 😟
2025-03-21
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Fatima Gonçalves
ELE É PERIGOSO E TRAIÇOEIRO
2025-02-17
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