Frederick
Caminho pelos corredores da escola com Pablo ao meu lado, enquanto observo os alunos imersos na agitação da feira de atividades. Algumas alunas passam por nós, sorrindo e nos cumprimentando de forma exagerada, mas eu apenas aceno de volta sem prestar muita atenção. Minha mente está distante, presa em um único pensamento: Anastácia Miller.
Desde aquele dia em minha sala, onde tudo quase saiu do controle, algo dentro de mim mudou. Não trocamos muitas palavras desde então, apenas olhares furtivos, mas isso foi o suficiente para manter minha mente ocupada.
— Olha lá seu arco-íris. — A voz de Pablo corta meus pensamentos, e sigo o olhar dele.
E lá está ela, no corredor mais à frente. Anastácia caminha ao lado do magricela — Vini, se não me engano — e da garota tímida, aquela que vive encolhida pelos cantos. Meu olhar automaticamente se fixa nela, tentando decifrar o que se passa em sua mente.
— Mas o que ela está tramando? — murmuro mais para mim mesmo do que para Pablo.
Ele ri ao meu lado e responde:
— Sei lá, irmão. Deve estar escolhendo alguma atividade como todo mundo.
Mas algo na maneira como Anastácia anda, como ela gesticula animadamente enquanto fala com os dois, me deixa em alerta.
— Não sei, não. — Digo, ainda observando-a. — Quando se trata de Anastácia Miller, você nunca sabe o que esperar. Essa garota está quieta demais. Aí tem coisa.
Pablo balança a cabeça, claramente achando graça da minha preocupação.
— Aí tem coisa mesmo, Fred, mas essa "coisa" é você com as quatro patas do seu lobo arriadas por ela.
Viro o rosto para ele, franzindo o cenho, mas ele continua antes que eu possa responder.
— Até quando vai ficar negando o que sente por essa menina? — Ele para no corredor, cruzando os braços como se estivesse disposto a discutir isso aqui mesmo. — E sabe o que eu acho mais? Que não vai demorar para aquele magricela, como você gosta de chamar, conquistá-la.
O tom provocativo dele me faz apertar os punhos involuntariamente. Mas ele prossegue:
— E então, meu querido diretor, você vai ficar é chupando o dedo.
Reviro os olhos, tentando ignorar o desconforto crescente no meu peito, mas as palavras dele me atingem mais do que deveriam. Olho novamente para Anastácia, agora rindo de algo que Vini disse, e um sentimento que prefiro não nomear começa a crescer dentro de mim.
— Isso não vai acontecer. — Digo, firme, mas baixo.
Pablo arqueia uma sobrancelha, desafiador.
— Não vai? Então talvez seja hora de você fazer alguma coisa antes que seja tarde demais, irmão.
Ele dá um tapa nas minhas costas e segue andando pelo corredor, mas eu fico aqui parado, observando-a por mais um momento. Anastácia Miller. Essa garota está testando os limites do meu autocontrole de formas que nem mesmo ela percebe. E, pelo jeito, eu precisarei agir antes que tudo escape das minhas mãos.
(...)
Assim que vejo Anastácia se afastar com a garota tímida e percebo que o magricela, Vini, caminha em direção ao bebedouro com uma garrafa vazia, tomo minha decisão. Olho ao redor e noto que ninguém está prestando atenção em mim. É o momento perfeito.
Caminho em passos firmes atrás dele, controlando minha respiração e mantendo meu olhar fixo. Ao chegar no bebedouro, observo por um instante enquanto ele enche a garrafa, alheio à minha presença.
Encosto na parede próxima, cruzo os braços, aguardando o momento certo para falar. Quando ele finalmente termina de encher a garrafa e começa a fechar a tampa, aproveito a deixa.
— Ei, garoto? É Vini, não é? — Minha voz soa firme, mas sem elevar o tom.
Ele levanta o olhar, claramente surpreso e um tanto nervoso. Seus olhos arregalados me dizem que minha presença o incomoda.
— Di-diretor? Sim, sou Vinícius, mas pode me chamar de Vini. Deseja algo? — Ele tenta soar educado, mas há uma hesitação na sua voz.
Minha vontade de mandar ele se afastar de Anastácia é quase incontrolável, mas decido me conter, ao menos por enquanto. Desencosto da parede, ajusto a gravata com um movimento brusco e paro diretamente à sua frente, meu olhar fixo no dele.
— O que você tanto conversa com a senhorita Miller, hein? — Minha voz agora carrega uma ameaça implícita, e dou um passo à frente. — Se eu sequer suspeitar, garoto, que você está querendo dar uma de Romeu na minha escola, eu te expulso daqui sem pensar duas vezes. Está me ouvindo?
Por um momento, ele parece pálido, quase intimidado. Mas, para minha surpresa, há uma mudança em sua expressão. Ele aperta os lábios e dá um passo à frente, como se estivesse reunindo coragem para me enfrentar.
— E me diz, diretor Selman, o que a diretoria de ensino iria dizer sobre um diretor que quebra o celular de uma aluna? — Sua voz está baixa, mas firme. — Quem sabe eles fechassem sua escola, não é?
Meus olhos se estreitam, e sinto uma onda de irritação subir. O atrevimento dele me faz apertar os punhos involuntariamente. Dou mais um passo em sua direção, diminuindo ainda mais a distância entre nós, minha altura o eclipsando.
— Isso é uma ameaça, garoto? — Minha voz sai em um tom perigoso, quase um rosnado. — Perdeu a noção de com quem está falando?
Ele engole em seco, mas não recua.
— Além disso, o que aconteceu entre mim e a senhorita Miller não é da sua conta! — Acrescento, inclinando-me levemente para ele. — Não se atreva a atravessar o meu caminho.
Vini me encara por mais um segundo antes de desviar o olhar, visivelmente desconfortável, mas sua postura não relaxa completamente. Ele murmura algo inaudível antes de dar um passo para trás.
Eu o observo por mais um momento, esperando alguma resposta ou provocação final, mas ele apenas se afasta, apertando a garrafa de água com força nas mãos.
— Melhor assim. — Digo baixo, mais para mim mesmo, antes de me virar e seguir meu caminho.
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Alessandra Almeida
Rapaz e o Vini não deixou barato. Pensei que ele colocaria o rabinho entre as pernas e daria o fora, mas não, ele enfrentou o diretor😬😱😅
2025-03-22
2
Joelma Oliveira
wow!! por essa eu não esperava! o pequeno vini botando as unhimhas pra fora!!!!
2025-03-14
3
Jaciara maria de oliveira Lima da silva
acho que Vini é um vampiro
2025-03-14
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